domingo, 29 de abril de 2012

Conab e ADS discutem o setor rural do AM


Na última sexta, na sede da ADS, técnicos da Conab e da Agência discutiram diversos temas ligados ao setor primário regional, entre eles: Ampliação do PAA, PGPMBio e PROVB. Ação do Compra Direta de farinha de mandioca em Envira e Eirunepé, inclusão do pescado no Compra Direta, de produtos não alimentícios no Formação de Estoque, o cacau e pirarucu na PGPMBio, seguro rural e o garantia-safra no Amazonas, entre outros. 

quarta-feira, 18 de abril de 2012

OCB-AM e Conab realizam capacitação

 
O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) é uma das ações do Fome Zero que promove o acesso de alimentos às populações em situação de insegurança alimentar e promove a inclusão social e econômica no campo por meio do fortalecimento da agricultura familiar, além de contribui para a formação de estoques estratégicos e para o abastecimento de mercado institucional de alimentos, que compreende as compras governamentais de gêneros alimentícios para fins diversos, permitindo aos agricultores familiares que estoquem seus produtos para serem comercializados a preços mais justos.

O Sindicato e Organização das Cooperativas do Amazonas (OCB-Sescoop/AM) em parceria com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), realizaram nesta terça-feira (17), uma capacitação para cerca de 20 dirigentes e cooperados das cooperativas do setor da agropecuário do Estado do Amazonas, sobre as ferramentas do PAA, ministrada pelo superintendente da Conab Thomaz Antonio Perez da Silva.

O presidente do Sistema OCB-Sescoop/AM, Petrucio Magalhães Jr. ressaltou na abertura do evento que o momento é de ampliar conhecimentos sobre a operacionalização do PAA. "Essa capacitação foi muito importante para tirar todas as dúvidas dos gestores das cooperativas sobre a aplicação correta dos recursos, visando evitar possíveis apontamentos na prestação de contas das cooperativas que operam o Programa", disse o presidente Petrucio.

De acordo com o superintendente da Conab, Thomaz Perez, a capacitação tem a finalidade de explicar como o programa vem funcionando dentro do Estado. “Nós temos exemplo de cooperativas de sucesso que participam do encontro, além de outras novas cooperativas que estão buscando conhecer como o Programa de Aquisição de Alimentos funciona no Amazonas, pois este é um programa do governo federal que viabiliza a produção da agricultura familiar e ajuda no capital de giro das cooperativas na compra da matéria prima, em seguida com a negociação do mercado, retornando recursos do governo com juros de 3% ao ano”, explicou o superintendente.

O superintendente disse ainda que as metas são de ampliar o PAA no Estado do Amazonas e fazer com que o programa chegue ao produtor mais necessitado. “Um evento como esse tem a possibilidade de esclarecer a operacionalização do programa e passar informações mais precisas que esses produtores desconhecem, com certeza vai nos levar a ampliação da nossa produção no Estado”.

O presidente da Cooperativa Agrofrut de Urucará, Antonio Carlos, que trabalha com cerca de 60 cooperados na produção do guaraná e, hoje, chega a exportar o produto para a França e Itália, disse que o conhecimento é válido, pois além de se atualizar com as informações, ajuda também no intercâmbio com outras cooperativas. “Estamos aqui interessados em aprender e compartilhar nossas experiências e as dificuldades que enfrentamos, pois em cada seguimento encontra-se uma forma de trabalhar e a nossa cooperativa é bastante visada pelos parceiros por fazer um trabalho correto”, frisou Antonio Carlos.

Fonte: OCB-AM

segunda-feira, 16 de abril de 2012

ICMBio, Conab e ASPROJU discutem PAA na RESEX Rio Jutaí

Rachel, Thomaz e Saimon
Hoje, na sede da Conab, tive a satisfação de receber a visita da Rachel Acosta, analista ambiental do ICMBio/NGI Tefé/Resex Rio Jutaí, acompanhada do Francisco Cruz Freitas Nunes, conhecido por Saimon, presidente da ASPROJU, e representante dos moradores da RESEX do Rio Jutaí. No passado, a ASPROJU já participou do PAA negociando o pirarucu de áreas manejadas. Atualmente, e este foi o motivo do encontro, a ASPROJU, com apoio do ICMBio, está pleiteando nova participação no PAA, na modalidade CPR/Doação, para produtos regionais, tais como: farinha, pupunha, açaí, macaxeira, banana, entre outros. A reunião também contou com a presença dos técnicos da Conab, Emanuel e José Roberto. Não tenho dúvida de que a proposta será aprovada e que sua implementação será benéfica para os fornecedores e consumidores. Reconheço o esforço do ICMBio em gerar renda aos moradores das UC's, RESEX e FLONAS. Aliás, tenho muitos colegas da Conab prestando bons serviços ao Instituto Chico Mendes. Podem contar com o meu esforço pessoal e profissional. Nosso público alvo merece essa atenção especial. Senti falta do PAIM, mas tá perdoado, pois é um profissional extremamente dedicado, competente e tem feito de tudo para que a parceria dê bons frutos.

OCB presta homenagem aos ex-presidentes

O reconhecimento aos bons serviços prestados pelos ex-presidentes da OCB/AM fez parte da solenidade de inauguração da nova sede. Valorizo, e muito, atitudes desse nível. Parabéns ao Petrúcio e toda sua equipe. Vamos em frente, o trabalho continua e, juntos, vamos buscar novas conquistas para a agropecuária amazonense.


domingo, 15 de abril de 2012

Veja o sacrifício do agricultor para descarregar a produção em Manaus (video)


* Atendendo pedidos, volto a divulgar o video.
A Associação dos Produtores do Catalão, de Iranduba-AM, participa do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) do Governo Federal, operado pela Conab/AM, com recursos do MDS e MDA. Além do sacrifício que envolve a produção no campo, os agricultores familiares ainda enfrentam inaceitáveis obstáculos no momento de descarregar a produção agrícola no porto da CEASA, em Manaus. A abóbora, feijão de metro e couve foram compradas pela Conab, por meio do PAA/CPR-Doação/MDS, evitando o desperdício no campo, remunerando o produtor rural e levando alimentos para famílias em situação de insegurança alimentar e nutricional. Os alimentos vistos no vídeo foram entregues ao Programa Mesa Brasil/SESC/AM que, imediatamente, repassou para entidades assistenciais cadastradas.

Eu fui acompanhar a ação, podendo constatar, e filmar, as precárias condições para descarregar a produção regional gerando perda de tempo ao produtor e transportador, danos aos alimentos e, com isso, aumentando o desperdício. No local, ou seja, no porto da CEASA, só existe área para o embarque e desembarque de passageiros. E da produção?

No estado das águas, em que o transporte ideal, e mais usado, é o fluvial, não podemos permanecer com esse quadro. É um desestímulo para todos os atores da cadeia produtiva.

A prefeitura de Manaus, ao tomar conhecimento dessa situação, certamente vai adotar procedimentos urgentes para amenizar o sofrimento do produtor rural amazonense.

Observação: Estas imagens referem-se ao final  da operação. Tem outras, e mais interessantes, mas não estou conseguindo inserir no blog. Vou continuar tentanto, em breve disponibilizarei.
Fonte: Video/Thomaz

sábado, 14 de abril de 2012

Sepror, SFA, Idam e Conab discutem o Seguro Rural no AM

Ontem (13), no gabinete do secretário de Produção Rural, Eron Bezerra, técnicos da SFA, Conab, Idam e da Sepror, discutiram a implantação do seguro rural no estado do Amazonas. Entendo que o caminho ainda é longo, mas a iniciativa do Sistema Sepror merece reconhecimento, pois, sem dúvida alguma, é uma ferramenta disponível ao agricultor amazonense que já acessa o financiamento e, também, àqueles que plantam sem recurso público, mas perdem a produção em momentos de cheia e seca dos nossos rios. Além do seguro rural, assuntos como armazenagem (ambiente natural e frigorificado), PAA, PGPMBio e PROVB foram amplamente discutidos. A inclusão de algumas espécies de peixe no CDAF/PAA e produtos não alimentícios no FORMAÇÃO DE ESTOQUE/PAA também fizeram parte da pauta do encontro.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Amazon Sat divulga ações da Conab



Expresso meus agradecimento à equipe da Amazon Sat que viabilizou a divulgação dos programas e ações que a Conab vem executando na região Norte, com maior ênfase no Amazonas. Aos produtores do AMAZÔNIA NEWS e AMAZÔNIA AGORA ratico o agradecimento. Valeu Suellem, Tânia, André e Mayara. Estarei sempre disponível, pois a divulgação possibilitará uma maior inclusão social e econômica do trabalhador rural e das famílias em situação de insegurança alimentar e nutricional.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Presidente da CNA afirma, no Senado, que Brasil tem autoridade moral para discutir questões ambientais

Senadora Kátia Abreu
A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, afirmou nesta quarta-feira (04/04), no plenário do Senado, que o Brasil tem uma das maiores, melhores e mais baratas agriculturas do planeta. “Nós usamos apenas 27,7% do território nacional para produzir comida e preservamos 61% dos nossos biomas”, afirmou, ao lembrar que a Europa preserva apenas 0,2% de suas florestas e que, nos Estados Unidos, a preservação não chega a 26%. Essas características, avaliou, dão ao País a autoridade moral para discutir, em qualquer fórum, as questões ambientais. 
A senadora Kátia Abreu fez um relato de sua participação, na semana passada, na Cúpula de Agricultura Sustentável, promovida pelo jornal Financial Times, em Londres, e lembrou que os produtores brasileiros adotaram tecnologias desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), especialmente aquelas ligadas à agricultura de baixo carbono. “Quase 70% das nossas lavouras são plantadas por meio do plantio direto, técnica que evita a aração da terra, que não fica descoberta de matéria orgânica. A semente é plantada na palha da lavoura colhida no ano anterior. Isso é extraordinário”, afirmou. Essa técnica não pode ser adotada em outros países em função das condições climáticas, explicou.
De acordo com a senadora Kátia Abreu, os produtores brasileiros também têm optado pela integração lavoura-pecuária-floresta. Afirmou, ainda, que o Governo federal tem oferecido crédito aos produtores rurais por meio do Programa de Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que tem juros de 5,5% ao ano e pagamento no longo prazo. Questionou qual país do mundo tem uma legislação tão rigorosa quanto o Brasil. “Nenhum país do mundo tem uma legislação que fala de APP (Área de Preservação Permanente), de preservação de matas ciliares, de preservação das nascentes e das áreas de recargas”, afirmou. 
Essa situação única permitiu ao Brasil apresentar, durante o Fórum Mundial da Água, realizado em março, em Marselha, na França, uma proposta de norma vinculante que obrigue os países a preservarem a qualidade da água. Além da CNA, a Embrapa e a Agência Nacional de Águas (ANA) também apóiam a idéia. Esse tema deverá ser discutido durante a Rio+20, em junho, no Rio de Janeiro. A proposta, segundo a presidente da CNA, é que a Organização das Nações Unidas incorpore esse tema na lista de suas prerrogativas. “Defendemos uma APP global, porque já existe um consenso entre os cientistas do mundo sobre a importância das APPs”, afirmou.
Em seu pronunciamento, a senadora Kátia Abreu lembrou que os rios brasileiros estão intactos, com vegetação, e que os erros serão corrigidos, com a recomposição de áreas. Acrescentou, ainda, que são os produtores brasileiros que arcam com os custos da preservação dessas áreas. “Se a Europa e os Estados Unidos forem obrigados a ter APPs, preservar as margens dos rios e as nascentes, tenho certeza de que haverá remuneração e indenização para os produtores”, afirmou. 
A presidente da CNA também criticou, em seu pronunciamento, a postura das organizações não-governamentais (ONGs). “As ONGs não falam a verdade sobre a situação do Brasil e não querem reconhecer os erros cometidos pela Europa”, afirmou. Contou que, durante o debate organizado pelo jornal Financial Times, representantes de duas ONGs criticaram o texto do Código Florestal brasileiro e argumentaram que a nova legislação ambiental brasileira provocaria aumento do desmatamento. Questionados sobre o “inciso, artigo ou parágrafo” que tratava desse tema, não souberam indicar em qual trecho do novo Código Florestal se encontrava esse assunto. 
  
Assessoria de Comunicação CNA

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Dia 10 de Agosto, data do pagamento da subvenção aos juticultores da atual safra



Hoje, em Manacapuru, o estado (Sepror, Idam, ADS e Afeam) iniciou o pagamento da subvenção aos juticultores da região referente ao que foi produzido no ano passado, ou seja, na safra 2011. A grande boa notícia do evento, que teve o audítório lotado de produtores rurais, foi a confirmação, pelo vice-governador, José Melo e, secretário de Produção, Eron Bezerra, de que a subvenção deste ano será paga no próximo dia 10 de AGOSTO. A tramitação, na ALEAM, de projeto que envolve o uso exclusivo de sacaria de juta/malva no Amazonas também foi divulgada pelo secretário Eron Bezerra.  Na solenidade, os produtores rurais foram representados pela Eliana/Coomapem, que fez um discurso breve, mas com recado claro e objetivo. OCB, FAEA, SFA e CONAB também prestigiaram a ação do Estado.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Ajaratubinha quer ampliar fornecimento ao PAA



Agricultores familiares da comunidade do AJARATUBINHA, em Manacapuru, visitaram a sede da Conab/Amazonas com a intenção de participar do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). O grupo, comandado pelo sr. Antonio, e acompanhado de representante do Sistema FAEA/SENAR, recebeu toda a orientação necessária para acessar o programa, que, na modalidade de CPR-Doação, é operada com recursos do MDS.

Pescadores querem acessar o PAA/Doação e o peixe branco no Compra Direta




Thomaz, Pedro Neto, Paulo Lopes, Estevam Costa e Claudionor Oliveira

A Associação Grupo Solidário de Pescadores Artesanais de Manacapuru (Claudionor Oliveira/Presidente) e a Associação dos Pescadores Artesanais de Manacapuru (Paulo S Lopes/Presidente), em companhia do Pedro Neto e Estevam Costa, estiveram visitando a Conab/Amazonas com a intenção de participar do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Receberam toda a orientação necessária para participar do instrumento denominado de CPR-Doação. Diante do relato apresentado pelos srs. Claudionor e Paulo, cada vez mais fico convencido da extrema necessidade de incluir o pescado popular, também chamado de peixe branco, no instrumento de COMPRA DIRETA do PAA. Em momentos de safra, a indústria de pescado paga preços baixíssimos e, também, ainda continua ocorrendo o inaceitável desperdício. Temos uma população significativa em extrema pobreza que poderia se beneficiar do pescado no Compra Direta, que permite uma ação mais IMEDIATA e DIRETA do pescador artesanal detentor da DAP. Como tenho sempre afirmado, o atual governo é sensível a essas questões e certamente vai ouvir o pleito dos amazonenses.

PRODUTOR RURAL JÁ CONTABILIZA DEZ MILHÕES EM PREJUÍZO COM A CHEIA

De acordo com dados divulgados pela SEPROR e IDAM, as perdas agrícolas em 22 municípios do Amazonas já atingem 4.780 famílias com prejuízos próximos aos dez milhões de reais. Hoje, o número exato é de 9,2 milhões e contempla levantamento em 34 atividades agropecuárias. Entre os produtos regionais com maior índice de perdas, além da fibra (1.7 mil t), estão a mandioca, com 3.454 toneladas; 416 toneladas de maracujá e 606 mil cachos de banana.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

FUNDAÇÃO AMAZONAS SUSTENTÁVEL discute modelo de gestão para Usina de Beneficiamento da Castanha


O Superintendente Geral da FAS, Professor Virgilio Viana, juntamente com a equipe da Fundação Amazonas Sustentável, órgãos parceiros e produtores rurais, discutirá, amanhã, dia 03/04/12, na sede da FAS, a implantação de um modelo eficiente de gestão para a Usina de Beneficiamento de Castanha-do-Brasil do município de Beruri. A Conab, que faz parte do encontro, já apoia os castanheiros da região viabilizando capital de giro para a compra da produção.

GOVERNO DO ESTADO PAGA SUBVENÇÃO AOS JUTICULTORES

Acontece, na quarta-feira (03), às 9h, no município de Manacapuru, a solenidade de pagamento da subvenção estadual aos juticultores referente a safra 2011. Para cada quilo produzido o governo do estado, por meio do Sistema SEPROR, paga R$ 0,20 (vinte centavos). O evento será no auditório do PAC de Manacapuru.

domingo, 1 de abril de 2012

O Brasil das commodities (Revista Época)

O Brasil das commodities
Alberto Carlos Almeida

Dilma acaba de ir à Índia. Nossa presidente governa pouco mais de 190 milhões de habitantes. O governador de Uttar Pradesh, o mais populoso Estado indiano, governa mais gente: 200 milhões. Essa singela comparação nos fornece uma pequena noção de quão pequenos somos diante da população da Ásia. A Índia tem pouco mais de 1,2 bilhão de habitantes. A China tem 100 milhões a mais. O Brasil, se ficasse na Ásia, teria somente 5,4% da população dos dez maiores países daquela região. Somos muito pequenininhos diante daquele mundaréu de gente.

Até há bem pouco tempo, chineses e indianos consumiam pouco. Eles, como nós, vêm melhorando suas condições de vida. Os investimentos em educação podem ser maiores ou menores dependendo do país, mas é fato que todos investem e melhoram o nível de escolaridade de suas populações. Resultado: cresce a produtividade e aumenta a riqueza bruta e per capita. Índia e China vêm gradativamente se urbanizando. A regra geral é que as populações urbanas ocupam empregos melhores e consomem mais que as populações rurais. O crescimento da classe C não é, portanto, um fenômeno exclusivamente brasileiro. É chinês e indiano também.

Melhorar de vida significa, entre outras coisas, deixar de ser submetido à humilhação do transporte público. Por volta dos anos 1930, a classe C emergiu nos Estados Unidos. E o país engarrafou completamente. Foi naquele período que a posse de automóvel atingiu quase toda a população. E foi em resposta a essa experiência traumática que eles construíram, a partir dos anos 1940, sua malha de rodovias e mudaram sua maneira de morar, passando a residir nos subúrbios. No Brasil, somente 40% da população adulta tem automóvel (e já estamos bastante engarrafados). Haverá o dia em que todos, ou praticamente todos, terão. Brasileiros, indianos e chineses querem ter seu carrinho. Isso não é, nem pode ser, um direito exclusivo de uma pequena elite que já o tem.

Toda vez que a classe A não consegue se colocar na posição de quem nada tinha e está entrando agora no mercado consu-midor de massa, ela deixa de entender esse tipo de oportunidade. No Brasil, praticamente a totalidade das pessoas que per-tencem às classes A e B tem automóvel, novo ou usado. Na classe C, somente 25% da população adulta tem carro, uma pro-porção irrisória, perto de 5%, foi capaz de adquirir um carro zero.

Em vez de debater a desindustrialização, deveríamos nos preocupar em vender mais para a Ásia

Quando os indivíduos melhoram de vida, também passam a consumir mais alimentos. No Brasil, há vários depoimentos de famílias que, recém-chegadas à classe C, melhoraram muito de vida durante o governo Lula. O principal símbolo dessa ascensão é uma mudança física na família. Todos deixam de ser magros e alguns se tornam gordinhos. Ilude-se quem acha que o mesmo não ocorre na Ásia. Só que, lá, o volume é imensamente maior do que aqui. Eis aí uma grande oportunidade que se abriu para o Brasil: exportador de alimentos – commodities agrícolas – para os asiáticos.

Um dos grandes debates do momento é a desindustrialização do Brasil e o que o governo deve fazer para detê-la. Podería-mos adicionar a esse debate outra questão: o que o governo poderia fazer para dinamizar ainda mais nossa capacidade de abastecer Índia, China e seus vizinhos de commodities? Desindustrializar resulta em perda de empregos. Exportar mais e mais commodities resulta em criação de empregos.

Os críticos devem esquecer o argumento falacioso de que a indústria gera mais empregos do que os serviços e a agricultura. Há hoje inúmeras fábricas com um número irrisório de operários. A grande maioria já foi substituída há muito tempo por robôs. Lula não teria atualmente o público numeroso que teve em seus comícios na época das greves do ABC paulista. Em compensação, os alimentos que exportamos são produzidos graças a um enorme investimento em pesquisa e desenvolvi-mento tecnológico. Isso acaba por gerar muitos empregos de qualidade em outros segmentos da economia.

Não faz sentido produzir bens manufaturados no Brasil para exportá-los aos mais de 3,5 bilhões de asiáticos. É evidente que, se eles produzirem por lá, terão ganhos de escala que aqui jamais alcançaremos, a não ser que tenhamos a proteção do governo à custa da maioria dos consumidores.

Igualmente importante: para ter indústria exportadora, é preciso ter poupança. Os pobrezinhos da Índia poupam 35% do PIB, enquanto os chineses atingem a espantosa marca de 50% do PIB. Nós, brasileiros, poupamos algo em torno de 17%, muito pouco para viabilizar a existência de uma indústria exportadora pujante.

É compreensível que uma geração formada nos anos 1950 e 1960 esteja ainda apegada à ideia de que o Brasil precisa de uma indústria exportadora para ser uma potência mundial. Essa geração foi testemunha dos anos JK e da implantação da indústria automobilística no Brasil. Viu o período áureo de nossa urbanização e os empregos industriais típicos desse processo. Isso é passado. O futuro é o aumento da demanda por commodities na Ásia. Temos tudo para aproveitar essa oportunidade. Podemos ser o Uttar Pradesh das commodities: um Estado da Índia (na América do Sul) que enriqueça graças a sua capacidade de abaste-cer os mais de 3 bilhões de novos consumidores asiáticos.

Não custa lembrar que teremos todos de lidar com a possibilidade de catástrofes ambientais e ecológicas, resultado do aumento do consumo. Que o Brasil seja o celeiro do mundo é o que todos queremos. Tudo leva a crer que dependemos da preservação da Amazônia para que isso se torne realidade. Há estudos sólidos mostrando que o regime de chuvas que sustenta a agricultura do nosso país em muito depende da umidade gerada pela Amazônia e levada de lá para o Sudeste e o Sul por meio dos “rios voadores”.

A mesma perspectiva racional e ponderada nos conduz ao caminho de nação exportadora de commodities. O Brasil tem a chan-ce de aprender com os erros de outras nações. Montesquieu chamou a atenção, com uma metáfora perfeita, para a diferença entre a civilidade e a selvageria: o não civilizado, quando quer colher um fruto da árvore, a derruba.

ALBERTO CARLOS ALMEIDA é cientista político, autor dos livros A cabeça do brasileiro e O dedo na ferida: menos imposto, mais consumo alberto.almeida@institutoanalise.com.br

A Embrapa perdeu o bonde (O Estado de São Paulo, Celso Ming)

Com toda razão, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) segue sendo festejada por sua participação decisiva no grande salto do agronegócio no Brasil. Mas, nesse ramo, não basta competir. E ficar parado é condenar-se à insignificância.

Há cinco anos, sementes com tecnologia da Embrapa respondiam por 50% da produção de soja do Brasil; hoje, não passam de 10% - estima a consultoria Céleres. Esse encolhimento não se deve apenas à insuficiência de recursos para pesquisa, mas também a graves equívocos estratégicos do passado.

Durante bom tempo, contaminada por preconceitos ideológicos, a administração da Embrapa se recusou a avançar no desenvolvimento de técnicas de modificação genética. Temia pela produção de aberrações vegetais e de prejuízos para a saúde e para o meio ambiente. Bastou isso para que a pesquisa nacional do setor se ananicasse. Abriu-se espaço enorme, hoje dificilmente recuperável, para sementes transgênicas de grandes multinacionais, como Monsanto, Syngenta e Bayer CropScience.

A regulamentação para liberação das culturas transgênicas no Brasil ocorreu em 2005. Desde então, a CTNbio, organismo encarregado de aprovar sementes geneticamente modificadas no País, liberou 32 variedades, duas produzidas pela Embrapa. Nenhuma delas está no mercado.

O encolhimento do orçamento é em grande parte consequência desse desvio original corrigido tarde demais. Empresas privadas destinam US$ 2 bilhões por ano para pesquisas em biotecnologia, a Embrapa conta só com US$ 200 milhões.

Ou seja, a empresa sobrevive estrangulada por insuficiência de recursos. Uma saída seria abrir seu capital, para que reforçasse seu patrimônio sem perder sua condição de empresa pública. Desde 2008, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) tenta aprovar no Congresso o aumento do seu capital nos moldes de Petrobrás e Banco do Brasil, ambas empresas de economia mista e ações negociadas em bolsa. Mas essa resposta enfrenta nova fonte de preconceitos: é percebida por certos meios como privatização disfarçada -- como se a privatização fosse o diabo. Seu presidente, Pedro Arraes, por exemplo, deixou clara há alguns dias sua posição ao Valor Econômico. Quer uma Embrapa puro-sangue, com 100% de capital estatal, e o Legislativo fora dessa discussão.

Se for para esse lado, a Embrapa corre o risco de deixar de ser empresa de ponta e se recolherá a pequenos nichos. Há quem pondere, como Flávio Finardi, presidente da CTNBio, que o foco principal da Embrapa não é lucrar, mas fornecer ao pequeno produtor meios de trabalhar com baixos custos. Mas o próprio Finardi não vê objeção para esse processo ser financiado com capitais obtidos no mercado: "Não teria nada de privatização nisso".

No entanto, fica nítida a necessidade de se rever o papel da Embrapa. Ou muda ou será rebaixada para a terceira divisão. O sócio-diretor da consultoria Céleres, Anderson Galvão, adverte: "Existe uma crise de identidade a ser resolvida, a Embrapa perdeu o bonde". / COLABOROU GUSTAVO SANTOS FERREIRA

Fonte: Site da CNA