Vou fazer uma conta simples: R$ 68 milhões divididos por R$ 15 mil (limite do crédito do "Banco do Povo") chegaríamos a 4.334 beneficiários. Só agricultores familiares no Amazonas temos algo em torno de 275 mil. Se esse crédito do "banco do povo" fosse todo direcionado ao setor primário teríamos menos de 2% atendidos. E tem mais, sem estrutura física da AFEAM em todos os 62 municípios é lógico que não chegará em todo o interior. É só constatar a dramática situação do crédito rural nos municípios para saber que "ações itinerantes" e nem "unidades-polo" historicamente não estão resolvendo os problemas no setor agropecuário do nosso estado. É lógico que essa nova linha de crédito da AFEAM, chamada de "banco do povo", vai beneficiar um certo público, mas nada que possa significar mudanças na economia do interior. A equipe do governador ainda cometeu um grande equívoco ao iniciar por municípios que já contam com o BB, CAIXA e BASA, que é o caso de Manacapuru. Deveriam começar pelos municípios mais distantes e que não contam com apoio de agentes financeiros que operam o PRONAF.
Pra comprovar o que estou afirmando, é só checar o slide apresentado pelo Banco do Brasil/Agência de Manacapuru durante o Seminário da OCB. Só em Manacapuru, a inadimplência do Pronaf, que tem juros menor do que o "banco do povo" é de 42,87%, enquanto a média nacional de 2,18%. A média no Amazonas é de 39,41%. Em vez de criar o "banco do povo", o ideal seria o estado conhecer melhor os instrumentos do PRONAF e ajudar os produtores rurais a acessar o melhor crédito que existe no país onde, infelizmente, ocupamos um dos últimos lugares no acesso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário