terça-feira, 18 de junho de 2013

Jornal do Commercio (Artigo) - "Acesso do AM aos bilhões é de apenas 0,38%"


AGRONEGÓCIOS

Acesso do AM aos bilhões é de apenas 0,38%
 
Pensar que isso é normal, e aceitar pacificamente esse inexpressivo resultado de 2012, é uma inquestionável e triste constatação de que estamos fazendo muito pouco pelos produtores rurais do nosso Amazonas. Saber, também, que o Pará formalizou 28 mil contratos do Pronaf (custeio e investimento), que Rondônia atingiu 23 mil contratos, contra apenas 7 mil do Amazonas é, sem dúvida, uma realidade que incomoda. Em termos de valor, o Pará financiou R$ 824 milhões; Rondônia alcançou R$ 500 milhões, e nosso Amazonas tão somente R$ 76 milhões. No Brasil, foram formalizados 1,8 milhão de contratos do Pronaf, entre custeio e investimento das atividades agrícolas e pecuárias. Em síntese, o acesso do Amazonas é de aproximadamente 0,38%. Isso é normal? Penso que não, e o principal motivo é a falta de agentes operadores do Pronaf no interior, ou seja, a grande ausência do Banco do Brasil e do Banco da Amazônia da expressiva maioria dos municípios amazonenses que impede do recurso financeiro chegar ao bolso do produtor rural. Não tenho dúvida de que esse quadro interfere no alto preço da cesta básica, no esvaziamento da área rural, na concentração de renda e emprego na capital e na soberania alimentar local. Estes dados estão disponíveis no site do ministério do Desenvolvimento Agrário, mais precisamente no “Anuário Estatístico do Crédito Rural – 2012”. Resolvi tocar nesses números na tentativa de provocar debates sobre o tema “Acesso ao crédito rural do Pronaf no AM” uma vez que estamos diante de novos e atrativos bilhões disponibilizados pelo governo federal e historicamente não aproveitados pelo Amazonas na quantidade e qualidade que necessitamos. Dizem que o AM tem mais de 250 mil agricultores familiares, portanto, não é justo e admissível ter somente 7 mil contratos do Pronaf. No último dia (6), a presidenta Dilma anunciou que, a partir da próxima safra, a agricultura familiar vai contar com recursos de R$ 39 bilhões. Paralelamente ao lançamento, a presidenta Dilma Rousseff assinou o Projeto de Lei que cria a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater) que será enviado ao Congresso Nacional. A seguir, algumas novidades do Plano Safra da Agricultura Familiar, chamando atenção especial para o seguro rural e o garantia-safra instrumentos ainda distantes do caboclo.

Novidades do Pronaf

A primeira mudança é na ampliação do limite para o enquadramento no programa. As famílias com renda de até R$ 360 mil no último ano poderão contratar o crédito e, assim, investir na produção. Para o custeio, os limites de financiamento passaram de R$ 80 mil para R$ 100 mil (25% de aumento), com taxas de juros menor que a praticada na safra passada: 3,5%. Vale lembrar que o Plano Safra 2012/2013 negativou os juros, ou seja, todas as taxas estavam abaixo da inflação (4%). Para a linha de investimento, o limite também mudou. A partir de julho deste ano, os agricultores poderão contratar até R$ 150 mil por operação. Para as atividades que necessitam de maior mobilização de recursos, como a suinocultura, a avicultura e a fruticultura, o valor para o investimento mais que duplica: passa a ser de R$ 300 mil. Para os investimentos feitos em grupo, o valor chega a R$ 750 mil.

Garantia de preços

Outra medida importante do governo federal para a agricultura familiar é a garantia de preços. O Programa de Garantia de Preços para a Agricultura Familiar (PGPAF) assegura desconto no pagamento do financiamento às famílias agricultoras que acessam o Pronaf Custeio ou o Pronaf Investimento, em caso de baixa de preços no mercado. Para esta ferramenta estão disponíveis R$ 33 milhões.  Na safra 2013/2014, o Programa poderá garantir um valor maior para determinados produtos definidos pelo governo federal para assegurar maior renda e estímulo à ampliação da produção de produtos estratégicos para o abastecimento do mercado interno. A medida estimula a produção da agricultura familiar, ampliando a oferta de alimentos com estabilidade de preços para o consumidor. O governo federal vai ampliar ainda a proteção de preço de mais de 50 culturas entre elas o arroz longo fino em casca, o cará e o feijão.

Seguros e Garantia-Safra

Além de facilitar o acesso ao crédito, o governo federal também aperfeiçoou as ferramentas que dão segurança aos produtores rurais. Para a próxima safra o Seguro da Agricultura Familiar (Seaf) vai receber R$ 400 milhões. O mecanismo de prevenção é disponibilizado aos agricultores que contratam financiamentos de custeio e investimento agrícola do Pronaf. A adesão é automática e permite a cobertura da parcela do financiamento. Outra ferramenta para a garantia de renda dos agricultores familiares é o Garantia-Safra - ação voltada para a área de atuação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), majoritariamente semiárida. Para a safra 2013/ 2014 o número de cotas para o programa será ampliado para 1,2 milhão de famílias. Em caso de perdas de pelo menos 50% da produção, essas famílias poderão receber o benefício, que nesta safra recebeu o montante de mais de R$ 980 milhões.

 18.06.2013

Thomaz Antonio Perez da Silva Meirelles, servidor público federal, administrador, especialização na gestão da informação ao agronegócio. E-mail: thomaz.meirelles@hotmail.com

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