terça-feira, 5 de novembro de 2013

Artigo JC - "Estatística agropecuária precisa evoluir no Amazonas"

* Artigo publicado no Jornal do Commercio/AM

AGRONEGÓCIOS

Estatística agropecuária precisa evoluir no Amazonas

Quem acompanha o cotidiano das atividades do setor rural sabe exatamente da extrema importância de dados estatísticos confiáveis para o planejamento das ações públicas e privadas. No passado, por mais incrível que possa parecer, o Amazonas já deu mais atenção a essas informações. Tivemos o Centro de Desenvolvimento de Pesquisas e Tecnologia do Estado do Amazonas (CODEAMA), o Departamento Estadual de Estatística e até Anuário Estatístico. Atualmente, se não fosse o esforço dos técnicos do IDAM em levantar e disponibilizar a produção, preço e a produtividade dos produtos regionais o caos era total. IBGE e Conab sabem exatamente o que afirmo, pois dependem quase que exclusivamente dos números do IDAM (único órgão público com presença em todos os 62 municípios do AM) para o desenvolvimento de diversas atividades. O GCEA (Grupo de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias do Amazonas), coordenado pelo IBGE, vem reunindo vários atores tentando equacionar essa lacuna, mas sabemos que não é tarefa das mais simples. Por esse motivo, sempre defendi a criação, pelo estado, de uma agência exclusiva para concentrar toda a estatística agropecuária local.  O professor Rosalvo Machado Bentes, que pertence ao Departamento de Economia da UFAM e já foi técnico do CODEAMA, afirma em seu esclarecedor trabalho titulado “A crise do setor primário amazonense” que a mensuração das variáveis econômicas está sujeita à existência de dados confiáveis e que nos países em desenvolvimento estes dados são de má qualidade ou inexistentes dificultando a avaliação precisa do desempenho da economia. Precisamos seguir os conselhos do professor Rosalvo, exemplo de ser humano e de servidor público. Suas obras e as do meu amigo Eurípedes Lins ocupam posição de destaque no cantinho que uso para estudar, ler e escrever.

Agência e controle de preços nas feiras

Além da criação da “Agência de Estatísticas Agropecuárias do Amazonas” sugiro ao Sistema Sepror e à SDS/ADS, responsáveis pela implementação de importantes feiras de produtos regionais espalhadas em Manaus, que passem a controlar e registrar a quantidade e os preços de comercialização praticados nesses locais. O histórico desses dados certamente contribuiria significativamente para aprimorar programas como o PREME, PAA, PNAE, Compras Institucionais e outros. Toda vez que escrevo sobre a coleta de dados rurais lembro, com tristeza, que nosso estado é um dos únicos do Brasil que não tem mais CEASA. Um absurdo! É de impressionar a falta de regularidade e a vida curta dos programas ligados ao setor do rural do Amazonas. Os “nomes” dos programas mudam, os gestores passam, os problemas persistem e a vida do caboclo do interior fica cada dia mais difícil.

Safra por satélite

Outra posição que tenho defendido é a utilização dos satélites que rastreiam o Amazonas para levantar a safra das fibras de malva e juta. Afinal de contas somos o maior produtor nacional e com a necessidade de ampliar a produção para atender a demanda interna. Com esse propósito, entendo que a Conab que já vem utilizando (desde 2004) recursos tecnológicos de eficiência comprovada, tais como: modelos estatísticos, sensoriamento remoto, posicionamento por satélite (GPS), sistemas de informações geográficas e modelos agrometeorológicos/espectrais, para estimar as áreas de cultivo e prever impactos à produtividade das lavouras. Esse conjunto de tecnologias constitui o método objetivo de previsão de safras, que integra o Projeto Geosafras. A partir de entendimentos iniciados em 2003, formou-se em torno do Geosafras um ambiente de cooperação e de união de esforços entre diversas instituições de ensino e pesquisa e muitas outras entidades de apoio e extensão rural que, em conjunto, tem trabalhado para aprimorar as estimativas de safra brasileiras, tornando inquestionáveis os números do governo. Essa integração possibilitou a aplicação em escalas regional e nacional, daquelas experiências que inicialmente foram testadas em nível de município e de lavouras pontuais. Nesse ambiente complexo, de vocação agrícola variada, penso que o governo estadual, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e outras instituições poderiam buscar medidas mais eficazes para incrementar a potencialidade do sistema de levantamento e acompanhamento de safras em complementação à metodologia tradicional de consulta direta ao setor produtivo (método subjetivo). Não tenho conhecimento detalhado do Projeto Geosafras embora acredite que não deva ser descartada sua utilização na Região Norte.


05.11.2013

Thomaz Antonio Perez da Silva Meirelles, servidor público federal, administrador, especialização na gestão da informação ao agronegócio. E-mail: thomaz.meirelles@hotmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário