AGRONEGÓCIOS
Estatística agropecuária precisa evoluir no
Amazonas
Quem acompanha o cotidiano das atividades do setor
rural sabe exatamente da extrema importância de dados estatísticos confiáveis para
o planejamento das ações públicas e privadas. No passado, por mais incrível que
possa parecer, o Amazonas já deu mais atenção a essas informações. Tivemos o
Centro de Desenvolvimento de Pesquisas e Tecnologia do Estado do Amazonas
(CODEAMA), o Departamento Estadual de Estatística e até Anuário Estatístico. Atualmente,
se não fosse o esforço dos técnicos do IDAM em levantar e disponibilizar a
produção, preço e a produtividade dos produtos regionais o caos era total. IBGE
e Conab sabem exatamente o que afirmo, pois dependem quase que exclusivamente
dos números do IDAM (único órgão público com presença em todos os 62 municípios
do AM) para o desenvolvimento de diversas atividades. O GCEA (Grupo de
Coordenação de Estatísticas Agropecuárias do Amazonas), coordenado pelo IBGE,
vem reunindo vários atores tentando equacionar essa lacuna, mas sabemos que não
é tarefa das mais simples. Por esse motivo, sempre defendi a criação, pelo
estado, de uma agência exclusiva para concentrar toda a estatística
agropecuária local. O professor Rosalvo
Machado Bentes, que pertence ao Departamento de Economia da UFAM e já foi
técnico do CODEAMA, afirma em seu esclarecedor trabalho titulado “A crise do
setor primário amazonense” que a mensuração das variáveis econômicas está
sujeita à existência de dados confiáveis e que nos países em desenvolvimento
estes dados são de má qualidade ou inexistentes dificultando a avaliação
precisa do desempenho da economia. Precisamos seguir os conselhos do professor
Rosalvo, exemplo de ser humano e de servidor público. Suas obras e as do meu
amigo Eurípedes Lins ocupam posição de destaque no cantinho que uso para
estudar, ler e escrever.
Agência e controle de preços nas feiras
Além da criação da “Agência de Estatísticas Agropecuárias
do Amazonas” sugiro ao Sistema Sepror e à SDS/ADS, responsáveis pela implementação
de importantes feiras de produtos regionais espalhadas em Manaus, que passem a
controlar e registrar a quantidade e os preços de comercialização praticados
nesses locais. O histórico desses dados certamente contribuiria
significativamente para aprimorar programas como o PREME, PAA, PNAE, Compras
Institucionais e outros. Toda vez que escrevo sobre a coleta de dados rurais
lembro, com tristeza, que nosso estado é um dos únicos do Brasil que não tem
mais CEASA. Um absurdo! É de impressionar a falta de regularidade e a vida
curta dos programas ligados ao setor do rural do Amazonas. Os “nomes” dos
programas mudam, os gestores passam, os problemas persistem e a vida do caboclo
do interior fica cada dia mais difícil.
Safra por satélite
Outra posição que tenho defendido é a utilização dos
satélites que rastreiam o Amazonas para levantar a safra das fibras de malva e
juta. Afinal de contas somos o maior produtor nacional e com a necessidade de
ampliar a produção para atender a demanda interna. Com esse propósito, entendo
que a Conab que já vem utilizando (desde 2004) recursos tecnológicos de
eficiência comprovada, tais como: modelos estatísticos, sensoriamento remoto,
posicionamento por satélite (GPS), sistemas de informações geográficas e
modelos agrometeorológicos/espectrais, para estimar as áreas de cultivo e
prever impactos à produtividade das lavouras. Esse conjunto de tecnologias
constitui o método objetivo de previsão de safras, que integra o Projeto
Geosafras. A partir de entendimentos iniciados em 2003, formou-se em torno do
Geosafras um ambiente de cooperação e de união de esforços entre diversas
instituições de ensino e pesquisa e muitas outras entidades de apoio e extensão
rural que, em conjunto, tem trabalhado para aprimorar as estimativas de safra
brasileiras, tornando inquestionáveis os números do governo. Essa integração
possibilitou a aplicação em escalas regional e nacional, daquelas experiências
que inicialmente foram testadas em nível de município e de lavouras pontuais. Nesse
ambiente complexo, de vocação agrícola variada, penso que o governo estadual, a
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e outras instituições poderiam
buscar medidas mais eficazes para incrementar a potencialidade do sistema de
levantamento e acompanhamento de safras em complementação à metodologia
tradicional de consulta direta ao setor produtivo (método subjetivo). Não tenho
conhecimento detalhado do Projeto Geosafras embora acredite que não deva ser
descartada sua utilização na Região Norte.
05.11.2013
Thomaz Antonio Perez da Silva Meirelles,
servidor público federal, administrador, especialização na gestão da informação
ao agronegócio. E-mail: thomaz.meirelles@hotmail.com
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