sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Conab estima safra de grãos 2013/2014 em 196,6 milhões de toneladas

           
 
Jean Pimentel
Foto: Jean Pimentel / Agencia RBS
Produção de soja deve ficar entre 87,9 milhões e 90,2 milhões de toneladas
A produção nacional de grãos na safra 2013/2014 está estimada entre 192,424 milhões e 196,65 milhões de toneladas, o que representa uma variação de 3% a 5,3% acima da safra 2012/2013, quando foram colhidas 186,8 milhões de toneladas. Os números são do segundo levantamento realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta sexta, dia 8, em Brasília (DF).

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A segunda pesquisa mostra que a soja é o produto de maior destaque em crescimento de produção e área, graças aos bons preços do grão no mercado. A produção da oleaginosa deve ficar entre 87,9 milhões e 90,2 milhões de toneladas e a área, entre 28,8 milhões e 29,5 milhões de hectares.

Nas últimas temporadas, a soja tem sido beneficiada por preços remuneradores no momento da comercialização. Na região Centro-Oeste, principal produtora da oleaginosa, as chuvas escassas e mal distribuídas, especialmente em Mato Grosso e Goiás, provocaram um certo atraso no plantio.

Os técnicos alertam que a maior preocupação, no momento em que se inicia o ciclo de produção, "está ligada às ameaças fitossanitárias, que ocorrem em praticamente todas as áreas produtoras e a certeza da intensificação no uso de produtos químicos e da consequente ampliação dos custos de produção". Em Mato Grosso, a escassez e a baixa qualidade das sementes precoces vêm marcando esse início de plantio.

Apesar dos problemas, a Conab ressalta que os atrasos observados no plantio "não trazem nenhuma preocupação, em função dos fortes investimentos realizados nos últimos anos, tanto no que se refere a máquinas, quanto em tecnologias de manejo".

Segundo a Conab, a área com feijão 1ª safra também deve aumentar, saindo de 1,13 milhão de hectares no estudo anterior para 1,17 milhão e 1,21 milhão de hectares, com um incremento que varia de 3,9% a 8%.

Outro destaque é a área plantada de algodão, que deve apresentar um incremento porcentual de 16,5% a 22%, além do trigo, que tem uma elevação de 15,1%.

A área total destinada ao plantio da safra deve passar dos 53,3 milhões de hectares, podendo alcançar 55,5 milhões de hectares, o que representa uma variação entre 2% a 4,2% em relação à área plantada em 2012/2013, que foi de 53,27 milhões de hectares. A pesquisa foi feita no período de 28 de outubro a 1º de novembro, nas principais regiões produtoras de grãos do país.

Soja avança sobre áreas de milho no plantio de verão


O milho de verão, semeado no segundo semestre, nesta safra 2013/14 terá a menor área da série histórica dos levantamentos da Conab. Os dados da Conab mostram que a área de milho de verão deve ficar em torno de 6,49 milhões hectares, com uma perda de 325 mil hectares (-4,8%) em relação aos 6,82 milhões de hectares cultivados na safra passada. Em contrapartida, o plantio da soja deve aumentar em 1,40 milhão de hectares (+5,1%).

As estimativas mostram a consolidação da tendência de expansão do cultivo do milho de segunda safra, semeado entre janeiro e março. A colheita de milho safrinha aumentou sua participação na produção total de milho de 25% para 58% nos últimos 10 anos. O diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Sílvio Porto, lembrou que a concentração da produção de milho na segunda safra é preocupante, por causa vulnerabilidade da cultura às adversidades climáticas, como estiagem no Centro-Oeste e excesso de chuvas no Sul.

A maior redução de área de milho de verão deve ocorrer no Paraná. A projeção é perda de 175,7 mil hectares (para 702,5 mil hectares), onde a soja deve avançar 166,3 mil hectares (para 4,919 milhões de hectares) e o feijão 20 mil hectares (para 230,2 mil hectares). O segundo recuo mais expressivo é previsto para Goiás, com redução de 91,6 mil hectares no milho de verão (para 315,6 mil hectares), enquanto a soja deve ganhar mais 166,3 mil hectares (para 4,919 milhões de hectares). Para Minas Gerais é esperada uma retração de 63,2 mil hectares no plantio de milho de verão (para 1,086 milhão de hectares), enquanto o plantio da soja deve crescer 72,9 mil hectares (para 1,194 milhão de hectares).

Em relação ao milho de segunda safra, como ainda faltam dois meses para o início do plantio, a Conab mantém as projeções do ano passado. Sílvio Porto afirmou que o governo está preocupado com os comentários sobre a possibilidade de parte da área de milho em Mato Grosso ser substituída pelo cultivo de uma segunda safra de soja. Ele alerta para o risco da incidência de pragas e doenças, como a lagarta Helicoverpa armigera e a ferrugem, as principais ameaças às lavouras.

– É tema sério e caro, que não pode ficar sujeito à decisão de mercado e da iniciativa privada – diz o diretor da Conab, que aponta como alternativas de controle a antecipação do vazio da soja ou mesmo proibição do plantio sucessivo da soja.

Na avaliação de Sílvio Porto, mesmo com a uma possível redução na produção de milho de segunda safra em Mato Grosso, por causa da queda de preços e perspectiva de baixa remuneração, não existe risco de desabastecimento no próximo ano. Mato Grosso neste ano colheu uma safra recorde de 20 milhões de toneladas de milho, que corresponde a 25% da produção nacional. Porto observa que o governo tem um estoque de passagem expressivo, estimado em 13,69 milhões de toneladas.

– As mudanças virão em 2015 e não no próximo ano – prevê o diretor.

As projeções da Conab de exportação de 21 milhões de toneladas de milho neste ano e 18 milhões de toneladas em 2014 ainda não levam em conta o possível aumento das exportações para a China, cujo governo assinou um acordo para liberar as compras do cereal brasileiro. Sílvio Porto diz que as projeções consideram os contratos fechados neste ano. Em relação à China, ele informa que é preciso relativizar porque, embora estejam crescendo, as importações chinesas de 3 milhões de toneladas de milho ainda não são expressivas em relação ao mercado mundial. Porto explica que os chineses sinalizam com a possível compra de 10 milhões de toneladas na perspectiva de uma década. 

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