AGRONEGÓCIOS
Em 1988, Professor Rosalvo já dizia.
Na penúltima reunião do CEDRS (Conselho Estadual de
Desenvolvimento Rural Sustentável) voltei a sugerir a criação, pelo governo
estadual, de uma entidade que cuide exclusivamente dos dados estatísticos que
envolvam as atividades ligadas ao setor agropecuário local. Ao ler o trabalho
do professor Rosalvo Machado Bentes, escrito em 1988, fiquei ainda mais
convencido da necessidade da implementação da proposta apresentada ao conselho.
No trabalho titulado “A crise do setor
primário amazonense: 25 anos de decadência econômica, desemprego na agricultura
e redistribuição da população” Rosalvo já dizia que a mensuração das
variáveis econômicas e demográficas está sujeita à existência de dados
confiáveis. E que nos países em desenvolvimento estes dados são de má qualidade
ou inexistentes, o que dificulta, sobremaneira, uma avaliação precisa do
desempenho da economia e do comportamento da população, e que estas
dificuldades decorrem da inexistência de coleta sistemática de dados e da
precariedade dos levantamentos censitários.
Grupo de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias
(GCEA)
A partir de 2012, por iniciativa do IBGE, CEPLAC e
outros órgãos, o GCEA voltou a ter reuniões sistemáticas. Recentemente, no
auditório da Conab, participei de um desses encontros e fiquei bastante
esperançoso com o propósito desse grupo e com os números que foram
apresentados. Nesse mesmo dia, perguntei
ao representante da secretaria de fazenda sobre a possibilidade em
disponibilizar os quantitativos de arroz, milho e feijão que entraram no
Amazonas nos últimos anos. Houve uma sinalização positiva, principalmente agora
que temos a implantação da nota fiscal eletrônica. Contudo, até agora não tive
acesso a tal informação, mas certamente ainda virá. De posse do quantitativo
importado para o consumo local, os atores do setor primário do Amazonas
poderiam adotar uma estratégia visando a produção desses alimentos nas várzeas
e terras firmes a fim de que possamos dar passos mais seguros em direção à
soberania e segurança alimentar e nutricional do povo que aqui vive. Reconheço
que o IDAM tem alguns dados consolidados, aliás, é quem mais tem. Sei que o IBGE,
CONAB e outras entidades também
colaboram nesse aspecto, mas a
“informação” não pode ser tratada dessa forma, solta, dispersa e não tão
abrangente.
Deficiência nos dados econômicos
Voltando ao trabalho do professor Rosalvo Bentes,
ele afirmava, 25 anos atrás, que os dados econômicos da produção apresentam
algumas deficiências, que podem dificultar a tarefa do pesquisador. No caso
específico do Amazonas, os dados da produção estão tratados para alguns anos e
expressos nos Anuários Estatísticos do Estado do Amazonas editados de 1966 a
1970 pelo Departamento Estadual de Estatística e a partir de 1975 pelo CODEAMA.
Para os outros anos não se dispõe de dados publicados, embora para alguns anos
e para alguns produtos específicos, seja possível encontrar registros
organizados nos cadernos manuscritos do Departamento Estadual de Estatísticas. Concordo
com o professor Rosalvo Machado Bentes sobre a importância de dados
estatísticos confiáveis para um melhor planejamento das políticas públicas.
Pegando carona em seu belo trabalho, que tinha como objetivo contribuir para a
interiorização da população e crescimento econômico do interior do Amazonas,
aproveito este momento para atender a secretaria executiva do CEDRS que, em
complemento ao pleito que apresentei durante reunião do conselho, me pediu que
apresentasse uma sugestão de nome para a entidade estadual que teria como
função levantar e tabular informações ligadas ao setor rural do Amazonas. O
nome sugerido seria “Departamento Estadual de Estatística” ou “Agência Estadual
de Estatística”. Fica a ideia que, se
for implementada, traria uma grande e estratégica fundamentação aos novos
projetos e programas dos governos municipal, estadual e federal. Hoje, com a
ausência de dados, e os existentes sem tanta consistência, a chance de
continuarmos errando no que queremos e desejamos para o futuro é muito grande.
Obrigado meu amigo, vizinho e competente professor Rosalvo Machado Bentes.
Tenha a certeza que todo seu esforço acadêmico registrado em seus trabalhos são
fontes ricas e permanentes de consulta.
Professor e Aluno
Aluno aplicado do professor Rosalvo, meu primo, Wallace Meirelles Pinheiro, lança, no próximo dia 25 de maio, através da VALER editora, o livro “Políticas públicas e sustentabilidade da Amazônia”. É seu segundo trabalho, o primeiro foi o livro “Políticas Públicas: O planejamento municipal como base para o desenvolvimento sustentável da Amazônia”. Meus agradecimentos e parabenizações ao professor e ao aluno pela riqueza de conteúdo que estão disponibilizando.
21.05.2013
Thomaz Antonio Perez da Silva Meirelles,
servidor público federal, administrador, especialização na gestão da informação
ao agronegócio. E-mail: thomaz.meirelles@hotmail.com
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