quarta-feira, 22 de maio de 2013

Jornal do Commercio (Artigo - Em 1988, Professor Rosalvo já dizia)


 
 
AGRONEGÓCIOS

Em 1988, Professor Rosalvo já dizia.

Na penúltima reunião do CEDRS (Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável) voltei a sugerir a criação, pelo governo estadual, de uma entidade que cuide exclusivamente dos dados estatísticos que envolvam as atividades ligadas ao setor agropecuário local. Ao ler o trabalho do professor Rosalvo Machado Bentes, escrito em 1988, fiquei ainda mais convencido da necessidade da implementação da proposta apresentada ao conselho. No trabalho titulado “A crise do setor primário amazonense: 25 anos de decadência econômica, desemprego na agricultura e redistribuição da população” Rosalvo já dizia que a mensuração das variáveis econômicas e demográficas está sujeita à existência de dados confiáveis. E que nos países em desenvolvimento estes dados são de má qualidade ou inexistentes, o que dificulta, sobremaneira, uma avaliação precisa do desempenho da economia e do comportamento da população, e que estas dificuldades decorrem da inexistência de coleta sistemática de dados e da precariedade dos levantamentos censitários.

Grupo de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias (GCEA)

A partir de 2012, por iniciativa do IBGE, CEPLAC e outros órgãos, o GCEA voltou a ter reuniões sistemáticas. Recentemente, no auditório da Conab, participei de um desses encontros e fiquei bastante esperançoso com o propósito desse grupo e com os números que foram apresentados.  Nesse mesmo dia, perguntei ao representante da secretaria de fazenda sobre a possibilidade em disponibilizar os quantitativos de arroz, milho e feijão que entraram no Amazonas nos últimos anos. Houve uma sinalização positiva, principalmente agora que temos a implantação da nota fiscal eletrônica. Contudo, até agora não tive acesso a tal informação, mas certamente ainda virá. De posse do quantitativo importado para o consumo local, os atores do setor primário do Amazonas poderiam adotar uma estratégia visando a produção desses alimentos nas várzeas e terras firmes a fim de que possamos dar passos mais seguros em direção à soberania e segurança alimentar e nutricional do povo que aqui vive. Reconheço que o IDAM tem alguns dados consolidados, aliás, é quem mais tem. Sei que o IBGE, CONAB  e outras entidades também colaboram  nesse aspecto, mas a “informação” não pode ser tratada dessa forma, solta, dispersa e não tão abrangente.

Deficiência nos dados econômicos

Voltando ao trabalho do professor Rosalvo Bentes, ele afirmava, 25 anos atrás, que os dados econômicos da produção apresentam algumas deficiências, que podem dificultar a tarefa do pesquisador. No caso específico do Amazonas, os dados da produção estão tratados para alguns anos e expressos nos Anuários Estatísticos do Estado do Amazonas editados de 1966 a 1970 pelo Departamento Estadual de Estatística e a partir de 1975 pelo CODEAMA. Para os outros anos não se dispõe de dados publicados, embora para alguns anos e para alguns produtos específicos, seja possível encontrar registros organizados nos cadernos manuscritos do Departamento Estadual de Estatísticas. Concordo com o professor Rosalvo Machado Bentes sobre a importância de dados estatísticos confiáveis para um melhor planejamento das políticas públicas. Pegando carona em seu belo trabalho, que tinha como objetivo contribuir para a interiorização da população e crescimento econômico do interior do Amazonas, aproveito este momento para atender a secretaria executiva do CEDRS que, em complemento ao pleito que apresentei durante reunião do conselho, me pediu que apresentasse uma sugestão de nome para a entidade estadual que teria como função levantar e tabular informações ligadas ao setor rural do Amazonas. O nome sugerido seria “Departamento Estadual de Estatística” ou “Agência Estadual de Estatística”.  Fica a ideia que, se for implementada, traria uma grande e estratégica fundamentação aos novos projetos e programas dos governos municipal, estadual e federal. Hoje, com a ausência de dados, e os existentes sem tanta consistência, a chance de continuarmos errando no que queremos e desejamos para o futuro é muito grande. Obrigado meu amigo, vizinho e competente professor Rosalvo Machado Bentes. Tenha a certeza que todo seu esforço acadêmico registrado em seus trabalhos são fontes ricas e permanentes de consulta.

Professor e Aluno

Aluno aplicado do professor Rosalvo, meu primo, Wallace Meirelles Pinheiro, lança, no próximo dia 25 de maio, através da VALER editora, o livro “Políticas públicas e sustentabilidade da Amazônia”. É seu segundo trabalho, o primeiro foi o livro “Políticas Públicas: O planejamento municipal como base para o desenvolvimento sustentável da Amazônia”. Meus agradecimentos e parabenizações ao professor e ao aluno pela riqueza de conteúdo que estão disponibilizando.

21.05.2013

Thomaz Antonio Perez da Silva Meirelles, servidor público federal, administrador, especialização na gestão da informação ao agronegócio. E-mail: thomaz.meirelles@hotmail.com

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