AGRONEGÓCIOS
Chegou a vez do CACAU
O analista de mercado da
Conab/Matriz (Brasília), meu colega Bruno Pereira Nogueira, divulgou trabalho
fazendo comentários fundamentados e interessantes sobre a atual conjuntura de
mercado que envolve o cacau. A última frase dita pelo analista merece reflexão do
setor primário do Amazonas a fim de que não venhamos, novamente, desperdiçar
oportunidades de levar dias melhores ao caboclo do interior. Diz o Bruno
Nogueira: “...Coincidência
ou não, a eminência da possível entrada do cacau na Política de Preços Mínimos
da Conab vem acompanhado de uma reação nos preços nos principais mercados. Na
Bahia, o cacau já está sendo negociado bem próximo dos R$ 5,00 o quilo da
amêndoa. No Pará, apesar do preço de junho do cacau cultivado não ter sofrido alterações,
há uma tendência de melhora nos preços no próximo mês...”. No Amazonas, o
gerente da Ceplac, Valdenor Cardoso, afirmou no último encontro do CEDRS que,
em Urucurituba, a amêndoa foi negociada ao preço de R$ 2,80 kg, ou seja, bem
abaixo do que deverá ser o preço mínimo. Vamos aguardar o anúncio oficial do
Governo Federal que certamente continuará tendo sensibilidade com a população
extrativista, por meio da PGPMBio, que atualmente já ampara produtos como o
açaí, borracha, castanha e piaçava. Segundo especulações, o preço do cacau
nativo deverá ser de R$ 5,46 kg. Defendo, também, que o governador Omar Aziz
inclua o cacau na lista de produtos regionais que recebem o subsídio estadual.
Hoje, o estado já concede subsídios aos produtores de fibras e aos
seringueiros. Sei que a piaçava deve estar entrando, mas o cacau não pode e não
deve ficar fora, pois entendo que é o produto com maior potencial para crescer
a economia do interior com maior rapidez. Nesse aspecto, a Ceplac é parceira estratégica
e indispensável. Destaco, a seguir, trechos do relatório do analista de mercado
da Conab onde faz comentários sobre os mercados internacional e nacional do
produto.
MERCADO INTERNACIONAL
Como já é sabido, os mercados de cacau são movidos
por ações de forte cunho especulativo, motivo que confere às cotações um
elevado grau de volatilidade e vulnerabilidade. A tendência altista verificada
logo no início do mês junho se deu por meio de um surto de compras de fundos
especulativos, aliada a uma queda do dólar. Mesmo com a apresentação de um
quadro fundamental baixista, com a melhora na avaliação da safra na Costa do
Marfin, avanços nas cotações não cessaram, chegando a ficar acima dos US$ 2.350
por tonelada. Em meados do mês de junho, o avanço no preço da amêndoa de cacau
já não conseguia mais se sustentar. Notícias como a melhora no clima em Gana e
Camarões, países com produção significativa, e vendas especulativas e
comerciais, deram início a uma gradativa queda nas cotações. A indústria entrou
comprando no momento de preços mais baixos, porém não foi suficiente para
cortar a queda, que chegou a ficar abaixo dos US$ 2.200 a tonelada. Tudo indica
que a tendência de queda pode ter chegado à exaustão e que alguns avanços
poderão vir a ocorrer no próximo mês. Como foi dito, o mercado parece, cada vez
mais, oscilar entre faixas mais estreitas, que vão de US$ 2.150 a US$ 2.350. As
previsões de produção e moagem mundiais da Organização Internacional do Cacau
(ICCO) foram revisadas para baixo. A produção deve ficar um pouco abaixo das
moagens, gerando um déficit de cerca de 60 mil toneladas.
MERCADO NACIONAL
A safra brasileira como um todo é calculada
comumente de maio a abril. As entradas de cacau de todas as regiões começaram muito
aquém dos outros anos neste início de safra temporã, a estiagem ocorrida na
Bahia no final do ano passado e início deste, além de alguns ataques de
vassoura-de-bruxa, impactaram em queda na produtividade. No mês de junho, as
entradas aumentaram gradativamente no decorrer do mês, mas apresentou queda no
final do período. Motivos como o aumento das chuvas, que atrapalharam o
transporte das regiões mais distantes, e a diminuição dos dias de trabalho
pelas festas de São João são apontados como possíveis causas. Quanto ao Pará,
pode haver uma melhora acima da previsão de 500.000 sacas (60kg), porém, a
mesma pequena evolução não se repete a Rondônia e Espírito Santo. Os preços
continuaram progrediram neste mês de junho no Estado da Bahia, a média ficou em
R$ 4,83 Kg da amêndoa (cerca de R$ 72,45 por arroba), valor 4,3% maior que no
mês imediatamente anterior. Em relação aos últimos 12 meses, a média de junho
está 10% acima. A relação entre os preços do produtor e as cotações da Bolsa de
Nova Iorque está mostrando sinais claros de recuperação. No Pará, em
Medicilândia, segundo dados do SIAGRO (Conab), o preço permaneceu praticamente
estável em R$ 3,70 o quilo da amêndoa. Em Ariquemes, Rondônia, o preço segue
estável a R$ 3,80/Kg da amêndoa. No Espírito Santo, o preço médio da saca de 60
kg ficou em R$ 287,50 (R$ 4,79/Kg).
23.07.2013
Thomaz Antonio Perez da Silva Meirelles,
servidor público federal, administrador, especialização na gestão da informação
ao agronegócio. E-mail: thomaz.meirelles@hotmail.com
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