quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Opinião de LELAND ultrapassa 100 acessos

Manifestação de Leland, técnico do IBAMA,
atualmente prestando bons serviços
ao governo estadual, já teve mais de
100 acessos neste BLOG
 

"Não é verdade que inexistam pesquisas científicas que evidenciem o estágio de sobrepesca dos jaraquis, pode não haver um volume robusto de estudos, como também não existem para a quase totalidade de nossas 2.500 espécies ícticas conhecidas. No Brasil, a regra é deixar exaurir para depois descobrir as razões da exaustão. Na indicação que o Conepa enviou à SDS, demonstrando a necessidade de inserir o jaraqui na lista de proteção à migração reprodutiva, citou três renomados pesquisadores: Ribeiro(1983), Batista(1999) e Freitas(2007). Esses estudos fazem referências à sobrexploração de nosso “jaraca”. A SEPA, em 2011-2012, fez anotações estatísticas sobre o volume e a biometria dos jaraquis desembarcados em Manaus, que recebe cerca de 24.000 ton da espécie, registrou medidas médias de 17cm de tamanho. Citando novamente Ribeiro (1983) e Vazzoler et al. (1989), as fêmeas do jaraqui escama-grossa, inicia sua maturação sexual aos 26,4cm e o jaraqui escama-fina, aos 24,8cm. É bom lembrar que existe uma norma, quase nunca respeitada, que estabelece 22cm de tamanho mínimo para a captura. Os jaraquis, segundo Vazzoler et al. (1989), desovam entre novembro e março, com pico entre novembro e janeiro. A proposta do CONEPA se refere à proibição entre dezembro e fevereiro. É difícil entender que uma espécie da importância dos jaraquis esteja a mais de um século em regime de livre acesso. Há 24 anos, o jaraqui está fora da lista de proteção da reprodução, contrariando a regra natural de que toda espécie deve ser protegida durante a reprodução, “seja ela da água, da terra ou do ar”. Entendemos que os pescadores, como extrativistas, sejam eminentemente imediatista, acreditam que o milagre da reprodução dos peixes voltará a se repetir, ignorando o panorama mundial, onde vários bens naturais já se extinguiram. Acredito que no fundo, eles sabem que se não forem adotadas medidas conservativas, o jaraqui não vai desaparecer, mas vai ficar difícil de ser visto. O que aconteceu no auditório da SUFRAMA, durante a 39ª reunião extraordinária do CEMAAM, na tarde de ontem (06/11/14), é que alguns armadores de pesca e poucos pescadores, foram especialmente recrutados para fazer palanque e claque a lideranças de legitimidade questionáveis, que aos berros, intimidaram o CEMAAM, levando-o a concordar com o que pretendiam. Lembro que entre as incoerências anotadas, devo destacar a fala do presidente da Colônia Z12-Manaus, que se referiu a uma produção em 2011, na ordem de 9 milhões de kg, um recuo em 2012 para 4 milhões e um aumento em 2013 para 5 milhões, isso na tentativa de demonstrar que os jaraquis vão muito bem, obrigado. Na nossa conta, faltam 4 milhões de kg para que, pelo menos, retorne ao patamar de 2011Não considero o resultado da reunião de ontem como uma derrota ambiental, prefiro vê-lo como uma vitória parcial. Acho que não poderá haver mais recuo quanto à proteção reprodutiva do jaraqui para 2015-2016 e o surubim e caparari, pela primeira vez, tem proteção para reproduzir. Vale dizer que os armadores e pescadores presentes na reunião ignoraram que iriam receber seguro defeso pelo tempo que estivessem paralisados. Como diz Geraldo Bernardino: “não existe desemprego parcial”. A questão toda é que para os pescadores receber o seguro defeso e continuar pescando, é um procedimento absolutamente natural. Por questão de justiça, queremos falar sobre o papel do secretário executivo adjunto de pesca e aquicultura do Estado na situação. O Dr. Geraldo atuou como mediador na reunião que decidiu pela indicação da proibição do jaraqui, seu papel foi de magistrado. Na reunião do CEMAAM, não teve direito a voto e o que fez, foi discorrer tecnicamente sobre o assunto. Os pescadores presentes na reunião escolheram o secretário como o protagonista da proposta do CONEPA, a decisão foi colegiada e o presidente do CONEPA simplesmente obedeceu a decisão da maioria. A história do Dr. Geraldo demonstra que não existe ninguém que tenha tanto respeito pela classe de pescadores, até com aqueles que não merecem. José Leland Juvêncio Barroso-Conselheiro do CONEPA"

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