Os agricultores da Rede Tucumã do Rio Negro participaram da Semana de Ciência e Tecnologia do Instituto Nacional de Pesquisas na Amazônia (INPA), que seguiu o tema “Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social”. O evento expôs resultados de iniciativas bem sucedidas na iteração da produção científica com a agricultura familiar, com ênfase em sistemas agroecológicos e produção rural orgânica.
Na terça-feira, 14, a Feira de Produtos Orgânicos aconteceu no Bosque da Ciência, no Inpa, e contou com a participação de agricultores da Rede Tucumã e de algumas áreas rurais de Manaus, como Ramais do Brasileirinho e Pau Rosa, além de produtores dos municípios de Careiro da Várzea, Iranduba, Rio Preto da Eva e Manacapuru. Foram comercializados hortaliças, frutos, raízes, pirarucu, farinha de mandioca, tapioca, balas e geléias, além de lanches e sucos saudáveis.
Na manhã de quarta-feira, 15, comunitários de diversas áreas do entorno de Manaus, técnicos e pesquisadores visitaram a Estação Experimental de Hortaliças, trocando experiências e saberes sobre sistemas de irrigação, pisiculcutura, criação de abelhas e agroecologia. Na Estação o pesquisador Hiroshi Noda, doutor em Genética e Melhoramento de Plantas, contou um pouco de seu trabalho, que utiliza estratégias de melhoramento genético e conservação de espécies hortícolas cultivadas na Amazônia. A pesquisa é desenvolvida agregando conhecimentos científicos e tradicionais.
A visita técnica percorreu as áreas de cultivo destas espécies tão ricas porém ainda pouco conhecidas dos consumidores, como ariá, taioba, feijão macu, cubiu, sapota, mapati. O agricultor José Aldari Coelho Filho, o “Coloral”, destacou a troca de sementes como uma grande contribuição do encontro. “Estou levando feijão macu para plantar na minha comunidade, com a intenção de produzir para minha família e vender o excedente”.
O ciclo de atividades teve como foco o debate em torno do reposicionamento das políticas agrícolas, ambientais e sociais, seguindo as diretrizes apontadas pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), que estabeleceu o ano de 2014 como Ano Internacional da Agricultura Familiar (AIAF). A mesa redonda “Diálogo de Saberes: Ciência e Sociedade com pesquisadores e produtores rurais” teve como finalidade promover a interação entre ciência, sociedade e poder público para discutir ações que estruturem e otimizem a agricultura orgânica no Estado e reuniu representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e da Secretaria Municipal de Feiras, Mercados, Produção e Abastecimento (Sempab), Nilson Santos. O presidente da Associação dos Produtores Orgânicos no Estado do Amazonas (Apoam), Raimundo Moura, apresentou o histórico, atividades e desafios da associação e da produção orgânica, e Márcio Menezes, coordenador da Rede Maniva de Agroecologia informou sobre a Rede e criação da primeira certificadora participativa no Estado.
No dia 16, agricultores da Rede Tucumã participaram da Oficina de Segurança Alimentar e Manipulação de Frutos. A oficina aconteceu no Laboratório de Nutrição do Inpa, e teve como objetivo repassar conhecimentos básicos de sanitização, que é a higienização e limpeza de frutos e hortaliças, a fim de que os produtores possam multiplicá-los no campo.
Além da técnica de sanitização de alimentos, os produtores aprendem a fazer o branqueamento e a desidratação de frutos, como banana, tomate, carambola, mamão e cubiu. “Nossa intenção é chamar a atenção dos produtores para que eles possam explorar tudo do fruto, sem descartar a parte nutricional”, ressaltou Helenkássya Araújo mestranda de Agricultura do Trópico Úmido do Inpa, uma das instrutoras da oficina.
Os produtores também aprenderam como aproveitar as sementes do cubiu, que estão envoltas numa bolsa chamada placenta. Elas podem ser utilizadas para fazer suco, néctar e molhos. “O cubiu é como se fosse ouro em Manaus, porque esse fruto tem um grande potencial para comercialização de produtos doces e salgados, além de compotas”, explicou Milena Guerreiro, também mestranda e instrutora.
Para o agricultor Francisco Chagas, mais conhecido como “Ceará”, o mais gratificante de participar da Semana de Ciência e Tecnologia, no auditório do Inpa, foi ser bem recebido e valorizado por todos os participantes. “Pata todos nós foi muito importante ser tratado com tanto carinho e atenção. Nós aprendemos e também ensinamos um pouco do que sabemos”.
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