sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Sinal de alerta aceso no setor pecuário do Estado


Após sofrerem com a cheia dos rios, produtores do interior do Amazonas, em particular os criadores de gado, começam a ser afetados com as queimadas e o clima seco típico desta época do ano. De acordo com o presidente do Sindicato Rural do Sul do Amazonas, Carlos Roberto Koch, devido à estiagem em algumas áreas, pecuaristas de Apuí (a 453 quilômetros de Manaus) estão tomando medidas preventivas para evitar prejuízos com a criação dos animais. “O calor está muito forte e tem afetado o pasto dos bovinos. Os produtores estão reduzindo o número de cabeças de gado de 120 para 80 animais por hectare. Ainda não temos perdas, que vão começar a aparecer no início de outubro”, explicou o produtor. O presidente da Câmara Municipal de Apuí, Marcos Lise, afirmou que o clima seco e quente registrados no município já começa a causar estiagem em algumas áreas na cidade.
“O calor está exagerado. Há muita poeira na cidade. Quem sofre mais é a pecuária, pois a pastagem fica seca e o gado emagrece”, salientou.

Segundo o gerente do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam) em Humaitá, Carlos Antônio Pantoja, o clima está “seco demais” na região que, além da pecuária, sobrevive da produção de frutas, farinha e hortaliças. “Já há focos de incêndios em áreas rurais”, destacou.

Segundo o boletim de ocorrências elaborado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), Apuí e Humaitá registraram aumento nos focos de queimada e calor na segunda semana de agosto em relação ao último mês de julho.

Em Apuí, foram registrados 51 focos contra 38 da primeira semana do mês, enquanto que em Humaitá, foram 49 ocorrências, 11 a mais que a registrada na semana anterior.

Perdas de R$ 130 mil

O alerta com a seca acontece após o Estado do Amazonas sofrer com a cheia recorde de 2012, que causou prejuízos de R$ 130 milhões para a produção rural do Amazonas, conforme dados do presidente do Idam, Edmar Vizzoli.

Segundo ele 14 mil produtores foram prejudicados pelas enchentes em todo o Estado. Edmar Vizzoli salientou que, no ano passado, os prejuízos com o clima seco não foram grandes. “ Registramos perdas de 3 mil hectares de pasto em municípios no entorno de Manaus e de 20 hectares de café em Apuí. Se a seca for muito forte este ano, afetará a pastagem da pecuária”, frisou.

O secretário de Estado da Produção Rural, Eron Bezerra, enfatizou que o governo tomou medidas para ajudar tantos os produtores atingidos pelas enchentes deste ano como aqueles afetados pela seca de anos anteriores. “A ajuda do governo depende do volume do problema”, salientou.

Pecuaristas fazem estoque de alimentos

Alertados pelos especialistas de que este ano haverá uma grande estiagem após o fim do período de chuvas, os pecuaristas da região estão ampliando o estoque de alimentos usados na criação do gado.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (FAEA), Muni Lourenço, afirmou que os produtores se mobilizaram para viabilizar a maior quantidade possível de suplementos alimentares para os animais.

“ Conseguimos dobrar a oferta de casca de soja, que é usada na alimentação das vacas leiteiras”, salientou.

Segundo ele, a seca prevista para este ano preocupa por causa da possibilidade dos insumos nacionais ficarem mais caros diante de um cenário de quebra de safra de produtos como o milho e soja no mercado externo, em países como Estados Unidos e Argentina.

“ A estiagem vai aumentar o custo de produção. Já sentimos esta realidade com a subida dos preços do farelo de soja e do farelo de trigo, que aumentaram quase 50%”, destacou Muni Lourenço.

Recursos

Para amenizar as perdas com os efeitos das cheias e da seca, o setor agropecuário conseguiu, no final de julho, recursos de R$ 100 MILHÕES, POR MEIO DO Programa de Custeio Emergencial Pecuário, da Agência de Fomento do Estado do Amazonas (AFEAM).

Além desse montante, o Banco da Amâzonia disponibilizou R$ 350 milhôes do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO) para socorrer os produtores dos Estados atingidos pelas enchentes em 2012. “A meta do Banco da Amazônia é aplicar R$ 200 milhões no Amazonas”, revelou o presidente da FAEA, Muni Lourenço.





Fonte: Jornal do Comércio (24 de agosto). Repórter: Anwar Assi.

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