sábado, 14 de setembro de 2013

Artigo JC - Reflexões sobre a cadeia de fibras no AM (2 Parte)


AGRONEGÓCIOS

Reflexões sobre a cadeia de fibras no AM (2 Parte)

 Conforme prometido no artigo da semana passada, voltamos, hoje, a fazer reflexões sobre a cadeia de fibras (malva e juta) no Amazonas. A safra 2014 já está chegando e algo precisa ser estruturado para que o ocorrido em 2013 jamais volte a acontecer. No último dia 3 de setembro, o site da CNA divulgou a notícia de que o “Governo habilita BNDES a financiar construção de armazéns privados”. A iniciativa visa estimular a ampliação de unidades armazenadoras privada para amenizar esse gargalo nacional. Certamente essa linha de crédito não despertará interesse privado no Amazonas em razão da nossa insignificante produção de arroz, milho, soja e feijão. Quem vai investir no ramo de armazenagem no Amazonas sabendo que o estado não pensa em produzir alimentos básicos? No passado, entendo que o governo federal fez sua parte construindo armazéns em Itacoatiara, Parintins, Urucará, Manacapuru, Lábrea, Humaitá, Benjamin Constant, Coari, Apuí, Manaus, Careiro Castanho e Manicoré. Cada um desses armazéns, além da estrutura de beneficiamento, contava com capacidade de 1.600 toneladas para estocagem. Entretanto, o governo estadual não fez sua parte. Não priorizou o setor agropecuário local (só tem olhos para o PIM/ZFM), e a rede de armazéns foi desativada. Lutamos muito para que isso não acontecesse, mas sem o respaldo político e o desinteresse pelo setor perdemos mais de 16 mil toneladas em capacidade estática. O governo do estado precisa parar de unicamente ser veloz na mudança dos nomes dos programas voltados para a área rural (Terceiro Ciclo, Zona Franca Verde e Amazonas rural) e adotar atitudes que demonstrem efetivamente o interesse e o compromisso com o setor. Os atuais bons programas não atingem 10% dos agricultores do estado, ou seja, privilegiam apenas os mais próximos da capital e do poder. Se, de fato, a cadeia da malva é prioridade para o governo, e deve ser, qual a razão do estado não investir na construção de um armazém público em Manacapuru e Itacoatiara? Como já disse, no passado o governo federal fez sua parte, e não fará novos investimentos no interior. Chegou a hora do estado dá sinais evidentes de interesse pela atividade que envolve milhares de famílias, por ser o maior produtor nacional e de ter realizada a primeira PPP (Parceria Pública Privada). Se esses armazéns (logicamente que certificados junto ao MAPA) forem utilizados para operar a AGF/PGPM ou PROVB (fibras ou milho) seriam remunerados pelo governo federal. Ainda na questão armazenagem espero, sinceramente, que a Amazonjuta (Grupo Cidade) e a Brasjuta (Grupo Guerreiro) adotem procedimentos visando certificar suas unidades armazenadoras junto ao ministério da Agricultura. A informação que tenho é a de que estão trabalhando nesse sentido uma vez que a exigência da certificação volta em fevereiro do próximo ano. Com relação ao armazém de lona, mais uma sugestão apresentada, é bom lembrar que seu uso é temporário e necessita de remoção para um armazém certificado, portanto, não será alternativa diante da ausência de armazéns certificados ou públicos. Até porque outra estrutura “temporária” no interior poderia ser utilizada caso existissem os tais armazéns definitivos.
Formação de Estoque é a melhor saída
No âmbito do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o governo federal criou o instrumento denominado de “Formação de Estoque pela Agricultura Familiar” justamente para implementar essa ferramenta em regiões ainda sem as estruturas exigidas pelo ministério da Agricultura para operar a PGPM. O próprio nome do instrumento já diz que a estocagem é “pela agricultura familiar”, e não pelo governo/Conab. É um ótimo instrumento que já vem sendo operado no Amazonas com recursos do MDA, mas que só contempla produtos alimentícios. Nos últimos dez anos, venho defendendo que esse instrumento possa apoiar produtos não alimentícios, tais como a malva, juta, borracha, piaçava, entre outros. Entretanto, justamente por falta de apoio político local ainda não tivemos sucesso na reivindicação. Desde o último evento ocorrido em Manaus, o Comitê Nacional de Fibras já sabe desse pleito, e certamente será um grande aliado nessa conquista, que não será só do Amazonas, mas do Brasil. Essa ferramenta de apoio à comercialização não só resolve a questão da armazenagem como viabiliza capital de giro para os grupos formais.
PEPRO, mais uma alternativa.
É uma subvenção econômica (prêmio) concedida ao produtor rural e/ou sua cooperativa que se disponha a vender seu produto pela diferença entre o Valor de Referência estabelecido pelo Governo Federal e o valor do Prêmio Equalizador arrematado em leilão, obedecida a legislação do ICMS vigente em cada Estado da Federação. É aplicado quando o preço de mercado estiver abaixo do Valor de Referência. Ainda não tenho conhecimento suficiente para saber se a aplicação dessa ferramenta poderá ser uma saída para os juticultores e seus grupos formais, mas defendo que o assunto seja aprofundado em parceria com todos os atores da cadeia produtiva. A operação é feita pela Conab, somente após o aval do ministério da Agricultura.
 
09.2013
Thomaz Antonio Perez da Silva Meirelles, servidor público federal, administrador, especialização na gestão da informação ao agronegócio. E-mail: thomaz.meirelles@hotmail.com
 

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