quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Artigo publicado no JC - "Conquista dos pescadores artesanais do AM"

O PAA (Compra Direta do Pescado) é para esse público. Para
vender a produção, até o limite de R$ 4,5 mil, é preciso
apresentar o RGP e a DAP.



AGRONEGÓCIOS

Conquista dos pescadores artesanais do AM

Entendo que é inquestionável o potencial sustentável da pesca artesanal no interior do estado; o desperdício anual de proteína animal de excelente qualidade; os preços baixos pagos aos pescadores na safra; e a ausência de estrutura para beneficiamento e estocagem de pescado no Amazonas. Ainda temos vários entraves que impedem o crescimento qualiquantitativo dessa importante cadeia produtiva, entretanto, e contando com a sensibilidade dos governos Lula/Dilma com a classe dos pescadores artesanais amazonenses,  o Diário Oficial da União, do último dia 25 de outubro, traz a publicação da Resolução n. 51 que possibilita, no âmbito do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), a compra direta de peixes populares inicialmente em dez municípios, mas que deve ser estendida para todos os outros em 2013 e, também, quem sabe, para toda a Região Norte. Até então, esse importante instrumento de apoio à comercialização só contemplava a compra de arroz, feijão, milho, farinha, ou seja, o nosso peixe não fazia parte dessa lista. Penso ser um grande avanço, mas que fique bem claro que somente o pescador artesanal que apresentar o Registro Geral de Pesca (RGP) e a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) poderá vender a produção para o Governo Federal até o limite de R$ 4,5 mil. Os médios e grandes pescadores do Amazonas não poderão utilizar essa ferramenta para negociar a produção, pois ela é exclusiva do pequeno pescador. Para a classe que não está contemplada (médios e grandes pescadores) o caminho é continuar reivindicando a inclusão do pescado na PGPM tradicional. A responsabilidade pela operação de compra direta é da Conab seguindo as orientações e utilizando recursos oriundos do MDS. A ação faz parte do programa de combate à extrema pobreza da presidenta Dilma.

Indústria paga R$ 0,50 kg

A conquista é recente, mas a luta para a inclusão do peixe popular no Compra Direta do PAA é antiga. No início deste ano, em Manacapuru, em plena safra de jaraqui, tive acesso a uma nota de compra que registrava o preço pago pela indústria na ordem de R$ 0,50 kg. Um absurdo, inaceitável! Para evitar a exploração desse pescador nos momentos de pique de safra o preço fixado e aprovado pelo Governo Federal é de R$ 1,50 kg. O peixe adquirido será imediamente doado, preferencialmente na mesma localidade, às famílias em situação de insegurança alimentar e nutricional. Antes da publicação, e em conjunto com o MDS e MPA, houve um amplo debate no auditório da Conab/AM que contou com a significativa participação dos principais atores do setor pesqueiro (Sepror, Idam, Faea, Fettagri, Sindpesca, Fepesca, Codesav, Mopam, Fafeam, Sepa, ADS, Associações, Colônias, SFA, SMPA, CONSEA, entre outros importantes  parceiros).

 
Confirmação da notícia no site MDS

Para diminuir os prejuízos que acontecem em períodos de alta oferta de pescado, com a consequente desvalorização do produto, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) vai comprar a produção de pescadores artesanais extremamente pobres do Amazonas. O pescado in natura será destinado a entidades socioassistenciais. Essa é a primeira vez que a compra será feita pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), na modalidade Compra Direta. A ação, chamada de Operação Especial de Pescado, foi autorizada pela Resolução nº 51, publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira (25). As compras já podem começar e a decisão vale até 31 de março de 2013. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) será responsável pela aquisição junto aos pescadores, assim como a distribuição para as instituições da região, nos seguintes municípios: Benjamin Constant, Itacoatiara, Iranduba, Lábrea, Manacapuru, Manaquiri, Tefé, Parintins, Urucurituba e Urucará. O preço a ser pago pelo pescado in natura, oriundo da pesca artesanal, será de R$ 1,50/kg.

Entre as espécies que poderão ser comercializadas, estão aracu, branquinha, cubio, curimatã, jaraqui, mapará, pacu e sardinha. Outras espécies consideradas como peixe popular ou miúdo, desde que pescados de forma artesanal e obedecidas as normas que regem a permissão de captura, especialmente quanto ao tamanho mínimo de cada espécie, também podem ser compradas.

 

Aguardando chegada de nova safra

A maior força da safra já passou (setembro e outubro), contudo, segundo especialistas ainda teremos em novembro um novo momento de oferta de peixes populares inclusive de espécies que não estão no defeso. Dessa forma, a Conab aguarda a demanda com maior foco nos municípios de Iranduba (que já houve reunião envolvendo estado e município), Manacapuru e Itacoatiara.  Entendo que Governo Federal (MDS/CONAB) fez sua parte, o que agradeço, mas espero, sinceramente, que os pescadores artesanais e suas respectivas entidades saibam aproveitar a ferramenta de apoio à comercialização utilizando de forma correta gerando renda e alimentos saudáveis. Dedico este artigo a todos que contribuíram para essa importante conquista ao pescador artesanal do Amazonas. Nosso saudoso Eurípedes Lins diria: “É por aí o caminho”

  

06.11.12

Thomaz Antonio Perez da Silva Meirelles, servidor público federal, administrador, especialização na gestão da informação ao agronegócio. E-mail: thomaz.meirelles@hotmail.com

 

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