“Não haverá desenvolvimento sustentável no mundo
enquanto milhões de pessoas passarem fome”, destacou hoje o Diretor Geral da
FAO, José Graziano da Silva, referindo-se ao tema central que analisam os
presidentes y chefes de Estado de toda a Região e da União Europeia reunidos na
Conferência CELAC-UE, na cidade de Santiago, no Chile.
“Os países aqui
reunidos têm a oportunidade de manifestarem claramente seu apoio a esta mensagem
e de proporem juntos caminhos em direção a um futuro sustentável, ambiental,
social e economicamente mais justo, que é o que todos nós queremos”, acrescentou
o Diretor da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura
(FAO).
Cerca de 60 países da América Latina e Caribe e da Europa
participam da Conferência CELAC-UE, que acontece de 26 a 28 de janeiro. Este
importante encontro visa avançar no aprofundamento das relações entre os países
e na construção de uma aliança estratégica para o desenvolvimento
sustentável.
A segurança alimentar é um tema prioritário na agenda
oficial da CELAC, e nos últimos anos tem sido preocupação constante na agenda
regional e mundial. Neste sentido, Graziano relembrou a declaração que os
presidentes do MERCOSUL fizeram, em dezembro de 2012, apoiando expressamente o
Desafio de Fome Zero das Nações Unidas, lançado pelo Secretário Geral da ONU,
Ban Ki-Moon, durante a Conferência Rio+ 20, e que reconhece a segurança
alimentar como um direito humano que deve ser garantido a todos e
todas.
“A pobreza e a fome que sofrem um país afetam a seus vizinhos, já
que impede o desenvolvimento da Região como um todo. É um desafio que transpassa
as fronteiras e deve ser enfrentado no seu mais alto nível, como o que está
sendo durante a CELAC”, ressaltou Graziano. “A América Latina e o Caribe
entenderam isso, sendo a primeira Região a assumir o desafio de erradicar a
fome, não somente diminuí-la, ao lançar a Iniciativa América Latina e Caribe sem
Fome em 2025”, destacou.
Graziano da Silva ressaltou a grande
quantidade de iniciativas que surgiram na Região como o Fome Zero no Brasil e a
Cruzada contra a Fome no México, lançada esta semana, e que atenderá a mais de
7,4 milhões de mexicanos que sofrem de pobreza extrema e insegurança alimentar.
“Quando um país decide dizer ´não´ a fome, os avanços que se podem alcançar são
surpreendentes”, apontou o Diretor Geral da FAO.
Graziano também
destacou a entrada de Antigua e Barbuda no Desafio Fome Zero das Nações Unidas.
O Fome Zero em Antigua e Barbuda já conta com o apoio total da FAO, além das
outras agências como o PMA, Banco Mundial, IICA, CEPAL, OPS/OMS, UNICEF, além da
Comunidade do Caribe (CARICOM).
América Latina na vanguarda da luta
contra a foma
A Região da América Latina e Caribe se converteu em uma
referencia mundial na luta contra a fome. Cabe destacar que nos últimos 20 anos,
16 milhões de pessoas deixaram de sofrer com a fome. Em 1990-1992 a fome
afetava 14,6% da população, ou seja, 65 milhões de pessoas. Já no período
2010-2012, este mal afetou somente 8,3%, ou seja, 49 milhões de pessoas. Neste
último período mencionado (2010-2012), somam-se os significativos avanços de
legislações. Atualmente, sete países da Região já contam com leis de segurança
alimentar ou soberania alimentar, enquanto outros 10 estão legislando sobre esta
matéria.
A fome na Região é essencialmente um problema de acesso aos
alimentos e não de disponibilidade. Segundo Graziano, “América Latina e Caribe,
com uma população de 600 milhões de pessoas, produz alimentos suficientes para
abastecer a 750 milhões de pessoas. Com certeza, 49 milhões delas passam fome”,
disse.
A Iniciativa América Latina e Caribe sem Fome 2025 tem dado forte
apoio a este processo promovendo a luta contra a fome e promoção do direito à
alimentação por meio de ações como a Frente Parlamentar contra a Fome, que já
existe em mais de 14 países.
Luta contra o desperdício de
alimentos
“Um mundo sustentável não somente requer que a produção seja
sustentável, mas que o consumo também o seja”, afirmou o Diretor Geral. Graziano
da Silva explicou que em todo o mundo se desperdiça um terço do total de
alimentos produzidos. Ele destacou que se o desperdício fosse evitado “seria
possível alimentar a todos os famintos e que ainda sobrariam
alimentos”.
Na América Latina e Caribe, as perdas e o desperdício de
alimentos no âmbito da produção para o varejo alcançam os 200 kg per capita por
ano. No âmbito do consumidor, são desperdiçados 25 kg per capita por ano. Em
cereais, se perdem 30% do que é produzido, 40% das raízes e tubérculos, 55% das
frutas e verduras, 20% dos produtos à base de carne e quase 30% dos pescados e
mariscos e, mais de 20% dos produtos lácteos. |
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