segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Maior bacia leiteira do Estado corre risco com demarcação de terra

Foto por: Priscilla Torres/Coopcom

Manoel Maia, presidente da Cooplam na Vila do Novo Céu
 Passados dois anos da primeira audiência pública em torno da demarcação de terras indígenas envolvendo parte dos municípios de Autazes e Careiro da Várzea, os trabalhadores cooperados da maior bacia leiteira do Estado, na região conhecida como Autaz-Mirim, estão receosos em manter os altos investimentos na área.
Com uma produção pujante de 9,5 milhões de litros de leite por ano, eles preveem um colapso econômico e social caso as demarcações sejam, de fato, homologadas pela Fundação Nacional do Índio (Funai).
A lista de áreas em questão é extensa: Murutinga, Ponciano e Sissaína, que além de Autazes, abrangem também uma parte do Careiro da Várzea. Demarcadas, as reservas irão abranger áreas do Autaz-Mirim, compreendendo o rio Mutuca, Sissaíma, Patauá, Vila do Novo Céu, lago de Murutinga, parte do lago do Mastro, lago do Iauaçu, Paraná do Cuia e ramal do Novo Céu.

O Presidente da Federação da Agricultura do Estado do Amazonas (Faea), Muni Lourenço, afirmou que tanto a área de produção de laticínios quanto as propriedades rurais dos cooperados, em torno de 400, estão sob litígio. “A intenção da Funai é nefasta. Atingirá importantes investimentos da Cooplam, de cerca de R$ 2 milhões por ano e toda economia local, movimentada pela produção leiteira há um século”, salientou Lourenço.

Ele informou, ainda, que a Cooplam tem mobilizado os cooperados desde 2010, quando tomou a iniciativa de promover junto com a Câmara Municipal de Autazes, uma audiência pública para que os cooperados e a população como um todo, pudesse ser ouvida pela Funai. Na ocasião, aproximadamente 800 pessoas se manifestaram contrárias à demarcação das terras.

Lourenço explicou que, logo após a publicação de cinco portarias da Funai, dando conta da delimitação de terras indígenas na área, a representação da cooperativa apresentou contestações, avalizadas pelo Sistema OCB-Sescoop-Am, Federação dos Trabalhadores na Agricultura – Fetagri e Faea. “A Funai está agindo equivocadamente, criando reservas, sem levar em consideração a opinião do governo do Amazonas, da Prefeitura e da Câmara Municipal de Autazes, além das entidades de classe e os representantes da sociedade. Vimos um flagrante confronto com dispositivos da Constituição e de decisões do Supremo Tribunal Federal, frisou.

O presidente da Cooplam (Cooperativa dos Produtores de Leite da Região de Autaz-Mirim), Manoel Maia, declarou que não existe qualquer conflito com os indígenas que habitam naquela região, segundo ele o que há é um amontoado de mentiras e interesses isolados, liderados por pessoas que estão apenas visando benefícios pessoais e não o interesse da população e de mais de 1.500 produtores, que vivem em perfeita harmonia com os indígenas, e que juntos produzem mais de 21 mil litros de leite por dia, além de uma variedade de produtos que abastecem o mercado local, de Manaus e outros municípios.

Manoel Maia acrescentou que não é contra a demarcação das terras, o que os moradores não concordam é com a expansão da área, causando um prejuízo inestimável para toda a população daquela região.

“Vivemos em paz com todos os indígenas, até porque, eles também trabalham em parcerias com os produtores para conseguir sustentar suas famílias e lhes dar melhores condições de vida” declarou Maia.

Para o presidente do Sistema OCB/Sescoop-AM, Petrucio Magalhães Junior, as portarias da Funai são um retrocesso à política de desenvolvimento sustentável do Estado, tendo em vista os investimentos públicos em infraestrutura e tecnologia para a produção limpa que foram feitos na cooperativa e para os pecuaristas cooperados. "Os cidadãos amazonenses que mais preservam o meio ambiente, também necessitam de direitos para produzir e sustentar suas famílias", ressaltou o presidente.



O levantamento que aponta a suposta necessidade de se demarcar as terras foi feito com base em estudos antropológicos, realizados por profissionais contratados pela Funai.

A assessoria de comunicação do Sistema OCB/Sescoop-AM entrou em contato com a representação da Funai local e eles informaram que sobre esse assunto só quem pode se manifestar é a presidência da Funai em Brasília.

Fonte: Sistema OCB/Sescoop-AM

Texto: Carla Santos/Coopcom – Cooperativa de Comunicação do Amazonas

Nenhum comentário:

Postar um comentário