Gesso
agrícola associado ao calcário e produtividade de sementes secas de guaraná
Lucio Pereira Santos
Pesquisador da Embrapa Amazônia
Ocidental
Apesar
de a maioria das espécies cultivadas apresentar melhor desempenho de produção
na faixa de pH 5,5 a 6,5, para a cultura do guaraná, até o presente, não há
resultados de pesquisa conclusivos sobre a calagem. Por sua vez, com relação à
prática da gessagem desta cultura, os estudos que vêm sendo conduzidos pela
Embrapa Amazônia Ocidental são pioneiros. Com o objetivo de avaliar os efeitos
do “calcário + gesso” sobre a produtividade de sementes secas de guaraná conduziu-se
um experimento com quatro doses de gesso, associadas a calcário para elevar a
saturação de bases para V = 50%, cuja mistura foi aplicada na superfície do
solo e sem incorporação, de dois modos (a lanço e localizado).
O
trabalho foi conduzido na Agropecuária Jayoro Ltda, no município de Presidente
Figueiredo (AM), em um Latossolo Amarelo Distrófico. Os principais dados
climatológicos do local são: precipitação média anual de 2.500 mm e temperatura
média anual de 25 oC. A cultivar avaliada foi a BRS Maués, com 6,5 anos
de campo, plantada no espaçamento 4m x 4m (625 plantas/ha).
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No
modo de aplicação a lanço, considerou-se como faixa de aplicação uma
área/planta de 12 m2 e os tratamentos foram: gesso (0,0; 0,375; 0,750; 1,125;
e, 1,500 t/ha) + calcário (1,673 t/ha, o equivalente a V = 50% calculada para
esta mesma área). As doses dos tratamentos foram definidas com base na área
efetivamente aplicada, neste caso de 12 m2 por 625 plantas.
Para
a aplicação localizada, a área/planta foi de 4 m2 e os tratamentos
foram: gesso (0,0; 0,125; 0,250; 0,375; e, 0,500 t/ha) + calcário (0,558 t/ha,
o equivalente a V = 50%, calculada para esta mesma área). O plantio,
estabelecimento da lavoura e os tratos culturais foram realizados de acordo com
o recomendado pela Embrapa, Pereira (2005). A produtividade de sementes secas
foi avaliada utilizando-se como fator de conversão frutos/sementes o índice de
rendimento médio de 12,71%, o que equivale a dizer que, do total em peso dos
frutos colhidos, 12,71% se converteram em sementes secas.
Resultados e Discussão
Houve
efeito significativo para produtividade de sementes secas (p < 0,01), quando
a mistura “gesso + calcário” foi aplicada a lanço. A dose estimada de 0,666
t/ha de gesso, associada à dose de 1,673 t/ha de calcário, proporcionaram
produtividade máxima estimada de 777,05 kg/ha de sementes secas, o que
representa um aumento de 21% em relação ao tratamento “sem gesso e sem
calcário” (615,21 kg/ha de sementes), e um acréscimo de 28% quando comparado
com o tratamento “sem gesso e com calcário para V = 50%” (558,21 kg/ha de
sementes), mostrando que o calcário sozinho não promoveu aumento de
produtividade, ao contrário, mostrou tendência de diminuí-la. Cravo et al.
(1996) trabalhando com calcário em guaranazeiro, verificaram que alguns
genótipos tiveram aumento de produtividade, outros mantiveram-se estáveis, ao
passo que alguns materiais apresentaram produção próxima de zero.
Para
o modo de aplicação localizado do “gesso + calcário”, também houve efeito
significativo da produtividade de sementes secas (p < 0,01). Nota-se que a
dose estimada de 0,310 t/ha de gesso, associada a dose de calcário necessária
para promover uma saturação de bases de V = 50% (0,558 t/ha – considerando 625
plantas e área/planta de 4 m2), proporcionou produtividade máxima
estimada de 909,78 kg/ha de sementes secas, o que representa um aumento de 18%
em relação ao tratamento “sem gesso e sem calcário” (746,72 kg/ha de sementes),
e um acréscimo de 56% quando comparado com o tratamento “sem gesso e com
calcário para V = 50%” (400,76 kg/ha de sementes). Com base nestes resultados
podemos afirmar que a aplicação do “calcário + gesso” do modo localizado é mais
eficiente do que do modo a lanço, por ter proporcionado uma elevação da
produtividade de 17,08% a mais (132,73 kg), com a aplicação de uma dose de
gesso 53,45% menor (0,310 t/ha contra 0,666 t/ha).
Conclusões
O
calcário sozinho, aplicado a lanço ou localizado, não aumenta a produção de
sementes secas de guaranazeiro, apresentando tendência de diminuí-la. A
aplicação do “calcário + gesso” do modo localizado é mais eficiente do que do
modo a lanço. Nas condições avaliadas, a dose de gesso por planta que
proporciona a produção máxima estimada de sementes é de cerca de 500 gramas,
associada ao calcário para V = 50%, aplicadas de modo
localizado.
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