Thais Leitão
Repórter da Agência
Brasil
Brasília - O Decreto 7.794 que institui a Política de Agroecologia e Produção
Orgânica, publicado ontem (20) no Diário Oficial da União, aponta para
um futuro de valorização da atividade, mas ainda é insuficiente para a
implantação de um projeto agroecológico efetivo no país. A avaliação é da
secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Confederação Nacional dos
Trabalhadores na Agricultura (Contag), Carmen Foro.
Ela participou hoje (21) de um debate sobre agroecologia durante o Encontro
Unitário dos Trabalhadores, Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das
Florestas. O evento ocorre até amanhã (22), em Brasília.
“Ainda estamos analisando [o documento], mas achamos que o governo tinha que
ter incorporado um conjunto de proposições que fizemos. O decreto tem princípios
que saíram da agenda que formulamos, mas ainda deixou de fora elementos
fundamentais para a execução prática da agroecologia e não dá conta dos desafios
que temos. Não é possível, por exemplo, haver agroecologia sem reforma agrária
ou sem investimentos e isso não está de forma clara no decreto”, disse.
O documento define como diretrizes da política, entre outros elementos, a
promoção do uso sustentável dos recursos naturais, a valorização da
agrobiodiversidade e dos produtos da sociobiodiversidade, o estímulo às
experiências locais de uso e conservação dos recursos genéticos vegetais e
animais, e a ampliação da participação da juventude rural na produção orgânica e
de base agroecológica.
Outro fator considerado primordial pela representante da Contag, para a
implantação de um projeto agroecológico no país, é o de combater as
desigualdades de gênero no campo. Segundo Carmen Foro, essas desigualdades são
“evidentes”, embora não sejam traduzidas em números.
“Temos poucos números que retratem essas desigualdades, mas a prática
demonstra que isso existe de forma muito perversa. Não teremos um projeto
agroecológico se não enfrentarmos a divisão sexual do trabalho e a violência
contra as mulheres no campo, por exemplo. Não adianta cuidar para que as
formigas não morram se mulheres são espancadas”, destacou.
Edição: Aécio Amado
Nenhum comentário:
Postar um comentário