* Documento recebido do amigo Estevam, ex-superintendente do MPA/AM.
O lema TODOS POR UM E UM POR TODOS, está sendo colocado à prova no pessoal do Serviço de Extensão Rural oficial. Tem a ver com as conseqüências do processo de extinção da CEMEA - Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Servidores da EMATER Amazonas. Criada em 9 de setembro de 1988, a Assembléia Geral Extraordinária de Extinção foi em 31 de março de 1997. Não resistiu à decisão do governo do estado de extinguir a empresa-mãe, bloqueando o acesso ao código de descontos dos empregados. Nada havia de anormal. Em seus 8 anos e 6 meses de funcionamento, atendeu plenamente os objetivos, tanto que devolveu, conforme determina a legislação, as cotas partes integralizadas.
Aconteceu em época em que cooperativas de crédito eram criadas com apoio do extinto BNCC – Banco Nacional de Crédito Cooperativo. Não obstante, o Banco não dispunha de estrutura de apoio a capacitação gerencial e assistencial contábil, como existe atualmente nos Sistemas Nacionais de Cooperativas de Crédito, representados pelo BANCOOB e SICRED.
Em momentos como este vale dizer o quê? O leite já foi derramado. O prejuízo está à vista. A conta tem prazo determinado para ser paga. Colegas que dedicaram seu tempo, energia e atenção para servir aos outros, sem nenhuma contrapartida financeira, estão tendo que se preparar para uma situação absolutamente inesperada e, até certo ponto, profundamente injusta.
Neste momento o lema essencial da cooperação e do cooperativismo está sendo posto à prova. Precisamos dividir com os colegas que continuaram tendo que atender ás exigências do Banco Central, um pouco do nosso tempo e das condições objetivas de apoio financeiro, considerando que, afinal, esta situação NÃO foi criada por qualquer tipo de desvio de comportamento.
Em resumo, estamos diante de outro teste. Desta vez no campo do comportamento solidário, cooperativista, humanista. Esta não é uma questão que tenha a ver com o governo. É de natureza privada, pessoal.
Tem mais.
A extinção da CEMEA não significou o fim da crença na sociedade cooperativa, como estratégia de sobrevivência da população, nem na força do sistema cooperativista. Apenas interrompeu o Projeto em gestação da ampliação do Projeto Cooperativista da CEMEA, que tenderia expandir-se no sentido horizontal e vertical, atingindo
inicialmente os servidores públicos de outros Órgãos do Estado, como já é realidade em outras regiões do país.
O Sistema Nacional de Extensão Rural (ACAR`s primeiro e EMATER`s depois) foi a primeira escola de formação de grande número de profissionais em organização, legalização, funcionamento e até gestão direta de sociedades cooperativas, como aconteceu no Amazonas com as de juta/malva/guaraná da década de 1970.
O Sistema Nacional oficial de Extensão Rural é da década de 1950. O de Crédito Rural é de 1962. Junto com as cooperativas, formaram o tripé responsável pelas mudanças acontecidas no ambiente rural brasileiro a partir dessa década, para o bem e para o mal. E não foi por acaso que em alguns estados, como no Amazonas, a Organização Estadual foi extinta. Além de ampliar a visão da população sobre a forma de funcionamento da sociedade, a cooperativa funciona como escola da vida, por lidar diretamente com questões de natureza econômica, que mexe não apenas com o bolso, como costumam dizer os reducionistas da questão social, mas também e principalmente, com as mentes, pernas, bocas e braços das pessoas.
Neste momento é hora de ajudar os colegas.
Depois retomaremos o Projeto iniciado em 1988, provavelmente através de versão mais moderna de expansão do cooperativismo de crédito.
O ideal cooperativista não pode ser útil somente para os outros. Tem que nos ser útil também.
Estevam Ferreira da Costa
Extensionista / cooperativista efc1955@gmail.com cel. 92.9102.6106
Manaus, 14/01/2012
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