Durante o
evento Diálogos Governo-Sociedade Civil: Brasil sem Miséria, promovido
pela Secretaria Geral da Presidência da República e Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome, sociedade civil cobra do governo
brasileiro o compromisso assumido de colocar o país em um novo patamar de
cidadania através da erradicação da pobreza em curto espaço de tempo. O encontro
acontece durante todo o dia de hoje (quarta – 08), no Palácio do Planalto, em
Brasília. A secretária de Relações Internacionais e Vice-Presidente da CONTAG,
Alessandra Lunas, representa a confederação participando, entre outros debates,
da mesa de diálogo sobre Inclusão Produtiva Rural. “Apresentamos nove itens
centrais no documento, que correspondem a áreas de interesse para que possamos
iniciar um diálogo e assim aprofundemos o debate sobre o assunto, sob nossa
perspectiva, contribuindo assim com a construção de alternativas”, explica
Alessandra. Para ela, a sociedade deve ter um controle permanente do programa,
mas para isso, é preciso que sejam criados espaços de avaliação e monitoramento
do Brasil Sem Miséria.
Entre as
dificuldades destacadas no documento assinado pela CONTAG e demais entidades,
estão os frequentes entraves na aplicação de programas e ações vinculados ao
Brasil sem Miséria nos planos locais; os mais pobres estarem desabilitados e
impedidos de se integrarem ao processo de inclusão produtiva; a falta de
correção anual dos valores do Programa Bolsa Família, com índices que de fato
reflitam a variação de preços das principais necessidades de consumo das
famílias em condição de pobreza; a necessidade de ampliação estratégica do
programa de reforma agrária, regularização fundiária, demarcação de terras
indígenas e quilombolas e aumento de metas de assentamentos; a vulnerabilidade
das populações urbanas expostas a remoções associadas às obras de infraestrutura
e dos megaeventos esportivos e à falta de garantia dessas populações às
políticas de desenvolvimento urbano e a necessidade de criação de condições
políticas para que o acesso aos programas de garantia de renda, acesso aos
serviços públicos e inclusão produtiva não sejam apenas um benefício momentâneo.
O documento trata também das consequências das mudanças climáticas (frequência e
intensidade das secas e enchentes) e do direito de acesso à água no semiárido.
Por fim, a sociedade civil denuncia que mais de 70% da população em extrema
pobreza é negra e indígena e reivindica a integração desses públicos e políticas
de combate ao racismo e à violência de gênero. As sugestões para os casos acima
citados giram em torno da qualificação dos gestores sociais, correção de valores
do Programa Bolsa Família, inclusão produtiva das populações rurais, garantias
dos direitos e políticas de desenvolvimento urbanos, análises sistemáticas e
participativas sobre os critérios de acesso ao Bolsa Família e Brasil Sem
Miséria, programas específicos de adaptação e mitigação diante das mudanças
climáticas, estímulo à expansão de programas sustentáveis no semiárido e a
defesa dos direitos dos afrodescendentes e indígenas.
Ainda segundo
dados apresentados no início da manhã sobre o Programa Brasil sem Miséria, mais
de 50% das populações pobres estão no campo e, o mais agravante, mais de 75% das
ações só conseguem chegar para as populações urbanas. “Um dos grandes desafios
do programa é o de conseguir chegar ao mundo rural”, analisa a vice-presidente
da CONTAG.
O encontro de
hoje foi concebido para maximizar as contribuições de todos, aprofundar o
diálogo com os movimentos sociais sobre os avanços e desafios do Plano de
superação da extrema pobreza e para ampliar o engajamento da sociedade no
trabalho de superação da condição socioeconômica das famílias em condição de
vulnerabilidade.
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Fonte: Imprensa CONTAG - Maria do Carmo de Andrade Lima |
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
Sociedade civil cobra compromisso assumido pelo governo brasileiro
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