Iolando Lourenço e Ivan Richard
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - A votação da Medida Provisória 571 do Código Florestal volta a ser
o principal assunto da Câmara dos Deputados nesta semana, quando os deputados
fazem o último esforço concentrado de votações antes do primeiro turno das
eleições. Há duas semanas, a Casa tentou votar a matéria, mas não houve acordo
entre deputados da chamada bancada ruralistas e governo. A nova tentativa de
votação ocorrerá nos dias 18 e 19.
O chamado esforço concentrado, que antecede o período eleitoral, é quando
deputados e senadores entram em recesso branco, que são dias de votação em que
parlamentares, mesmo sem desconto das faltas, podem deixar de comparecer ao
Congresso para participar das campanhas eleitorais. Neste ano, os esforços
concentrados da Câmara e do Senado estão sendo realizados em semanas alternadas,
por isso, os senadores não terão votações nesta semana.
A dificuldade de votação ocorre porque o governo tem afirmado que não
participou do acordo que viabilizou a aprovação da MP na comissão especial
criada para discutir a proposta. No entanto, ruralistas argumentam que só
desistiram de pontos que consideram importantes para facilitar a aprovação do
relatório apresentado pelo senador Luiz Henrique (PMDB-SC).
O impasse ocorre porque parlamentares ligados à Frente Parlamentar da
Agropecuária alegam que deputados e senadores da base aliada não só concordaram
com o acordo, como também votaram a favor do texto. Para que não perca a
validade, a MP precisa ser aprovada pela Câmara e pelo Senado antes do dia 8 de
outubro.
Para viabilizar a votação antes desse prazo, o presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), se comprometeu a convocar os senadores para novo esforço
concentrado no dia 28 de setembro, caso a Câmara aprove a matéria nesta
semana.
Durante a votação do relatório da MP na comissão especial, ruralistas
conseguiram modificar a proposta enviada pelo Executivo para reduzir de 20 para
15 metros de regularização de área de preservação permanente (APP) em margens de
rios de até 10 metros, em propriedades de 4 a 15 módulos fiscais (médios
produtores).
Também foi aprovado, que, em propriedades acima de 15 módulos fiscais,
independentemente da largura do curso de água, a recomposição ficará entre 20 a
100 metros de APP. O tamanho dessa área de proteção natural às margens do rio
será definido em cada estado pelo Programa de Regulamentação Ambiental
(PRA).
A proposta do governo previa a chamada “escadinha” que definia o tamanho da
área a ser recomposta de acordo com o tamanho da propriedade rural, sendo que os
pequenos seriam obrigados a recompor menos e os grandes proprietários mais.
Além da discussão da Medida Provisória do Código Florestal, as comissões da
Câmara terão uma intensa pauta. Na terça (18), será realizada audiência pública
para debater os impactos econômicos do traçado da Ferrovia Norte-Sul em Santa
Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. Foram convidados os ministros dos
Transportes, Paulo Sérgio Passos, e da Agricultura, Mendes Ribeiro.
Já na quarta-feira (19), a presidenta da Petrobras, Graça Foster, apresenta o
Plano de Negócios da companhia aos deputados das comissões de Minas e Energia e
Fiscalização. No mesmo dia, será realizada audiência pública para discutir as
paralisações nas obras da Hidrelétrica de Belo Monte. Para o encontro foi
convidado o presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, e diretores
da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.
Edição: Fábio Massalli
Nenhum comentário:
Postar um comentário