Uma nova cultura pecuarista, baseada na alta produtividade leiteira, mecanização, aproveitamento do solo e ausência de desmatamento está sendo implementada no município de Autazes (a 118 quilômetros de Manaus). Os resultados já são uma realidade: vacas que produziam dois litros de leite por dia estão produzindo dez litros no mesmo período; grandes pastos deram lugar a pequenas pastagens com maior número de animal por hectare; e a extração manual do leite vem dando lugar à sucção mecanizada, mais higiênica e segura para o consumo humano.
Todo esse resultado é fruto do programa Balde Cheio, uma iniciativa inédita no Amazonas que vem sendo implementada desde outubro do ano passado em Autazes por meio do projeto do Sebrae no Amazonas ‘Desenvolvimento do Setor Lácteo na Região do Altaz Mirim’. O programa Balde Cheio foi desenvolvido pela Embrapa e tem por objetivo organizar e potencializar a criação intensiva de rebanhos, utilizando tecnologias e conhecimentos para o melhor aproveitamento dos pastos e dos animais.
“O maior resultado é que estamos deixando para trás uma pratica antiga de criar gado; hoje, sabemos como gerir nossas fazendas e trabalhamos de forma mais profissional e com visão de empresário”, declara o pecuarista Manoel Maia, líder de um grupo de pecuaristas da região do Novo Ceu, uma comunidade localizada na zona rural de Autazes.
De olho nas oportunidades e perspectivas que o programa Balde Cheio oferece, o produtor Aroldo Pereira Cavalcante, de 59 anos, decidiu implementar recentemente o programa em sua propriedade. “Eu percebo que este programa (Balde Cheio) é uma alternativa para quem quer produzir com qualidade, sem desmatamento e produtividade, aproveitando as áreas já existentes, por isso aderi ao programa e estou fazendo os investimentos necessários”, afirmou.
Ao todo, 46 propriedades do município estão implementado o programa Balde Cheio, com investimentos que já somam aproximadamente R$ 800 mil, sendo cerca de R$ 200 mil investidos pelo Sebrae em ações de consultorias, missões técnicas, cursos, treinamentos e ações de mercado. O restante, ou seja, cerca de R$ 600 mil, representam os investimentos realizados pelo conjunto dos pecuaristas que tiveram que promover o melhoramento do solo, a sanidade bovina, a compra de sementes de capim de alta qualidade, implementos agrícolas, uso de cercas elétricas e adoção de sistemas de irrigação modernos.
Nesta quarta-feira (29), na Casa do Produtor Rural, em Autazes, o comitê gestor do projeto ‘Desenvolvimento do Setor Lácteo na Região do Altaz Mirim’ realizou reunião com os pecuaristas para definir ações, avaliar o projeto e dar início ao trabalho de incremento do sistema de irrigação das propriedades.
“Eu não tenho dúvida de que o programa Balde Cheio está revolucionando a pecuária na maior bacia leiteira do Estado do Amazonas, que é Autazes”, disse o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (Faea), Muni Lourenço.
O projeto conta com a parceria da Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror), Faea, Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam) e Agência de Desenvolvimento Sustentável do Estado do Amazonas (ADS).
Números
De acordo com o prefeito de Autazes, José Tadeu, o município tem cerca de 70 mil cabeças de gado; produz de 40 a 50 mil litros de leite por dia e existem 1,5 mil criadores.
“Somos considerados a maior bacia leiteira do Amazonas, e o programa Balde Cheio certamente vai elevar nossa produtividade, fazendo com que Autazes seja reconhecida não só pelos seus principais produtos, o leite e o queijo, mas por sua qualidade, produtividade e conservação ambiental na atividade pecuária”, disse.
Texto: Márcio Vieira
Assessoria de Comunicação SEBRAE-AM.
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