AGRONEGÓCIOS
Participação
do AM na produção nacional de grãos é de 0,03%
Ontem,
mais uma vez, o Amazonas foi prestigiado com a visita de um ministro
do governo do PT. Dessa vez foi Pepe Vargas, ministro do
Desenvolvimento Agrário (MDA), que anunciou a disponibilidade de
aproximadamente R$ 135 milhões para o estado, dos quais R$
100 milhões destinam-se ao Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar (Pronaf) para financiar projetos individuais ou
coletivos de agricultores familiares e assentados da reforma agrária.
Dos recursos do Pronaf, os agricultores familiares poderão contar
com R$ 50 milhões para operações de custeio e R$ 50 milhões para
investimentos na aquisição de máquinas, equipamentos e
infraestrutura. Apesar das boas notícias, dos milhões
disponibilizados anualmente, da disposição dos governos Lula e
Dilma com o agricultor familiar brasileiro que já possui a
Declaração de Aptidão ao Pronaf, os números agropecuários do meu
Amazonas ainda são inexpressivos. Em agosto passado, a Conab
divulgou os números da produção nacional de grãos da atual safra
e, nossa participação, não ultrapassa os insignificantes 0,03%. É
isso que queremos? Vejam, a seguir, números da região Norte.
Produção
de Grãos – Safra 2011/2012
- Estado/UFSOJAMILHOFEIJÃOARROZEm mil tTocantins1.361,1474,940,8442,32.319,1Pará376,2595,637,8222,41.232,0Rondônia462,6462,536,8137,01.098,9Roraima10,413,02,0107,1132,5Acre-96,67,222,1125,9Amazonas-36,05,313,054,3
Sendo o
maior estado brasileiro em dimensão geográfica e com terra, água e
gente suficiente para a produção agrícola sustentável, sem
desmatar, entendo que é inaceitável conviver pacificamente com
esses números que comprometem a soberania e a segurança alimentar
do povo que aqui vive. Além de terra e água, temos a urgente
necessidade de gerar emprego nos 61 municípios. Entretanto, nos
longos discursos, ficamos patinando nos agradecimentos e na
afirmativa de que estamos crescendo. É lógico e visível que
estamos crescendo, e não poderia ser diferente diante de tamanho
apoio que a agricultura familiar vem recebendo do governo federal e
do incremento local proporcionado pelo Zona Franca Verde. Contudo, as
perguntas e as reflexões que devemos fazer são outras, vejamos:
Estamos crescendo no setor rural o suficiente para mudar a vida do
homem do interior? Na atual velocidade, conseguiremos um novo modelo
econômico para substituir o PIM e se livrar dos ataques de São
Paulo para o resto da vida? O dinheiro do Pronaf tá chegando ao
bolso do produtor rural na qualidade e quantidade que queremos? A
assistência técnica já está compatível com o desafio amazônico?
A resposta a essas perguntas certamente será negativa, mas o que
falta para virar esse jogo? Muita coisa, e uma das primeiras é fazer
chegar o recurso do Pronaf no bolso do caboclo mais distante. Vejam,
a seguir, os baixos números do Amazonas no Pronaf.
-
Estado/UFPronaf/Ano (2000)Pronaf/Ano (2012)RondôniaR$ 57 milhões aplicadosR$ 261 milhões aplicadosParáR$ 30 milhões aplicadosR$ 202 milhões aplicadosTocantinsR$ 15 milhões aplicadosR$ 95 milhões aplicadosAcreR$ 2,6 milhões aplicadosR$ 42 milhões aplicadosAmazonasR$ 175 MIL aplicadosR$ 52 milhões aplicados
Os
números demonstram que a mais de dez anos estamos encontrando
dificuldade em operar o Pronaf no Amazonas, e ninguém diz nada, e
ninguém fala nada. Pará, Acre, Tocantins e Rondônia estão sendo
mais eficientes e certamente é esse um dos motivos para a produção
de grãos nesses estados ser bem superior (veja quadro). Não precisa
ser especialista para constatar que o maior gargalo do Pronaf é a
absurda e inaceitável falta de bancos oficiais em 43 municípios do
Amazonas, segundo dados oriundos de recente mapeamento da Associação
Amazonense de Municípios. Com relação ao assunto, soube,
recentemente, que a Assembleia Legislativa do Amazonas aprovou
requerimento de autoria do deputado Luiz Castro, assinado por todos
os deputados que integram a Frente Parlamentar do Cooperativismo,
reivindicando melhor estrutura institucional dos agentes financeiros
que operam o crédito rural e, também, os benefícios do
garantia-safra para os agricultores amazonenses. Nosso caboclo
preservou ao mundo 98% da floresta, portanto, é mais do que justo
que ele tenha uma vida mais digna e humana. O dinheiro do Pronaf, que
é dele, e foi feito para ele, precisa chegar ao verdadeiro dono em
nosso estado. Sem banco, jamais irá chegar. Meu amigo, botafoguense
e competente presidente da OCB/AM, Petrúcio Magalhães, tem me dito
que, em Rondônia, tem 21 cooperativas de crédito operando o Pronaf.
Quem sabe, na ausência de bancos oficiais, esteja aí a saída para
o Amazonas e o motivo de Rondônia ter destaque no Pronaf e na
produção rural. O momento é mais do que oportuno para reivindicar,
pois temos um governo federal sensível a esse público. Caso
contrário, permaneceremos nos atuais 0,03% da produção nacional de
grãos. “É por aí o caminho”, como sempre disse meu
inesquecível e saudoso amigo, Eurípedes Ferreira Lins.
04.09.12
Thomaz Antonio Perez da Silva
Meirelles, administrador, servidor público federal, especialista na
gestão da informação ao agronegócio / e-mail para:
thomaz.meirelles@hotmail.com
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