terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Confeiteiro francês promove capacitação de doceiras de comunidades na Amazônia

confeiteiro-frances-promove-capacitacao-de-doceiras-de-comunidades-na-amazonia-00

O pâtissier-chocolatier francês Daniel Briand (www.cafedanielbriand.com) realizou, nos dias 23 e 24 de janeiro, uma oficina de confeitaria no Clube de Mães Maria de Nazaré, na comunidade São Sebastião do Rio Cuieiras, Baixo Rio Negro (Amazonas).
O workshop fez parte das atividades do projeto “Eco Polos Amazônia XXI”, desenvolvido pelo IPÊ com parceria do Fundo Vale. As aulas foram direcionadas para a capacitação em técnicas clássicas de manipulação de geleias, biscoitos e chocolates com base em insumos amazônicos, com o intuito de aprimorar a qualidade dos produtos fabricados atualmente na comunidade. O Clube de Mães, onde a oficina aconteceu, é um local onde um grupo de mulheres se reúne para fabricar doces e biscoitos com frutos típicos da Amazônia como cubiu, cupuaçu, castanha, entre outros. Os produtos geram uma renda extra às famílias das mulheres e ainda contribuem para o reconhecimento da importância da sociobiodiversidade local.
A proposta de melhorar essa produção com oficinas gastronômicas segue o conceito do projeto do IPÊ, que é o de criar e fortalecer as cadeias produtivas sustentáveis da Amazônia, no Baixo Rio Negro. Em 2013, o chef do restaurante Banzeiro, de Manaus, Filipe Schaedler, também realizou um workshop com comunitários na região a fim de trocar conhecimentos e estimular o uso dos produtos locais na culinária.
Sobre a experiência
Vivendo no Brasil há 18 anos, onde mantém um reconhecido café e doceria, em Brasília (DF), Daniel Briand ficou animado com a oportunidade de colaborar com o projeto “Eco-Polos Amazônia XXI”. “Fiquei muito contente com o convite e aceitei imediatamente. Estou tendo o prazer de conhecer a Amazônia através da culinária, dos doces, e espero poder contribuir com essa experiência”, afirmou.
Para o confeiteiro, a troca de experiência proporcionada pela atividade foi enriquecedora tanto para as mulheres como para ele, que se disse impressionado com o trabalho desenvolvido nas comunidades.
“Essencialmente eu gosto muito dessa troca, vou aprender com elas e elas comigo.Tenho um longo caminho na confeitaria. Acredito que com a experiência que tenho, posso indicar coisas que elas possam fazer. Além disso, é interessante trabalhar com esses produtos que elas usam, tem coisas que eu não conhecia, e tiro o chapéu para o que elas conseguem fazer aqui, improvisando, em um lugar com tão pouca estrutura. Para mim, é uma grande satisfação trabalhar com pessoas que entendem do assunto”, conta.
Durante a oficina, Briand trocou receitas com as mulheres das comunidades e testou alguns dos processos tradicionais da confeitaria francesa com produtos como o cupuaçu e a castanha da Amazônia. No caso do cupuaçu, foi preciso adaptar a receita francesa às técnicas desenvolvidas pelas próprias comunitárias e à realidade do local, onde, por exemplo, a energia elétrica é escassa. Além disso, desenvolveu junto com as participantes uma nova receita de cookie de castanha com gotas de chocolate, que passará a ser produzida pelo grupo de mulheres.
O confeiteiro também ensinou técnicas de manipulação de chocolate, para a fabricação de bombons com recheio de frutas regionais e castanha da Amazônia. As mulheres aprenderam a técnica conhecida como temperagem, um processo de aquecimento e resfriamento do chocolate que permite que ele seja utilizado em doces, sem perder a textura.
Ao final do encontro, cada participante levou para casa uma amostra do que foi produzido para degustar com sua família.

Nenhum comentário:

Postar um comentário