quinta-feira, 20 de março de 2014

Conheça as principais características da criação de abelhas sem ferrão

Gisele Neuls
Foto: Gisele Neuls/Canal Rural
Brasil possui mais de 250 espécies de abelhas nativas
A abelha produtora de mel mais conhecida entre os brasileiros é a abelha africanizada (Apis mellifera), que não é uma espécie nativa. As abelhas daqui, que também produzem mel, têm uma característica em comum: não possuem ferrão. São mais de 250 de espécies, conhecidas como melíponas, muitas das quais produzem um mel saboroso e valioso, além de subprodutos como própolis. A segunda reportagem da série Como Começar a Criar mostra o que um apicultor precisa saber para começar um plantel destas pequenas preciosidades.

Postado por Susianne,


Como não têm ferrão, o investimento na meliponicultura é menor, tornando a atividade mais simples e viável do que a criação das abelhas com ferrão. Não é preciso investir em roupas especiais, nem equipamentos de proteção. Além disso, elas podem ser criadas pequenos espaços e perto de crianças. O empresário Luiz Fernando Baldoni tem na meliponicultura seu hobby. Ele já produziu esse mel em escala industrial e sabe o quanto o produto é valorizado no mercado.
– A maior vantagem é que a gente consegue agregar um valor muito maior em relação ao mel de apis. Enquanto uma apis produz uns 30 quilos, você vai conseguir 300 mililitros de uma jataí. Mas o litro deste mel custa entre R$ 100 e R$ 120, enquanto o da apis custa entre R$ 20 e R$ 30 reais – explica Baldoni.
Para saber como criar as abelhas sem ferrão, a equipe do Canal Rural foi a Jaguariúna, no interior de São Paulo, conhecer a criação feita na Embrapa Meio Ambiente. O pesquisador Ricardo de Camargo, um apaixonado por abelhas, dá as dicas para se montar um meliponário. Um dos aspectos é a origem das matrizes. A legislação brasileira não permite a captura de ninhos em habitat natural.
– Se pode atrair algumas espécies através de caixas iscas. Outra possibilidade é comprar as matrizes. O valor varia de acordo com a espécie. A jataí, que é mais comum, varia de R$ 100 a R$ 150. Algumas espécies maiores custam até R$ 400 – diz Camargo.
Para fins comerciais, a escolha do local é muito importante, pois este fator influencia na qualidade e quantidade de mel produzidos. Ricardo de Camargo diz que é importante ter flores perto, tanto para se conseguir a manutenção das abelhas e o excedente de produção.
Na Embrapa, as colônias se desenvolvem nessas caixas de madeira, que custam em torno de R$ 50, mas as mesmas podem ser construídas artesanalmente. São mais de 40 colônias, de diversas espécies. A estrutura da colmeia também varia conforme a espécie. A uruçu, que produz um mel fino, mais líquido e menos doce, por exemplo, guarda o mel em potes. Também é preciso ter cuidado com predadores, como as formigas.
Além de uma alternativa de renda, a criação de abelhas sem ferrão por agricultores familiares pode ser utilizada também para a polinização de culturas, visando melhorar a produtividade. Segundo estudo da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), estima-se que 73% das espécies vegetais cultivadas no mundo são polinizadas por abelhas.

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