De Maués a Manaus, capital do Amazonas, o guaraná da Associação dos Agricultores Familiares do Alto Urupadi (AAFAU) leva cerca de 23 horas de barco. De Manaus a Lima, capital do Peru, de avião, são, no mínimo, mais 11 horas, percurso que esse produto irá fazer para chegar à feira Expoalimentaria. Esse fruto, tão representativo da Floresta Amazônica e também do Brasil, é um dos que estarão presentes no estande da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead) no evento, dos dias 27 a 29 de setembro. Ao todo, oito empreendimentos foram selecionados por meio de chamada pública para a participação.
A produção de guaraná das famílias chega a cinco mil toneladas de litros por ano e é vendida em feiras em Maués e Manaus, e no restante de todo o Amazonas, além de também ser entregue por encomenda a outros estados. A planta é vendida em pó e também em bastão, algo semelhante a um charuto e que é ralado para consumo. Na feira Expoalimentaria, além dessas duas formas, o guaraná também será levado em grãos.
Segundo Cloves Farias, coordenador de comercialização da AAFAU, para os extrativistas, a participação na feira representa muito mais que a oportunidade de estabelecer novos canais de comercialização do produto. “O guaraná é a forma que essas comunidades têm de conseguir renda e de se apresentar para o mundo. É por isso que eles falam que têm muito orgulho do produto. No fundo, tudo o que esperam é reconhecimento. São populações que nunca foram vistas, que eram invisíveis, mas que passaram a ser enxergadas. O guaraná deles transmite tudo em que acreditam, como, por exemplo, a forma de produzir tradicionalmente”, expressa o coordenador da AAFAU.
Rico em diversas vitaminas do Complexo B e também em minerais como cálcio, ferro, fósforo magnésio e potássio, o guaraná pode trazer muitos benefícios ao corpo. Faz bem para a circulação sanguínea, atua como remédio natural para o estresse e para enxaqueca, e ainda funciona como afrodisíaco natural. No Alto Urupadi, região localizada dentro do município de Maués, só que a nove horas de barco do seu centro, extrativistas produzem esse fruto de uma maneira especial: preservando a floresta para extrair dela os “Filhos do Guaraná”.
As árvores-mães deixam diversas sementes ao chão pelo ciclo natural da vida. Na floresta, então eles crescem e se tornam mudas que são extraídas pelos agricultores e levadas às suas propriedades para produção. Esse é o primeiro contexto que diferencia esse guaraná dos demais que também o produzem. Tal maneira de produzir gerou agregação de valor ao produto. Mas as técnicas de cultivo para preservar a qualidade vão além.
“O guaraná tem todo um trato cultural de base agroecológica. Os extrativistas utilizam adubação verde e fazem compostagem orgânica. Além disso, o processo de torrefação também é diferente, só acontece em forno de barro, e de 60 em 60 litros. Foi assim que nós conseguimos agregar valor ao produto, quase R$80 a mais pelo quilo devido a essa qualidade dele”, explica Cloves.
Por ser produzido dessa forma e por comunidades tradicionais da floresta, o guaraná do Alto Urupadi também é chamado de Guaraná Selvagem, e reconhecido por suas maiores propriedades nutricionais. Pela associação, cerca de 50 famílias trabalham com esse tipo de produção alinhada a outras como de mandioca, feijão, milho, frutas (abacaxi, melancia, banana) e tubérculos (batata, cará), que abastecem o mercado local e também o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).
Expoalimentaria
A Expoalimentaria é a principal plataforma para os negócios do setor de alimentos, bebidas, máquinas, equipamentos, insumos, embalagens, serviços, restaurantes e alimentos da América Latina. Trata-se de um evento de negócios no qual não é permitida a venda direta de produtos aos visitantes e compradores. No entanto, os empreendimentos podem expor produtos, promover degustações, conhecer novas tecnologias e prospectar ou realizar negócios.
A feira é tida como um ponto de encontro internacional de empresas exportadoras e recebe compradores dos cinco continentes. No ano passado, cerca de 45 mil pessoas visitaram os mais de 600 expositores participantes. Leia mais aqui.
Os empreendimentos da agricultura familiar irão participar do estande Brasil - Family Farming da Sead, para expor produtos, promover degustações, agendar visitas, encontrar fornecedores e compradores de seus produtos, conhecer novas tecnologias e prospectar ou realizar negócios. Desta vez, a Sead levará ao evento oito empreendimentos, que receberão apoio com estandes, cozinha coletiva, intérprete, transporte local e hospedagem durante os dias da feira.
Ingrid Castilho Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário Assessoria de Comunicação Contatos: (61) 2020-0128 / 0127 e imprensa@mda.gov.br |
quinta-feira, 21 de setembro de 2017
‘Filhos do Guaraná’: fruto da Amazônia é levado à feira no Peru
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