terça-feira, 21 de novembro de 2017

Amazonino e Aparecido recebem empresários do Sul (Comentário)

Sou a favor desses tipos de encontros, aliás, a ADS deveria ser estruturada para atrair investimentos ao Amazonas, afinal é uma Agência de Desenvolvimento Sustentável. Temos perdido investimentos para o Pará. Com a intenção de colaborar, faço algumas reflexões sobre os assuntos discutidos na reunião acima:

1) Quando falamos em atrair investimentos externos é sempre bom lembrar que a indústria de pneus instalada na estrada Manaus/Itacoatiara veio com o propósito de comprar a borracha dos nossos seringueiros. Essa indústria veio no governo Eduardo Braga com o objetivo de aumentar a coleta da borracha e melhorar a renda do seringueiro. kit's foram distribuídos aos seringueiros por todo o interior, criaram a subvenção estadual, em alguns municípios a municipal, e o governo federal, por meio da PGPMBio, também paga subvenção aos seringueiros. A Afeam até financiou uma usina de beneficiamento em Iranduba que está fechada.  Enfim, tudo para dar certo, mas não deu. Hoje, a produção de borracha caiu (o atraso no pagamento da subvenção estadual está entre os motivos) e, com isso, a indústria de pneus vem importando matéria-prima de outras regiões. Em síntese, quero dizer que atraímos investimentos de empresários de outros estados, mas a cadeia produtiva não evoluiu, mesmo a Embrapa tendo conhecimento suficiente para ajudar com tecnologias para o cultivo e no extrativismo. Não existe continuidade nas ações do estado, cada um novo ocupante da "Compensa" pensa, apenas, em criar um novo slogan para o setor primário e nada mais. Idem com a cadeia da das fibras onde a indústria aqui instaladas, e também no Pará, vem importando fibras de outros países e nosso interior empobrecendo. Lembro essas histórias para que o atual governo foque nas cadeias das fibras e borracha, que já estão fechadas (do produtor ao comprador), e não faça com esses novos visitantes (dendê, milho e abatedouro de aves) o que aconteceu com os empresários da indústria de pneus;

1) Falar em DENDÊ no Amazonas é imprescindível a presença da Embrapa e, logicamente, do pesquisador Edson Barcelos, que também já foi presidente do IDAM. Ele conhece os erros e acertos que cometemos nessa atividade. Eu ainda acredito no sucesso do dendê em nosso estado;

2) Com relação ao abatedouro de aves, esclareço que a agricultura familiar do Amazonas está deixando de fornecer para as compras públicas por falta dessa estrutura. A Conab deixou de comprar galinha caipira de uma cooperativa de Manacapuru por falta de abatedouro. Isso acontece em vários municípios. O Estado deveria, com recursos próprios, quem sabe do FPS, construir esse abatedouro de aves na ociosa Central de Abastecimento de Iranduba. Os grandes avicultores também estão buscando esse caminho, pois o MAPA/SFA vem exigindo no descarte de aves. É obrigação!! É lei!!

3) Que bom que o governador falou em produzir milho no Amazonas, faz tempo que não ouço a "Compensa" defender esse caminho. Idam e Embrapa já sabem como fazer, é só definir a área com menor custo de produção. Para a agricultura familiar, é preciso o estado voltar a comprar sementes. Soube que, recentemente, uma parceria Conab/Idam, por meio do PAA SEMENTES do Governo Federal, criado na gestão Lula/Dilma, vai comprar aproximadamente 30 toneladas de sementes de milho para distribuição gratuita a comunidades rurais. É pouco, mas já é um início, um recomeço. A retomada na distribuição de sementes para os agricultores familiares é importante para nossa soberania alimentar e nutricional, inclusive sementes de fibras, pois é com a venda da fibra que o juticultor garante a sobrevivência da família. Quanto aos grandes empresários, é papel da ADS atrair investidores para que o grão seja cultivado no Amazonas sem desmatar, e nem precisa desmatar.



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