segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

ONU alerta sobre possível crise alimentar na República Centro-Africana


Comida enviada sobre Sikikédé, República Centro-Africana, em resposta à crise alimentar e nutricional na região ocidental de Vakaga em setembro de 2012. Foto: OCHA/L. Paletta.
Uma avaliação realizada pela Organização das Nações Unidas e seus parceiros descobriu que o recente conflito na República Centro-Africano (RCA) pode desencadear uma crise de alimentos no país,alertou a ONU na sexta-feira (15).
“Estamos muito preocupados com as perspectivas para a temporada de cultivo de 2013, que deverá começar em poucas semanas”, disse a Representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) em Bangui, Rockaya Fall. “A preparação da terra, que deveria ter começado, está atrasada em muitos lugares devido à insegurança.”
A RCA tem uma história de instabilidade política e conflitos armados recorrentes. O país voltou a presenciar combates em dezembro, quando uma aliança de grupos rebeldes – conhecida coletivamente como Séléka – lançou uma série de ataques e tomou o controle das principais cidades do país antes de concordar em iniciar negociações de paz sob os auspícios do grupo regional conhecido como da Comunidade Econômica dos Estados da África Central (ECCAS).


Segundo a avaliação da ONU, o comércio foi interrompido entre a área tomada pela coalizão Séléka e o resto do país, trazendo as transações a um impasse e levando a aumentos acentuados dos preços dos alimentos.
O custo da cesta básica aumentou em 40% na área sob o controle das forças armadas nacionais, enquanto as zonas sob o controle do Séléka – onde vivem cerca de 800 mil pessoas –, estão experimentando déficits alimentares. Os saques tornaram-se generalizados, afetando os estoques de alimentos e sementes, bem como animais e pecuária. A insegurança resultante também limita a produção de agricultores em seus campos.
O Programa Mundial de Alimentos (PMA) advertiu que os défices alimentares serão maiores durante a época de escassez, de maio a setembro. Além disso, com o aumento dos preços dos alimentos, os recursos da população continuarão a diminuir.
Enquanto que, no ano passado, um trabalhador centro-africano poderia comprar até seis quilos de mandioca com um dia de salário, atualmente só é possível comprar três quilos, devido a salários menores e preços mais altos.
“Embora a situação no campo ainda não tenha atingido proporções de crise, há o risco de ela surgir a partir da aproximação da entressafra”, disse o representante do PMA na RCA, Housainou Taal. “O acesso humanitário à zona Séléka deve ser assegurada para evitar uma crise.”

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