AGRONEGÓCIOS
Lá se foi mais um ETAF
No primeiro dia de agosto, no Studio 5, o Sistema
Sepror, atualmente sob o comando do secretário Eron Bezerra, realizou a
abertura do IV Encontro de Trabalhadores da Agricultura do Amazonas.
Sinceramente, esperava a presença do governador Omar, e de seu vice, José Melo.
Como parte integrante do setor rural do meu estado, confesso que fiquei triste
com as duas ausências. Aliás, o fato foi bastante comentado em razão de o ETAF
ter se transformado, depois da Expoagro, num dos maiores eventos do setor
primário regional. Com um público estimado em 450 participantes, representando
todos os municípios, seria a oportunidade do governo anunciar, na abertura, a
inclusão da piaçava na lista de produtos amparados por subsídio e, também, o
aumento do pagamento aos juticultores do subsídio estadual para R$ 0,40 kg
(pleito da FAEA e OCB). Desde 2004, implementado no governo Braga/Omar, o valor
permanece em R$ 0,20 kg. Tenho a certeza que essas boas notícias ainda serão
anunciadas, mas o ETAF seria um bom momento. A imprensa divulga regularmente os
persistentes ataques ao modelo ZFM/PIM que, acredito, tem seus dias contados. Espero
que esteja equivocado, contudo, não ter a estrutura pública adequada (nos três
níveis de governo) para aproveitar sustentavelmente as potencialidades de setor
agropecuário do Amazonas é um grande erro de estratégia. Sempre defendi duas
bandeiras: o fortalecimento do IDAM (que deveria ser o órgão estadual mais bem
estruturado e remunerado) e a presença física do Banco do Brasil e do Banco da
Amazônia em todos os 62 municípios (o vazio bancário no interior ainda é grande
e inaceitável). Fala-se muito em regularização fundiária, é um enorme gargalo,
mas sem banco oficial para operar o crédito rural não adianta ter o documento
da terra no bolso. Defendo essas bandeiras por acreditar que nada é mais
importante para uma nação do que a soberania e a segurança alimentar e
nutricional de seu povo. Melhora a saúde, educação e a segurança. Com fome, mal
alimentado, nosso único caminho é o hospital.
Primeiro Encontro
Lembro que a primeira edição contou com a
coordenação do Almir Carvalhal, atualmente na UL/Idam de Presidente Figueiredo.
Este ano, a organização ficou sob a responsabilidade da Alíria Noronha,
companheira de lutas desde o tempo em que estava no MDA. Sei que não é tarefa
das mais simples realizar um evento dessa grandeza. Reconheço o esforço,
parabenizo o secretário Eron Bezerra, e toda sua equipe, por ter idealizado e
implementado quatro ETAF’s, mas principalmente por permitir o debate e a troca
de experiências. É evidente que o formato precisa ser avaliado, e certamente
será, uma vez que os momentos são distintos.
Logomarca, arroz e feijão
Outros dois detalhes me chamaram atenção na abertura
do IV ETAF. A logomarca do evento e o pronunciamento, gravado (em razão de
saúde), da senadora Vanessa Grazziotin. O desenho de uma semente, brotando,
simboliza o que mais precisamos: plantar, colher, alimentar o povo e vender o
excedente. Parabéns aos idealizadores da logomarca, simples e objetiva. Ao ouvir, atentamente, a mensagem da senadora,
fiquei feliz em saber que ela acredita no cultivo de arroz e feijão no
Amazonas. Ela citou essas duas culturas nas breves palavras. A Embrapa já
possui tecnologia nesse sentido, inclusive para o cultivo do milho nas várzeas.
Desejo plena recuperação da delicada cirurgia, e que continue contribuindo com
o setor rural através de suas emendas.
Avanços e Desafios
Eron fez um balanço sintético das ações do Sistema
Sepror, mostrou os avanços, destacou as ações que o orgulham (habitação rural é
uma delas), mas também concordou com o Muni (Faea) e Izete (Fettagri) de que
temos muito a realizar. O caminho da soberania alimentar local é muito longo.
Tenho boa aproximação com a equipe de técnicos e assessores do secretário
(antigos e atuais), da SEPA e do IDAM, todos profundamente comprometidos em
levar dias melhores ao caboclo do campo, da pesca e do extrativismo. Contudo,
as justas e infindáveis demandas da área rural, nem de longe são compatíveis
com a máquina pública. No passado recente, o Luiz Castro teve uma estratégica e
feliz passagem pelo Sistema Sepror. O Eron também tá acertando em quase tudo
que sonhou e idealizou para o setor. Sugiro, apenas, que temas como o ZEE,
ZARC, Seguro Rural, Garantia-Safra, armazenagem pública e a produção de farinha
e fécula de mandioca sejam mais discutidos até a sua desincompatibilização que
deverá acontecer, em abril do próximo ano, para concorrer a deputado federal. É
um forte candidato, assim como o Valdelino, da ADS, é outro potencial
candidato, só que para deputado estadual.
São boatos, nada de concreto. É aguardar para conhecer quais os
candidatos ligados ao setor rural que irão disputar as próximas eleições.
Novo modelo é sonho
Reconheço os avanços do setor rural do Amazonas, mas
todos pontuais e incapazes de substituir o modelo econômico implantado no
PIM/ZFM. Temos bons exemplos de geração de emprego e renda na área rural, mas
em volume que não nos permite acreditar, sonhar que, um dia, tornaremos o
estado forte e independente dos incentivos do Polo Industrial. O que, de fato,
tem mudado radicalmente (nem precisava mudar) no setor agropecuário é a denominação
dos programas. Já tivemos o Terceiro Ciclo, Zona Franca Verde e, mais
recentemente, o Amazonas Rural (pela proximidade entre Eduardo/Omar deveria ter
sido chamado de Zona Franca Verde II). Vamos em frente, acredito que o IV Etaf
foi mais um avanço. Parabéns e agradecimentos aos organizadores e
patrocinadores.
06.08.2013
Thomaz Antonio Perez da Silva Meirelles,
servidor público federal, administrador, especialização na gestão da informação
ao agronegócio. E-mail: thomaz.meirelles@hotmail.com
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