terça-feira, 6 de agosto de 2013

Jornal do Commercio - "Lá se foi mais um ETAF" (artigo)


AGRONEGÓCIOS

Lá se foi mais um ETAF

No primeiro dia de agosto, no Studio 5, o Sistema Sepror, atualmente sob o comando do secretário Eron Bezerra, realizou a abertura do IV Encontro de Trabalhadores da Agricultura do Amazonas. Sinceramente, esperava a presença do governador Omar, e de seu vice, José Melo. Como parte integrante do setor rural do meu estado, confesso que fiquei triste com as duas ausências. Aliás, o fato foi bastante comentado em razão de o ETAF ter se transformado, depois da Expoagro, num dos maiores eventos do setor primário regional. Com um público estimado em 450 participantes, representando todos os municípios, seria a oportunidade do governo anunciar, na abertura, a inclusão da piaçava na lista de produtos amparados por subsídio e, também, o aumento do pagamento aos juticultores do subsídio estadual para R$ 0,40 kg (pleito da FAEA e OCB). Desde 2004, implementado no governo Braga/Omar, o valor permanece em R$ 0,20 kg. Tenho a certeza que essas boas notícias ainda serão anunciadas, mas o ETAF seria um bom momento. A imprensa divulga regularmente os persistentes ataques ao modelo ZFM/PIM que, acredito, tem seus dias contados. Espero que esteja equivocado, contudo, não ter a estrutura pública adequada (nos três níveis de governo) para aproveitar sustentavelmente as potencialidades de setor agropecuário do Amazonas é um grande erro de estratégia. Sempre defendi duas bandeiras: o fortalecimento do IDAM (que deveria ser o órgão estadual mais bem estruturado e remunerado) e a presença física do Banco do Brasil e do Banco da Amazônia em todos os 62 municípios (o vazio bancário no interior ainda é grande e inaceitável). Fala-se muito em regularização fundiária, é um enorme gargalo, mas sem banco oficial para operar o crédito rural não adianta ter o documento da terra no bolso. Defendo essas bandeiras por acreditar que nada é mais importante para uma nação do que a soberania e a segurança alimentar e nutricional de seu povo. Melhora a saúde, educação e a segurança. Com fome, mal alimentado, nosso único caminho é o hospital.

Primeiro Encontro

Lembro que a primeira edição contou com a coordenação do Almir Carvalhal, atualmente na UL/Idam de Presidente Figueiredo. Este ano, a organização ficou sob a responsabilidade da Alíria Noronha, companheira de lutas desde o tempo em que estava no MDA. Sei que não é tarefa das mais simples realizar um evento dessa grandeza. Reconheço o esforço, parabenizo o secretário Eron Bezerra, e toda sua equipe, por ter idealizado e implementado quatro ETAF’s, mas principalmente por permitir o debate e a troca de experiências. É evidente que o formato precisa ser avaliado, e certamente será, uma vez que os momentos são distintos.

Logomarca, arroz e feijão

Outros dois detalhes me chamaram atenção na abertura do IV ETAF. A logomarca do evento e o pronunciamento, gravado (em razão de saúde), da senadora Vanessa Grazziotin. O desenho de uma semente, brotando, simboliza o que mais precisamos: plantar, colher, alimentar o povo e vender o excedente. Parabéns aos idealizadores da logomarca, simples e objetiva.  Ao ouvir, atentamente, a mensagem da senadora, fiquei feliz em saber que ela acredita no cultivo de arroz e feijão no Amazonas. Ela citou essas duas culturas nas breves palavras. A Embrapa já possui tecnologia nesse sentido, inclusive para o cultivo do milho nas várzeas. Desejo plena recuperação da delicada cirurgia, e que continue contribuindo com o setor rural através de suas emendas.

Avanços e Desafios

Eron fez um balanço sintético das ações do Sistema Sepror, mostrou os avanços, destacou as ações que o orgulham (habitação rural é uma delas), mas também concordou com o Muni (Faea) e Izete (Fettagri) de que temos muito a realizar. O caminho da soberania alimentar local é muito longo. Tenho boa aproximação com a equipe de técnicos e assessores do secretário (antigos e atuais), da SEPA e do IDAM, todos profundamente comprometidos em levar dias melhores ao caboclo do campo, da pesca e do extrativismo. Contudo, as justas e infindáveis demandas da área rural, nem de longe são compatíveis com a máquina pública. No passado recente, o Luiz Castro teve uma estratégica e feliz passagem pelo Sistema Sepror. O Eron também tá acertando em quase tudo que sonhou e idealizou para o setor. Sugiro, apenas, que temas como o ZEE, ZARC, Seguro Rural, Garantia-Safra, armazenagem pública e a produção de farinha e fécula de mandioca sejam mais discutidos até a sua desincompatibilização que deverá acontecer, em abril do próximo ano, para concorrer a deputado federal. É um forte candidato, assim como o Valdelino, da ADS, é outro potencial candidato, só que para deputado estadual.  São boatos, nada de concreto. É aguardar para conhecer quais os candidatos ligados ao setor rural que irão disputar as próximas eleições.

Novo modelo é sonho

Reconheço os avanços do setor rural do Amazonas, mas todos pontuais e incapazes de substituir o modelo econômico implantado no PIM/ZFM. Temos bons exemplos de geração de emprego e renda na área rural, mas em volume que não nos permite acreditar, sonhar que, um dia, tornaremos o estado forte e independente dos incentivos do Polo Industrial. O que, de fato, tem mudado radicalmente (nem precisava mudar) no setor agropecuário é a denominação dos programas. Já tivemos o Terceiro Ciclo, Zona Franca Verde e, mais recentemente, o Amazonas Rural (pela proximidade entre Eduardo/Omar deveria ter sido chamado de Zona Franca Verde II). Vamos em frente, acredito que o IV Etaf foi mais um avanço. Parabéns e agradecimentos aos organizadores e patrocinadores.


06.08.2013

Thomaz Antonio Perez da Silva Meirelles, servidor público federal, administrador, especialização na gestão da informação ao agronegócio. E-mail: thomaz.meirelles@hotmail.com

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