Projeto coordenado pela Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus-AM) em parceria
com a Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror) está colocando em prática
nova forma de levar conhecimentos técnicos e inovações tecnológicas a 21
municípios do Amazonas. O foco são as culturas alimentares de milho, mandioca e
feijão-caupi (feijão de praia). Com o projeto se pretende melhorar os sistemas
de produção dos agricultores familiares, a fim de que tenham mais produtividade,
renda e possam melhorar a qualidade de vida, além de aumentar a oferta desses
alimentos no interior do estado.
As atividades fazem parte do projeto “Estratégias de socialização e
transferência de conhecimentos para adoção de inovações tecnológicas nas
culturas alimentares pelos agricultores familiares do Estado do Amazonas”,
também chamado de “Culturas Alimentares/Residência
Agrária”.
O projeto tem a coordenação da Embrapa Amazônia Ocidental e a parceria do
Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Amazonas (Idam) e a Sepror, que
darão apoio técnico e logístico aos técnicos do projeto em cada município. Os
recursos são financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do
Amazonas (Fapeam), através do Programa estratégico de transferência de
tecnologias para o setor rural (Residência Agrária/Pró-Rural).
O pesquisador da Embrapa, Inocencio Junior de Oliveira, coordenador do
projeto, explica que as inovações tecnológicas apresentadas aos agricultores são
adequadas à realidade das condições socioambientais do Amazonas. Essas inovações
incluem desde sementes de variedades melhoradas e recomendadas para cultivo no
Amazonas, até procedimentos de tratos culturais, como por exemplo a densidade de
plantas adequadas para cada cultura, o controle de plantas daninhas no momento
adequado, a correção da acidez do solo, os níveis e períodos de adubação em cada
cultura.
A pesquisadora da Embrapa Mirza Carla Pereira ressalta que “esse projeto é
considerado uma estratégia piloto de transferência de tecnologia para
complementar a atuação da assistência técnica no interior do estado”. Ela
explica que a metodologia traz uma nova forma para a transferência de
tecnologia, pois envolve a capacitação dos técnicos em conhecimentos específicos
para atuarem sob orientação da Embrapa na assistência técnica aos agricultores
familiares exclusivamente nessas três culturas alimentares. “Com isso a relação
técnico e agricultor será mais fortalecida pela presença frequente do técnico no
campo e trará melhores resultados nos sistemas de cultivo dos agricultores”,
explica Mirza. Espera-se que por meio dos técnicos se alcance mais de 6 mil
agricultores familiares, durante três anos.
A socialização dos conhecimentos se dá por meio dos técnicos orientados pela
Embrapa e das Unidades de Construção do Conhecimento Coletivo (UCCC), que são
áreas demonstrativas implantadas com as tecnologias e manejos recomendados para
plantios de milho, feijão-caupi e mandioca, seguindo as orientações de pesquisas
realizadas pela Embrapa no Amazonas. Essas UCCC estão sendo instaladas em
propriedades de agricultores familiares selecionados como multiplicadores.
Nesses locais será mostrado de forma prática, através de cursos, treinamentos e
visitas, como podem ser utilizadas essas inovações tecnológicas dos sistemas de
produção de feijão-caupi, milho e mandioca. Os agricultores selecionados como
multiplicadores atendem a critérios para que a partir deles seja possível o
técnico criar um grupo de outros agricultores próximos também interessados na
cultura.
As orientações técnicas repassadas por pesquisadores da Embrapa aos técnicos
contratados pelo projeto são colocadas em prática nas UCCC, que servem de
instrumentos didáticos de treinamento e capacitação prática dos agricultores no
município.
Antes de assumir suas atividades no respectivo município, os técnicos foram
capacitados pela equipe da Embrapa em setembro de 2013 e atualmente estão
residindo nos municípios, onde ficarão por três anos, como estratégia de
melhorar a interação com os agricultores na socialização e troca de
conhecimentos.
Com a adoção dessas tecnologias espera-se aumentar a produtividade das
culturas e demonstrar aos agricultores a viabilidade de utilizar continuamente a
mesma área por mais tempo, evitando desmatamentos.
Os 21 municípios contemplados pelo projeto “Culturas Alimentares/Residência
Agrária” são Itapiranga, Novo Airão, Caapiranga, Beruri, Borba, Tefé, Uarini,
Japurá, Maraã, Ipixuna, Guajará, Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro, São
Gabriel da Cachoeira, Apuí, Humaitá, Eirunepé, Envira, Itamarati, Canutama e
Tapauá.
O projeto “Culturas Alimentares/Residência Agrária” iniciou as viagens para o
interior do Amazonas neste mês de fevereiro a fim de acompanhar e orientar as
atividades que estão sendo desenvolvidas pelos técnicos. O primeiro município a
ser visitado pela coordenação do projeto foi Itapiranga, a cerca de 330 km da
capital Manaus. A viagem ocorreu nos dias 10 e 11 de fevereiro.
Novas visitas - No próximo dia 17 de fevereiro será a vez do
município de Novo Airão. Neste primeiro semestre serão visitados todos os 21
municípios que integram o projeto. Nestas viagens, a coordenação do projeto
formada pelos pesquisadores da Embrapa, Inocencio Junior Oliveira e Mirza Carla
Pereira, faz articulação com parceiros locais e orienta a implantação e condução
das Unidades de Construção do Conhecimento Coletivo (UCCC) nos municípios.
Nos 21 municípios são implantadas Unidades de Construção do Conhecimento
Coletivo, para feijão, milho e mandioca, em propriedades diferentes, tanto em
várzea quanto em terra firme. As culturas de milho, feijão-caupi e mandioca são
consideradas de ciclo curto, por isso são plantadas a cada ano. Por exemplo, a
lavoura de feijão-caupi dura cerca de 80 dias, a de milho em grão 120 dias, a de
milho verde 80 dias e a de mandioca fica de 8 a 12 meses.
Além das UCCC, outra meta do projeto é cada técnico acompanhar diretamente
100 unidades produtivas por ano, ou seja 100 propriedades de 100 agricultores em
cada município.
Com essa estratégia a previsão é que cada um dos 21 técnicos possam
acompanhar diretamente 300 unidades, em três anos do projeto, totalizando 6.300
agricultores, com orientações sobre as inovações tecnológicas que tornem os
sistemas produtivos de milho, feijão-caupi e mandioca mais eficientes e mais
produtivos.
Para realização das atividades também serão buscadas em cada município
parcerias de apoio técnico junto ao Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia Amazonas (Ifam), além do apoio logístico das Prefeituras locais.
Fonte: Embrapa
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