Abobrinha, banana, farinha de mandioca, feijão e
mel. Esses são os cinco produtos da agricultura familiar mais ofertados na Rede
Brasil Rural, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). A lista completa
tem mais de 1,5 mil opções. Com seis meses de criação, a plataforma virtual
trabalha a todo vapor e já registra a participação de 549 associações e
cooperativas rurais. O conjunto é responsável por agrupar aproximadamente 200
mil produtores do campo.
O mapa brasileiro dos empreendimentos
cadastrados reúne representantes de todas as unidades da Federação. Entretanto,
alguns estados se destacam. É o caso do Rio Grande do Sul, que apresenta mais
associações e cooperativas de agricultores familiares inscritas em todo o país
-- são 85 no total. O segundo lugar é ocupado por Minas Gerais e São Paulo, cada
um com 67 empreendimentos. Logo em seguida, está a Bahia, com 65.
"Só
para ter uma ideia, agora, no início de julho, recebemos uma ligação de um
restaurante de Belo Horizonte (MG) interessado em comprar quatro mil quilos de
polpa de fruta por mês. Acharam a gente pelo site. Mesmo recente, a Rede Brasil
Rural já proporciona rendimento. A ferramenta aproxima a gente do consumidor",
conta o responsável pela Associação Comunitária dos Pequenos Produtores de
Frutos do Cerrado (Asfruce), Raimundo Simplício Pereira. Com sede no município
de São Francisco (MG), a 650 quilômetros da capital mineira, a associação é
formada por 613 famílias agricultoras.
Na avaliação de Raimundo Pereira,
a interação proporcionada pela plataforma é mais que comercial. "Quem, por
exemplo, é da região e foi morar longe, tem a oportunidade de manter a tradição,
porque pode obter os produtos pela internet. Existe a valorização dos produtos e
dos alimentos típicos", completa o agricultor.
"A Rede Brasil Rural
começa a se tornar a realidade que nós planejamos, que é ter um mapeamento de
toda a oferta da agricultura familiar brasileira em um mesmo local e, vinculado
a isso, ter os agricultores, que são os fornecedores da matéria-prima ou até
mesmo de produtos acabados", afirma o coordenador da Rede Brasil Rural, do MDA,
Marco Antônio Viana Leite.
No Espírito Santo, a Cooperativa dos
Agricultores Familiares de Afonso Cláudio (Cafac) está ansiosa para começar a
utilizar a RBR. Com sete meses de criação -- quase o mesmo tempo da plataforma
-- e 60 famílias produtoras rurais, a entidade já participou das capacitações
oferecidas pelo MDA e realizou o cadastro na Rede. "A expectativa é grande. A
ferramenta oferece novos caminhos, novas oportunidades. Isso faz com que os
agricultores rurais possam alcançar outro patamar, sem a interferência dos
atravessadores, o que antes só era possível para as grandes empresas", acredita
Gelson Fiorio Zuin, assessor técnico da Cafac, que é especializada no cultivo de
verduras, feijão, batata e frutas.
A capacitação citada por Gelson Zuin
foi uma das ações desenvolvidas pelo MDA para disseminar a rede entre os
agricultores rurais e os técnicos que atuam nas bases de serviços das
cooperativas e associações. Iniciados em fevereiro, os treinamentos já foram
realizados em 23 estados.
Com quatro horas de duração, a iniciativa
orientou até o momento 2.084 pessoas, entre representantes de associações,
cooperativas, agroindústrias -- em especial as que possuem Declaração de Aptidão
ao Pronaf (DAP-Jurídica), gestores do Programa Nacional de Alimentação Escolar
(Pnae), agentes de assistência técnica e extensão rural (Ater), movimentos
sociais do campo e membros das instituições parceiras, como Sebrae e Emater. O
ciclo dessas capacitações deverá ser concluído no fim de julho de 2012, quando o
Amapá, Distrito Federal, Mato Grosso e Sergipe receberão o
treinamento.
Os estados interessados na expansão da ferramenta podem
ainda firmar um termo de cooperação com o MDA. Foi o que Bahia, Alagoas,
Rondônia, Ceará, Pernambuco, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte já
fizeram. Com validade de 12 meses, a celebração do termo garante a realização de
mais ações para implementar a Rede Brasil Rural na região.
Marco Antônio
Viana Leite explica que a rede foi criada para completar os conjuntos de
políticas públicas já existentes na agricultura familiar, que foram iniciadas
com os serviços de assistência técnica e extensão rural e de crédito rural e
complementadas com as ações que garantiam mercado para a comercialização dos
produtos cultivados no setor, como o Pnae e o Programa de Aquisição de Alimentos
(PAA).
"A Rede Brasil Rural surgiu da necessidade de ter um terceiro
conjunto de políticas públicas que pudessem, efetivamente, fortalecer todas as
iniciativas desenvolvidas e ainda gerar novas ações. Foi uma proposta da
sociedade organizada, juntamente com o governo",
explica.
Pnae Outro recurso da Rede Brasil Rural
permite a publicação dos editais de chamada pública do Programa Nacional de
Alimentação Escolar (Pnae), do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE). Ativada há menos de dois meses, a plataforma apresenta 15 chamadas
públicas do Pnae e mais de 160 mil estabelecimentos de ensino público
cadastrados.
Ao fazer parte da RBR, as cooperativas e associações recebem
uma notificação automática sempre que houver chamada pública para comprar os
produtos e alimentos oferecidos pelos seus empreendimentos. A informação é
visualizada na área restrita que cada organização tem dentro do portal da Rede,
que é acessada mediante usuário e senha.
Atualmente, os estabelecimentos
de ensino não são obrigados a divulgar os editais do Pnae na plataforma do MDA.
Mas a Resolução nº 25 do FNDE, de 4 de julho, informa que pode haver mudança no
futuro. Segundo o dispositivo, a publicação das chamadas no site da Rede Brasil
Rural poderá se tornar obrigatória, a partir de 2013. Caso a medida seja
incorporada à legislação do programa, o FNDE definirá uma regulamentação
específica.
A Resolução nº 25 também apresenta mais uma normatização
favorável à agricultura familiar. Ela aumenta de R$ 9 mil para R$ 20 mil o
limite individual da venda do agricultor e do empreendedor familiar rural para a
alimentação escolar.
Próximos passos A
interatividade encontrada na Rede Brasil Rural ganhará novos recursos. Até
agosto de 2012, o MDA ativará a ferramenta do Armazém Virtual, que funcionará
como uma vitrine on-line. As novidades ainda incluem o espaço para a central de
frete e a plataforma de insumos orgânicos, também prevista para agosto. "Os
recursos vão sendo colocados em operação a medida que temos mais empreendimentos
e mais parceiros dentro da plataforma", conclui Marco Antônio Viana Leite.
Clique aqui e saiba como fazer parte da Rede Brasil Rural.
Fonte
original: Ministério do Desenvolvimento Agrário
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