Depois de passar por algumas complicações de saúde, retorno ao imprescindível e apaixonante trabalho em defesa do setor primário regional recebendo uma grande notícia: os estudos para inclusão do cacau extrativo na Política de Garantia de Preço Mínimo da sociobiodiversidade já foram iniciados e estão adiantados. Técnicos da Conab, Ceplac, Idam e Mapa já visitaram os municípios de Urucurituba, Coari e Manicoré procurando conhecer, in loco, todo o processo que envolve a cadeia produtiva do cacau. As primeiras informações a que tive acesso confirmam o que eu já imaginava, isto é, os extrativistas não vêm recebendo remuneração justa pelo trabalho de preparo da área, coleta, secagem e de proteção ambiental. Essa situação precisa ser modificada e a PGPM Bio pode ser a alternativa. Fico feliz em ter sido um dos primeiros a defender essa bandeira de inclusão do cacau na PGPM da sociobiodiversidade, pois conheço o Paraná do Espírito Santo (região produtora de Parintins-AM) e a penosa atividade do agricultor Madson Soares da Silva e de tantos outros amazonenses espalhados em nosso estado. Conheço, também, pois já realizei dezenas de viagens de lancha, barco e/ou navio no trecho Parintins/Manaus, que o único produto que os ribeirinhos possuem em sua canoa e oferecem aos turistas que retornam do festival de Parintins, por meio fluvial, é o cacau.
Luxuosas lojas nos Shoppings
Resumindo, os extrativistas de cacau do Amazonas vivem em precárias condições enquanto todo o resto da cadeia produtiva (atravessador, indústria e comércio) esbanja lucros financeiros absurdos. Quem visita as luxuosas lojas de chocolate nos diversos shoppings do país não consegue imaginar a vida de sacrifício do ribeirinho para coletar e comercializar o cacau. Longe dos centros urbanos, sem luz, posto médico, educação e enfrentando diariamente o inconveniente mosquito o ribeirinho é o principal responsável em colocar essa delícia para o brasileiro saborear, portanto, não é justo que a atividade não receba uma melhor e justa remuneração.
Sensibilidade dos governos Lula e Dilma com o extrativismo
Primeiramente, é dever ressaltar a sensibilidade dos governos Lula e Dilma com a população extrativista de todo território nacional incluindo diversos produtos regionais na PGPM da sociobiodiversidade. Já temos a borracha, açaí, castanha e piaçava e, brevemente, o cacau e o pirarucu manejado. O governo federal ao fixar um preço mínimo para o produto da floresta garante ao extrativista uma renda compatível com o custo de produção possibilitando estímulo à continuidade da atividade. O que vem ocorrendo com os seringueiros é o melhor exemplo regional da PGPM Bio. Na última semana, a inclusão do cacau na política de preço mínimo foi notícia no site do Idam e no jornal de circulação nacional da Ceplac. Bem, vamos aguardar o relatório final dos técnicos e o preço de custo levantado. Lembro que o cacau regional é de excelente qualidade e o Brasil ainda importa milhares de toneladas do produto de outros países. A fixação de um preço mínimo justo vai proporcionar renda e aumento da produção. Finalizo, pedindo aos senhores prefeitos do interior que procurem conhecer os atuais programas federais (Pronaf, PAA, PGPAF, PNAE, PROVB e muitos outros) voltados ao campo e que possam viabilizar e fiscalizar a correta aplicação nos municípios.
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