Da Agência Lusa
Roma – A produção agrícola global triplicou nos últimos 50 anos, informa
relatório divulgado hoje (19) pela Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês). O relatório aponta as
potencialidades do Brasil e as fragilidades de Moçambique e do Timor Leste.
Segundo a FAO, a oferta global de alimentos per capita aumentou de
cerca de 2.200 quilocalorias por dia, em 1960, para mais de 2.800 quilocalorias
diárias em 2009. Porém, esse crescimento não impediu que, entre 2010 e 2012, a
subnutrição atingisse 12,5% da população mundial, quase 870 milhões de pessoas,
na grande maioria em países em desenvolvimento.
A “redução da fome não tem ocorrido no ritmo esperado” no Timor Leste e em
Moçambique, diz a FAO, considerando que os dois países estão entre os que podem
falhar no cumprimento do Objetivo do Milênio de erradicar a pobreza extrema e a
fome. Cerca de 45% das crianças timorenses com menos de 5 anos sofrem de
subnutrição e quase 60% têm atrasos no crescimento. Em Moçambique, os dois
indicadores também estão acima de 40%, devido à “prevalência de elevados índices
de pobreza e à falta de acesso a água limpa”, enquanto, em Angola, situam-se em
15% e 30%, respetivamente.
De 2005 a 2011, um em cada quatro países africanos registrou “taxa de atraso
no crescimento de pelo menos 40%”, incidência que se torna ainda mais elevada no
Sul e Sudeste da Ásia – Índia, Laos, Nepal e Timor Leste registram os valores
mais altos.
Segundo a edição de 2013 do Anuário Estatístico da FAO, a despesa
pública total em inovação e desenvolvimento (I&D) agrícolas aumentou, puxada
sobretudo por países em desenvolvimento, entre os quais o Brasil, que,
juntamente com Angola, está entre os sete países que concentram metade das
terras com potencial agrícola. A China e a Índia são responsáveis por metade do
investimento em I&D, mas o Brasil também está na lista, tendo duplicado a
produção de cana-de-açúcar na última década e se tornado um dos maiores
exportadores agrícolas, sobretudo de oleaginosas e produtos pecuários.
Portugal é apontado no relatório da FAO como o décimo país com mais mulheres
trabalhando na agricultura. “Favorecida pelos altos preços dos produtos base, a
agricultura tem demonstrado uma resiliência surpreendente durante a crise
econômica global”, diz a FAO. Segundo a organização, em 2010, o valor
acrescentado agrícola em nível mundial aumentou 4%, enquanto Produto Interno
Bruto (PIB) global cresceu 1%.
“Os cereais ocupam mais de metade da área cultivada do mundo e são a fonte de
alimento mais importante para o consumo humano”, destaca a agência da ONU.
Anualmente, produzem-se 2,3 mil milhões de toneladas de cereais, dos quais cerca
de 1 milhão destinam-se ao consumo humano, 750 milhões a rações animais e 500
milhões à indústria.
Entretanto, a agricultura e a pecuária, com o uso de fertilizantes
sintéticos, têm aumentado a contribuição para o aquecimento global, sendo
responsável, entre 2000 e 2010, por mais 1,6% das emissões de gases de efeito
estufa.
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