quarta-feira, 13 de novembro de 2013

JC entrevista Eron Bezerra


AGRONEGÓCIOS

Tanair Maria entrevista Eron Bezerra

(1 Parte)


A edição do Jornal do Commercio que circulou no dia 27 de outubro passado trouxe oportuna entrevista concedida pelo secretário estadual Eron Bezerra à jornalista Tanair Maria. Vários aspectos da cadeia produtiva do pescado foram abordados pelo atual gestor do Sistema Sepror que, no meu ponto de vista, é mais um forte candidato para brigar por uma das cadeiras de deputado federal nas eleições de 2014. Pegando gancho dos assuntos levantados na entrevista farei alguns comentários que entendo ser pertinentes e que podem contribuir para o melhor aproveitamento do potencial pesqueiro do Amazonas (extrativo, manejo de lagos e piscicultura). Até entendo as razões do secretário não ter feito qualquer comentário sobre a pequena estrutura da secretaria executiva de pesca e aquicultura comandada pelo Geraldo Bernardino, Ivo Calado e outros competentes técnicos. A “SEPA” faz verdadeiros milagres para desenvolver suas funções num estado continental e trabalhando numa atividade que emprega mais do que o Polo Industrial. De cara, pela importância que o setor pesqueiro representa para a economia local, deveria ser uma secretaria independente e altamente estruturada, mas não é. Portanto, não adianta o governador cobrar mais produção, preços baixos ao consumidor e menos importação de pescado de estados vizinhos (Roraima e Rondônia) sem fortalecer a SEPA. Discordo de sua vinculação ao Sistema Sepror por acreditar que, de fato, poderemos ser um expressivo produtor e exportador dessa importante proteína animal.

Pesca Extrativa

Deixando de lado a questão estrutural dos entes públicos envolvidos no setor e já entrando na pesca extrativa é fácil concluir, principalmente para quem visita as feiras da cidade, que ainda temos uma farta produção pesqueira, mas certamente a tendência é esgotar essa reserva natural. Até hoje, passados longos anos, não temos uma comprovação científica dos benefícios do seguro defeso para as espécies protegidas. São milhões e milhões investidos anualmente pelo governo federal sem ter a certeza de que os objetivos estão sendo alcançados. O único fato comprovado é o desvio, ou seja, gente que não pesca recebendo o seguro defeso. Outro grande absurdo que acontece na pesca extrativa refere-se ao preço pago pelas indústrias aos pescadores artesanais em momentos de safra. Inaceitáveis “centavos” pelo quilo de peixes populares que chegarão à merenda escolar, lojas de conveniências e supermercados com valores turbinados ao público consumidor. Guardo comigo uma nota fiscal que comprova o pagamento de absurdos  R$ 0,50 centavos no quilo do jaraqui, e ainda tenho notícias de menor valor. No sábado passado, 09, fui ao DB e encontrei o quilo da sardinha tratada por R$ 10,00 (dez reais). No mesmo dia, visitando uma loja especializada em pescado, encontrei o mesmo produto por R$ 15,00 kg. Nos dois casos, os produtos foram processados por indústrias instaladas em Manacapuru. Também nos dois casos, justiça seja feita, o alimento era de alta qualidade. Isso é muito bom, e já é um grande avanço. O problema é que o principal ator de toda essa cadeia extrativa, o pescador, é explorado no momento da comercialização e regularmente exposto ao sol e, consequentemente, ao câncer de pele e problemas na visão. Sem falar do consumidor amazonense de baixa renda que não consegue comprar esses produtos. Em síntese, na pesca extrativa penso que somente a indústria, varejistas e o consumidor de classe alta estão levando vantagens.

Pescador e consumidor de baixa renda

Pensando nesses dois públicos, e em reduzir o desperdício nos piques de safra, estado e governo federal implementaram recentemente dois bons programas. O “peixe popular” e o “compra direta de pescado”, este último faz parte do Programa de Aquisição de Alimentos, operado com recursos do MDS. Acompanhei o nascimento do “peixe popular” no auditório da Sepror e sua execução nos anos seguintes, portanto, posso afirmar que foi estratégico para amenizar e esclarecer os verdadeiros motivos que envolviam os peixes jogados no lixo na Panair, assim como possibilitou vender peixes a preços acessíveis nos bairros de Manaus. No âmbito federal, por meio do instrumento denominado de “Compra Direta de Pescado”, a Conab/AM já comprou, em Manacapuru, mais de 100 toneladas de pescado (jaraqui, pacu, sardinha, curimatã, branquinha etc) diretamente do pescador artesanal (com DAP) pagando o preço de R$ 1,50 kg. Todo esse pescado está sendo entregue ao Programa Mesa Brasil/SESC/AM que os destina às instituições sociais cadastradas sem qualquer custo. Nessa ação, em Manacapuru, além da Conab e Mesa Brasil, a participação do IDAM, Prefeitura, Consea, Associação e Colônia tem sido fundamental. Já finalizando, aproveito o momento para dizer ao secretário Eron Bezerra que o PAA operado pelo Sistema Sepror (grande conquista para o Amazonas) também pode fazer a aquisição desse pescado popular nos moldes do que vem sendo executado pela Conab, desde que o preço seja R$ 1,50 kg e que não ocorra duplicidade na participação de pescadores artesanais. É uma questão de acompanhamento e controle. Por falar em controle defendo, cada vez mais, que os programas públicos de comercialização efetuem o pagamento da produção adquirida ou subvencionada diretamente na conta do pescador, agricultor e/ou extrativista, ou seja, sem qualquer intermediação. Os comentários sobre o “pirarucu de manejo” e a “piscicultura” no Amazonas ficam para a próxima semana.

 12.11.2013

Thomaz Antonio Perez da Silva Meirelles, servidor público federal, administrador, especialização na gestão da informação ao agronegócio. E-mail: thomaz.meirelles@hotmail.com

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