quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

"Ainda não foi em 2013!" - Artigo JC/Thomaz

AGRONEGÓCIOS
Além das indústrias instaladas no PIM, esse caboclo também merece contar com a defesa permanente do poder executivo e legislativo do AM. O artigo abaixo volta a lembrar da extrema necessidade do SEGURO VÁRZEA, GARANTIA SAFRA, BANCOS OFICIAIS NO INTERIOR PARA VIABILIZAR O CRÉDITO DO PRONAF e o SEGURO RURAL que depende das PORTARIAS DE ZONEAMENTO AGRÍCOLA DE RISCO CLIMÁTICO. Aliás, este ZONEAMENTO só deverá ser iniciado no AMAZONAS depois que o ESTADO finalizar outro ZONEAMENTO, o ECONÔMICO ECOLÓGICO. Somente a mesma UNIÃO feita em torno da defesa do PIM/ZFM será capaz de trazer algumas dessas conquistas para o AMAZONAS. Em 2014, o setor primário local, UNIDO, deve buscar maior aproximação do GOVERNADOR e da BANCADA FEDERAL, sem INTERMEDIÁRIOS. 


Ainda não foi em 2013!

Três recentes manchetes de fim de ano amplamente divulgadas na internet me levaram a concluir, mais uma vez, que o setor primário do Amazonas precisa, urgentemente, de maior aproximação do poder executivo e dos parlamentares se realmente quiser transformá-lo em novo modelo econômico. As boas notícias dessas manchetes lamentavelmente não acontecem por aqui. Observo que o setor rural local não é prioridade, sendo apenas um potencial presente nos discursos e nas festivas doações de implementos agrícolas no interior. Deveríamos fazer festa quando nosso produtor já tiver acesso ao seguro rural, às portarias do Zoneamento Agrícola de Risco Climático, ao Garantia-Safra, ao Seguro Várzea, ao PAA Leite e, acima de tudo, ao crédito rural das Agriculturas Familiar e Empresarial. Essas são, de fato, ações definitivas e que certamente deixarão nossos produtores rurais independentes de ações beneficentes dos três níveis de governo que, durante décadas, estão servindo apenas para eleger este ou aquele candidato, mas que jamais mudarão a vida no interior e a dependência econômica do Polo Industrial de Manaus cujo modelo é ameaçado sistematicamente. As manchetes que me chamaram atenção foram: “Mais de 600 mil agricultores serão beneficiados com parcelas extras do Garantia Safra”; “Agricultura Empresarial contrata R$ 73 bilhões em 2013” e “RN terá R$ 25 milhões para Leite”.

Reflexões sobre as manchetes

Apesar de já existir por mais de dez anos, o Garantia Safra ainda não chegou ao Amazonas por absoluta falta de interesse local. Até noto grande interesse em nível das secretarias, mas também observo que os secretários tem enorme dificuldade de agenda com o governador. Ficou para 2014 a necessária e justa implementação do Garantia Safra no Amazonas. Espero que não seja adiado novamente. Será que nem o fato de estar beneficiando 600 mil no Nordeste não anima o poder executivo a priorizar esse assunto? Lembro que o recurso financeiro é quase que exclusivo do Governo Federal. Com relação ao crédito rural, seja empresarial ou familiar, é do conhecimento de todos que somente é viabilizado através do Banco do Brasil, Banco da Amazônia e, mais recentemente, pela CAIXA. Historicamente, estamos entre os estados com menor acesso a esses bilhões. E o motivo é simples: o Amazonas é um estado continental, entretanto, com o menor número de agentes financeiros impedindo o agricultor, pescador e extrativista de acessar esse recurso que viabiliza a produção agropecuária e, consequentemente, a soberania e a segurança alimentar e nutricional do nosso povo. Já disse e volto a repetir, ações itinerantes não resolvem o histórico problema do crédito nesta região. Precisamos da presença física desses agentes em todos os municípios, contudo, o que percebo são agências sendo inauguradas somente em Manaus. Tem outro grande equívoco que precisa ser corrigido. Enquanto tem município com os três agentes financeiro (BB, BASA e CAIXA), outros sequer têm a presença de um deles.  Tá errado, isso precisa ser planejado para amenizar esse vazio bancário. Ultimamente, tem se falado na parceria dessas instituições com os sindicatos para viabilizar o maior acesso ao crédito rural. Pelo que conheço, apesar da boa vontade, os sindicatos do interior já tem enorme dificuldade para emitir a DAP. Será que para o crédito rural terão facilidade? Penso que a atual estrutura não permite a execução de mais essa importante tarefa.

Um dos últimos na Região Norte

Toda essa falta de atenção e prioridade reflete na insignificante produção interna de alimentos básicos. Analisando a produção de grãos somente na Região Norte percebi que estamos atrás de Roraima, Rondônia e Pará. Produzimos 42,8 mil toneladas/ano, enquanto no Pará é de 1.291 mil toneladas; em Rondônia é de 1.225 mil toneladas e, em Roraima, é de 156,3 mil toneladas. Esse resultado negativo certamente é resultado do baixo acesso ao crédito rural disponibilizado nos planos safras e, também, do afastamento do setor rural local do poder executivo e dos parlamentares. A união só existe quando é em defesa do Polo Industrial de Manaus. Até entendo a defesa intransigente do Polo Industrial de Manaus, afinal de contas boa parte das doações de campanha vem desse setor. Lembro bem que, nas últimas eleições municipais, só uma indústria doou R$ 400 mil para os candidatos a prefeito de Manaus. Nosso setor rural ainda não tem essa capacidade financeira, mas são os caboclos do interior, com seus votos, que definem as eleições no estado. Portanto, merecem respeito e defesa dos  pleitos que melhoram a vida na área rural. Espero, sinceramente, que 2014 seja o ano da virada, o ano que definitivamente os atores do setor primário amazonense passem a cobrar do novo governador, vice, senadores e deputados eleitos a mesma atenção que dedicam ao modelo ZFM. Que em 2014 o potencial saia do discurso e que a tão sonhada interiorização do desenvolvimento passe a ser realidade. Os Sistemas FAEA, FETAGRI e OCB tem papel fundamental e estratégico nessa maior aproximação. Aliás, justiça seja feita, se não fosse a luta, determinação e os esforços do Muni e do Petrúcio algumas conquistas rurais não teriam sido alcançadas nem tampouco discutidas. Até 2014, se Deus permitir.


31.12.2013

Thomaz Antonio Perez da Silva Meirelles, servidor público federal, administrador, especialização na gestão da informação ao agronegócio. E-mail: thomaz.meirelles@hotmail.com

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