Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Estudo divulgado recentemente pela organização não governamental
Oxfam indica que pequenas mudanças no consumo dos alimentos, como reduzir o
desperdício, comprar produtos da estação e cozinhar de forma eficiente, podem
provocar impactos gigantescos no atual sistema alimentar global.
A pesquisa ouviu mulheres residentes em cidades de seis países: Brasil,
Índia, Filipinas, Reino Unido, Espanha e Estados Unidos. O documento propõe
novas maneiras de se consumir alimentos com base em princípios que incluem
também o apoio a agricultores familiares.
A coordenadora da campanha Cresça da Oxfam no Brasil, Muriel Saragoussi,
lembrou que um terço dos alimentos produzidos no mundo vai parar no lixo,
enquanto cerca de 1 bilhão de pessoas passam fome no planeta. “Isso não faz
sentido”, disse. Um dos exemplos citados no estudo trata do consumo de maçãs –
cerca de 5,3 bilhões de unidades estragam todos os anos apenas nos seis países
onde as entrevistas foram feitas.
Reduzir o consumo de carne e de derivados do leite também é uma alternativa
indicada pela ONG, em razão da frequente prática da pecuária extensiva (criação
de bovinos em grandes terrenos, mas com baixa produção). “Nossa ideia é
empoderar [fortalecer] as mulheres consumidoras como autoras das mudanças nos
padrões de consumo e de desperdício”, explicou Muriel.
O Brasil aparece no levantamento como um país onde 70% dos alimentos
consumidos são fruto da agricultura familiar. “É dela que vem o alimento que
está na sua mesa e na minha mesa, mas eu preciso saber como isso é feito e me
importar em apoiar o agricultores familiares”, destacou a coordenadora da Oxfam.
Segundo ela, um alimento orgânico vendido em supermercados brasileiros chega a
ser até 400% mais caro em relação aos comercializados em feiras de
produtores.
“No Brasil, as mulheres parecem bastante conscientes e desejosas de aumentar
sua capacidade de poder escolher. Elas querem saber como economizar, como
comprar no comércio justo e buscam informações”, disse. Entre as entrevistadas,
57% das brasileiras declararam que se chateiam quando jogam alimento fora,
contra 39% no Reino Unido, por exemplo.
Edição: Juliana Andrade
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