domingo, 11 de agosto de 2013

Citricultores de São Paulo reclamam da inclusão de suco de laranja industrializado na merenda escolar


 
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Foto: Divulgação / Ver Descrição
Suco de laranja será consumido por mais de 426 mil alunos
A prefeitura de São Paulo vai comprar mais de R$ 9 milhões em merenda escolar. Alimentos como arroz, feijão e suco de laranja estão entre os produtos. Segundo produtores, a notícia só não é melhor, porque a compra vai ser do suco da laranja e não da fruta in natura. Produtores do interior do Estado reclamam que o lucro deve ficar, mais uma vez, com a indústria.
O produtor Renato Aparecido Barbosa, planta laranja em Itápolis, a 360 km da Capital. O município é conhecido por ser um dos maiores produtores da fruta no país. A prefeitura de São Paulo lançou um edital que prevê que 30% dos recursos repassados pelo governo federal a merenda escolar, sejam destinados a agricultura familiar. Com isso, o município deve ser beneficiado.

– Fiquei feliz com a notícia. Com certeza aumenta as possibilidades do pequeno produtor paro escoamento da sua produção – disse.

Durante muitos anos, o produtor sobreviveu com a venda da laranja. Mas segundo Barbosa, nos últimos tempos, a situação complicou e agora precisou diversificar. Além da laranja, ele produz manga, goiaba e outras culturas.
– Ficou difícil viver só com a plantação de laranja. Isso porque a indústria não paga o suficiente para custear a produção. O pequeno e o médio produtor que não tiver diversificado, praticamente impossível de viver só de laranja – disse.
Para amenizar o problema, agora, os estudantes do ensino infantil e fundamental da rede pública de São Paulo vão consumir alimentos produzidos pelas mãos de agricultores familiares. Suco de laranja, e também arroz e feijão para mais de 426 mil alunos. Porém, para quem trabalha com a laranja a notícia não é tão boa quanto parece.
O diretor da Cooperativa dos Agropecuaristas Solidários de Itápolis (Coagrosol), Antonio Ângelo Sgarbi, diz que quem produz arroz ou hortaliças, por exemplo, ganha diretamente pelo que planta. Mas, para o produtor de laranja, não. Isso porque para fazer o suco, apenas 10% fica com o produtor já que os outros 90% vão para a indústria, que processa a fruta.

– O produtor perde porque o volume de recurso, os R$ 20 mil que de fato vai para o produtor da agricultura familiar, ele não recebe esse recurso. Esse recurso fica no produto final. O dinheiro fica para o produto industrializado. Grande parte desse produto fica na industrialização – relata.

Para a prefeitura de São Paulo, investir na fruta in natura, não seria vantagem. Segundo a responsável pelo departamento de alimentação escolar da prefeitura, Erika Spindola Fisher, para o município é mais interessante optar pelo mais prático e com o melhor preço.

– A prefeitura opera com números gigantescos. Serão comprados três milhões de unidades. Compraremos industrializado e também in natura, mas precisa estar perto da cidade. Temos focos de agricultura, mas são poucos regulamentados e não se sabe onde estão e o que estão produzindo. Então, preferimos o suco em caixinha por questão de logística. Não posso comprar uma quantidade pequena de um pequeno produtor, eu tenho que fazer um planejamento no tempo e espaço – disse ela.

A responsável sugere que os cooperados se unam para produzir o suco industrializado, assim poderiam competir no mercado e obter melhores resultados para os produtores.

– Nós estamos comprando suco de laranja, três milhões do suco pequeno. O pressuposto é que o cara seja grande. Não é grande agribusiness, mas é o grande cooperativado. A lei da agricultura familiar permite que os agricultores se associem com outros e vendam, portanto, em forma de pessoa jurídica – disse.

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