A rastreabilidade tem como objetivo garantir a segurança dos alimentos, mostrando desde a origem da fruta ou da hortaliça até chegar à mesa do consumidor. Segundo pesquisadores do Cepea, porém, boa parte dos hortifrutícolas comercializados atualmente no país não é rastreada.
Para que o processo seja bem sucedido, cada elo da cadeia tem que assumir a responsabilidade de registrar todas as informações necessárias e os produtos expostos no mercado precisam ser acondicionados e identificados para facilitar o acesso a esses dados.
No mundo todo é comum surtos de doenças transmitidas por alimentos (DTA). Somente no Brasil, de 2000 a 2013, foram 8.800 casos – 138 envolvendo frutas e hortaliças. Com a rastreabilidade, é possível identificar a origem do problema e colocar em prática ações corretivas para que a contaminação não volte a acontecer. Para frutas e hortaliças, a rastreabilidade ganhou força com a criação da GlobalGAP, certificação de boas práticas agrícolas que passou a ser exigida pelos principais varejistas europeus. No Brasil, as grandes redes varejistas também demandam hortifrutícolas rastreados e muitos possuem programas próprios de garantia de qualidade e origem desses produtos.
Conforme a publicação, um sistema de rastreamento possibilita, ainda, identificar onde há falhas e perdas na produção. Com a correção, há um ganho de eficiência, produtividade, além de economia de recursos, menor impacto ambiental e proteção à saúde dos envolvidos.
Há várias formas de compartilhar as informações de um determinado produto. Cada produtor ou comerciante pode escolher a que melhor se adequa a seu produto e/ou negócio. O método mais simples é colocar os dados no rótulo. Essa modalidade não requer muita tecnologia ou investimento e permite um acesso rápido, porém, o volume de informações é limitado e pode ser facilmente adulterado. Outra opção é o código de barras linear, que comporta mais dados e tem baixo risco de ser comprometido. Com um scanner é possível visualizar a origem do produto.
Estão disponíveis ainda o rótulo com código de barras, o código de barras bidimensional (QR code) e a RFID (identificação por radiofrequência). O QR code é uma imagem em duas dimensões (2D) que pode ser codificada por um celular com câmera digital. Há aplicativos que revelam os dados contidos nele ou ainda um link na internet. É uma alternativa mais cara e por isso menos utilizada atualmente. Já o RFID é uma opção mais recente e pouco difundida, que identifica os produtos por radiofrequência. A leitura é feita por antenas e leitores que fazem tanto a transmissão quanto a codificação dos dados.
A rastreabilidade também pode ser classificada quanto ao grau de compartilhamento das informações - fechado, semiaberto ou aberto - ou ainda pela abrangência dos dados, que pode ser completa ou parcial, englobando todo o processo produtivo ou somente uma parte.
De acordo com pesquisadores do Cepea, a rastreabilidade traz reais benefícios a toda a cadeia, tanto econômicos quanto ambientais. Porém, ainda é necessário um ajuste entre produtores, centrais de abastecimento e grandes redes varejistas quanto à importância da segurança alimentar para o setor e para o consumidor e o retorno financeiro para quem investe nessa prática.
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