sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Artigo - "Prefeitos e Prefeitas" (Jornal do Commercio/AM)


AGRONEGÓCIOS

Prefeitos e Prefeitas

O recente encontro estadual de prefeitos e prefeitas do Amazonas, articulado pelo Governo Federal, demonstrou, mais uma vez, a enorme distância do setor agropecuário local do poder político. Em momento algum, ouvi dos nossos representantes (estavam todos da esfera federal) as demandas dos produtores rurais do Amazonas. Falaram das obras, das obras, das obras, da regularização fundiária e de médicos no interior. Reconheço a importância de algumas dessas obras, mas a ministra Ideli Salvatti precisava ouvir outras reivindicações. Continuamos tendo uma das cestas básicas mais caras do país (na capital, imaginem no interior), inúmeras famílias em extrema pobreza e o tema da “segurança alimentar e nutricional” sequer foi citado. A “regularização fundiária” não impede de avançarmos no Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ferramenta indispensável ao seguro rural), no Garantia Safra, no crédito rural do Pronaf, na classificação de produtos regionais (recentemente perdemos o único laboratório privado credenciado no MAPA), no funcionamento do CBA e no seguro várzea. Desperdiçamos, novamente, mais uma excelente oportunidade de fazer chegar ao ouvido da presidenta Dilma todas essas estratégicas demandas. Também ninguém disse à ministra que o vazio bancário do Amazonas é o maior entrave para o crescimento das políticas públicas do governo federal. Ninguém disse que o atendimento itinerante e em polos não resolve o problema, apenas empurram o problema do crédito para outros governos. A ministra afirmou três vezes que temos de ser tratados como uma “preciosidade” em razão da importância ambiental do estado. O incrível é que somente a ministra fez referências aos equipamentos que estão sendo disponibilizados pelo MDA. Deixei o evento convicto de que a relação do poder político local é quase que exclusivamente com o Polo Industrial de Manaus, cuja prorrogação por mais 50 anos fez parte de todos os discursos. No meu ponto de vista, o grande culpado dos parlamentares federais do Amazonas não conhecerem detalhadamente nossos entraves é do próprio setor, ou seja, é nosso. Encurtar a distância é urgente e necessário.

Fórum de Gestores Federais

A ideia semeada pela ministra Ideli Salvatti para que os órgãos federais do Amazonas possam estar em constante sintonia é sabidamente importante, estratégica e deve ser buscada intensamente. Contudo, lembro que, amparado na mesma legalidade, a Suframa e a SUDAM já tiveram iniciativa semelhante anos atrás. Lembro muito bem do esforço do Emanuel, técnico da Suframa, para convocar e articular tais encontros. Não passamos de três, e tudo acabou. A própria SUDAM, idealizadora de importante intersetorialidade, não deu a importância devida. Enfim, tudo acabou em nada. Embora já estejamos vivendo momentos eleitorais, desejo sucesso ao grupo responsável para articular as ações e reuniões dos órgãos federais no Amazonas. Defendo que uma das demandas desse fórum, amparada nas dimensões continentais do estado, seja a contratação de um diferenciado número de empregados nos próximos concursos públicos. Não podemos aceitar que o número de vagas para o Amazonas seja idêntico ao número de vagas destinadas ao Rio de Janeiro, Piauí, Sergipe, entre outros estados de pequenas dimensões territoriais. Um pequeno exemplo: qual a razão do Incra ter três superintendências no Pará e somente uma no Amazonas?

Atendimento aos prefeitos

No dia seguinte à abertura, ainda nas dependências do Palácio Rio Negro, mais de dez ministérios prestaram atendimento aos gestores municipais. Uma grande iniciativa que deve permanecer e ser realizada duas ou três vezes por ano, mas sempre com a coordenação do gabinete da Presidência da República. Outro ponto positivo observado refere-se ao crescente interesse dos prefeitos e prefeitas em conhecer as ferramentas federais de apoio aos municípios. Foi muito bom falar com os representantes de Alvarães, Parintins, Autazes, Uarini, São Gabriel da Cachoeira, Urucará, Nova Olinda do Norte, Iranduba, Tapauá, Fonte Boa, Itamarati, entre outros. Nesse contato, além de passar informações sobre os instrumentos públicos passamos a conhecer a realidade desses municípios. Sem muito esforço é possível constatar que ações simples de segurança alimentar e nutricional deixam de ser executadas por total desconhecimento dos gestores. Recomendo que os prefeitos identifiquem, no próprio município, pessoas com conhecimento da realidade local que possam se especializar nos programas disponibilizados pelo governo federal. Se isso ocorrer, os avanços serão crescentes, ágeis e em benefício da população. Fica a dica!

08.10.2013

Thomaz Antonio Perez da Silva Meirelles, servidor público federal, administrador, especialização na gestão da informação ao agronegócio. E-mail: thomaz.meirelles@hotmail.com

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