AGRONEGÓCIOS
Prefeitos e Prefeitas
O recente encontro estadual de prefeitos e prefeitas
do Amazonas, articulado pelo Governo Federal, demonstrou, mais uma vez, a
enorme distância do setor agropecuário local do poder político. Em momento
algum, ouvi dos nossos representantes (estavam todos da esfera federal) as
demandas dos produtores rurais do Amazonas. Falaram das obras, das obras, das
obras, da regularização fundiária e de médicos no interior. Reconheço a
importância de algumas dessas obras, mas a ministra Ideli Salvatti precisava
ouvir outras reivindicações. Continuamos tendo uma das cestas básicas mais
caras do país (na capital, imaginem no interior), inúmeras famílias em extrema
pobreza e o tema da “segurança alimentar e nutricional” sequer foi citado. A
“regularização fundiária” não impede de avançarmos no Zoneamento Agrícola de
Risco Climático (ferramenta indispensável ao seguro rural), no Garantia Safra,
no crédito rural do Pronaf, na classificação de produtos regionais
(recentemente perdemos o único laboratório privado credenciado no MAPA), no
funcionamento do CBA e no seguro várzea. Desperdiçamos, novamente, mais uma
excelente oportunidade de fazer chegar ao ouvido da presidenta Dilma todas
essas estratégicas demandas. Também ninguém disse à ministra que o vazio
bancário do Amazonas é o maior entrave para o crescimento das políticas
públicas do governo federal. Ninguém disse que o atendimento itinerante e em
polos não resolve o problema, apenas empurram o problema do crédito para outros
governos. A ministra afirmou três vezes que temos de ser tratados como uma
“preciosidade” em razão da importância ambiental do estado. O incrível é que
somente a ministra fez referências aos equipamentos que estão sendo
disponibilizados pelo MDA. Deixei o evento convicto de que a relação do poder
político local é quase que exclusivamente com o Polo Industrial de Manaus, cuja
prorrogação por mais 50 anos fez parte de todos os discursos. No meu ponto de
vista, o grande culpado dos parlamentares federais do Amazonas não conhecerem
detalhadamente nossos entraves é do próprio setor, ou seja, é nosso. Encurtar a
distância é urgente e necessário.
Fórum de Gestores Federais
A ideia semeada pela ministra Ideli Salvatti para
que os órgãos federais do Amazonas possam estar em constante sintonia é
sabidamente importante, estratégica e deve ser buscada intensamente. Contudo,
lembro que, amparado na mesma legalidade, a Suframa e a SUDAM já tiveram
iniciativa semelhante anos atrás. Lembro muito bem do esforço do Emanuel,
técnico da Suframa, para convocar e articular tais encontros. Não passamos de
três, e tudo acabou. A própria SUDAM, idealizadora de importante
intersetorialidade, não deu a importância devida. Enfim, tudo acabou em nada.
Embora já estejamos vivendo momentos eleitorais, desejo sucesso ao grupo
responsável para articular as ações e reuniões dos órgãos federais no Amazonas.
Defendo que uma das demandas desse fórum, amparada nas dimensões continentais
do estado, seja a contratação de um diferenciado número de empregados nos
próximos concursos públicos. Não podemos aceitar que o número de vagas para o
Amazonas seja idêntico ao número de vagas destinadas ao Rio de Janeiro, Piauí,
Sergipe, entre outros estados de pequenas dimensões territoriais. Um pequeno
exemplo: qual a razão do Incra ter três superintendências no Pará e somente uma
no Amazonas?
Atendimento aos prefeitos
No dia seguinte à abertura, ainda nas dependências
do Palácio Rio Negro, mais de dez ministérios prestaram atendimento aos
gestores municipais. Uma grande iniciativa que deve permanecer e ser realizada
duas ou três vezes por ano, mas sempre com a coordenação do gabinete da
Presidência da República. Outro ponto positivo observado refere-se ao crescente
interesse dos prefeitos e prefeitas em conhecer as ferramentas federais de
apoio aos municípios. Foi muito bom falar com os representantes de Alvarães,
Parintins, Autazes, Uarini, São Gabriel da Cachoeira, Urucará, Nova Olinda do
Norte, Iranduba, Tapauá, Fonte Boa, Itamarati, entre outros. Nesse contato,
além de passar informações sobre os instrumentos públicos passamos a conhecer a
realidade desses municípios. Sem muito esforço é possível constatar que ações
simples de segurança alimentar e nutricional deixam de ser executadas por total
desconhecimento dos gestores. Recomendo que os prefeitos identifiquem, no
próprio município, pessoas com conhecimento da realidade local que possam se
especializar nos programas disponibilizados pelo governo federal. Se isso
ocorrer, os avanços serão crescentes, ágeis e em benefício da população. Fica a
dica!
08.10.2013
Thomaz Antonio Perez da Silva Meirelles,
servidor público federal, administrador, especialização na gestão da informação
ao agronegócio. E-mail: thomaz.meirelles@hotmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário