Foto: Divulgação / Embrapa
Para o Idesam, desenvolver a economia do município de forma
integrada é essencial na luta contra o desmatamento
Pequenos cafeicultores de Apuí, município localizado na região
sul do Amazonas, estão ganhando um reforço para fortalecer a cadeia produtiva do
café
agroecológico como alternativa sustentável de geração de renda para conter o
desmatamento no município, assim como para aumentar a produtividade e a
qualidade do café produzido. Trata-se de uma parceria entre o Instituto de
Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam) e a unidade de
Rondônia da Embrapa que está levando tecnologias e inovação a estes
produtores.
Atualmente, dois terços da produção de café do Amazonas está
em Apuí. São 1,6 mil hectares de café no Estado, sendo mil no município. Por
outro lado, é o terceiro município mais desmatado do Amazonas (atrás de Lábrea e
Boca do Acre). O desmatamento no local é associado em grande parte à produção
pecuária extensiva: muitas áreas de florestas são destruídas e convertidas em
pastagens de baixa produtividade, que seguem um ciclo de contínua expansão em
novas propriedades.
De acordo com o Idesam, desenvolver a economia do
município de forma integrada é essencial na luta contra o desmatamento. A
produção de café já teve forte contribuição para a economia de Apuí, mas vem
sendo abandonada sucessivamente devido à falta de incentivos e assistência
técnica e dificuldades na comercialização. Atualmente são apenas 200 produtores
de café ativos no município; a produção alcançou a média de 4.960 sacas anuais
entre 2008 e 2012, o que significa uma média de cinco sacas por hectare, muito
aquém do potencial de Apuí.
De acordo com o chefe de Transferência de
Tecnologia da Embrapa Rondônia, Samuel Oliveira, o Idesam buscou amparo
tecnológico da Embrapa, principalmente, pela repercussão que teve o lançamento
da cultivar de café conilon BRS Ouro Preto.
– A Embrapa, como um órgão
gerador de tecnologia e soluções para a agricultura brasileira, tem que estar
presente onde há a necessidade, e o município de Apuí é interessante, pois é o
único do estado do Amazonas que foi criado a partir de um projeto de
assentamento e sua economia gira em torno da agricultura familiar. Os pequenos
produtores de Apuí estão se dedicando à cafeicultura e demandam por tecnologias
para aumentar a geração de emprego, renda e competitividade para a região e a
Embrapa está oferecendo esse suporte tecnológico – explica
Oliveira.
BRS Ouro Preto
A BRS
Ouro Preto é a primeira cultivar de café da Embrapa no
Brasil e é recomendada
para Rondônia. A variedade tem potencial para aumentar a
produtividade da cafeicultura no Estado e poderá ter sua recomendação estendida
para outras regiões da Amazônia. Para se ter uma ideia, a produtividade média do
café em Rondônia é de 11 sacas por hectare, já a da Conilon BRS Ouro Preto é de
70 sacas por hectare.
– Serão implantadas três Unidades de Observação da
BRS Ouro Preto em Apuí e, durante três anos, a cultivar será avaliada quanto ao
seu desempenho na região, para que possa ser feito o cultivo em larga escala e
para que a BRS Ouro Preto possa ser recomendada para a região – informa Samuel
Oliveira.
O preço dos insumos pagos em Apuí são muito altos, devido à
distância e às condições da estrada. O desafio, portanto, é otimizar o uso dos
insumos, aumentar a produção e aumentar também a renda do produtor. Além disso,
a parceria inclui também a capacitação de técnicos do Idesam e demais produtores
mais tecnificados.
Segundo o engenheiro agrônomo Vinícius Figueiredo,
pesquisador do Projeto Café, a expectativa com a implementação do BRS Ouro Preto
é conseguir validar a produção de mudas clonais para o município de
Apuí.
– Também queremos conhecer como será a adaptação dos clones ao
manejo agroecológico que utilizamos com os produtores do grupo, pois dentre as
três unidades de observação teremos uma que será manejada com práticas de
adubação verde, biofertilizante e consórcio com espécies florestais – conclui.
EMBRAPA
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