Por Paula Vieira
O primeiro dia do seminário “Diagnóstico da
Cadeia de Valor da Madeira no Amazonas”, que iniciou ontem, 25 de novembro, foi
palco de grandes discussões sobre temas florestais. Combater a clandestinidade e
o desmatamento no Amazonas ainda é um desafio, por isso, representantes de
cooperativas de extrativistas e produtores de madeira, órgãos de fomento,
servidores públicos, parlamentares, prefeituras do interior do Amazonas e
organizações não governamentais, participam do evento com intuito de encontrar
meios para aumentar a produção e comércio de madeira sustentável no Estado, a
fim de garantir a geração de renda no campo e a conservação da
biodiversidade.
A abertura do seminário contou com a presença do
prefeito de Apuí, Admílson Nogueira, deputado estadual, Luiz Castro, secretária
estadual de Meio Ambiente, Kamila Amaral, diretor de Assistência Técnica e
Extensão Florestal do IDAM, Malvino Salvador, secretária adjunta de planejamento
e coordenação da Sepror, Tatiana Schor, e o analista de conservação do
WWF-Brasil, Marcelo Cortez.
Além das discussões, foi lançado na ocasião, um
estudo que vem sendo desenvolvido pelo WWF-Brasil e IDAM desde o primeiro
semestre de 2013, que consiste no mapeamento da cadeia produtiva da madeira nos
municípios de Tefé, Apuí, Lábrea, Manacapuru e Boa Vista do Ramos.
Na oportunidade o facilitador e consultor do WWF-
Brasil, Antonio Farre´, apresentou os resultados das oficinas de aplicação da
metodologia da Cadeia de Valor da Madeira nos cinco municípios, onde foram
identificados entraves e apresentadas propostas de melhorias para a produção
florestal sustentável.
“O município de Apuí atualmente possui 76% de
áreas protegidas, no entanto, ainda temos que avançar para aumentar o potencial
florestal, e para isso precisamos de mais técnicos no campo”, disse Admílson
Nogueira.
Para a secretária estadual de Meio Ambiente,
Kamila Amaral, a constante retirada de madeira ilegal é um dos grandes problemas
no Amazonas. “Quando a atividade é praticada de forma clandestina a gente perde
oportunidade de renda e também o valor da biodiversidade”, ressaltou.
“Precisamos tornar menos burocrático os critérios
de exploração, pois dessa forma conseguiremos trazer essas pessoas que trabalham
na clandestinidade para legalidade”, reforçou o diretor de Assistência Técnica e
Extensão Florestal do IDAM, Malvino Salvador.
Durante o estudo realizado nos cinco municípios
foram identificadas 96 limitações, no que se refere a insumos específicos,
produção, processos e comércio. Entre os grandes entraves estão: a demora no
licenciamento ambiental, a competição da madeira ilegal que limita o crescimento
do ator legal, falta de mão de obra qualificada, tratamento adequado dos
resíduos dos processos de transformação e falta de consciência geral do
consumidor.
O seminário se estende até o próximo dia 27 de
novembro, quarta-feira, e é promovido pelo IDAM e WWF-Brasil em parceria com a
Cooperação Técnica Alemã –GIZ e Secretaria de Florestas e Extrativismo do Estado
(Seafe/SDS). O evento acontece no hotel Da Vinci, localizado na Rua Belo
Horizonte, 240 A – Adrianópolis.
Problema estrutural – Atualmente
um dos maiores problemas da Amazônia é a extração predatória de madeira. Por
meio desta prática, a madeira é extraída da natureza de forma irregular, sem as
devidas licenças ambientais, sem fiscalização e com pouco controle de órgãos
públicos, autoridades e da sociedade em geral.
Não existem dados oficiais que comprovem à
quantidade de madeira de origem ilegal que é explorada hoje na Amazônia –
estima-se que seja entre 64% e 80% da produção total que é retirada da floresta
todos os anos.
O que é madeira sustentável?
De modo geral, ‘madeira sustentável’ é um
material proveniente de árvores monitoradas, ou seja, cuja procedência pode ser
verificada. Em muitos casos, este monitoramento é a “chave” para garantir uma
série de benefícios ambientais e sociais aos envolvidos em sua cadeia produtiva
como produtores, moveleiros e compradores.
Entre os benefícios geralmente relacionados à
madeira monitorada, estão: a obediência à legislação vigente; respeito ao
direito de populações indígenas e tradicionais de possuir e usar sua terra; uso
múltiplo dos recursos da floresta com a exploração da madeira ocorrendo em
paralelo à exploração de produtos não madeireiros (óleos, sementes e raízes).
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