AGRONEGÓCIOS
MALVA
Novos preços e Velhos problemas
O Plano Safra 2013/2014 traz novos preços mínimos para
as fibras de malva e juta. A fibra embonecada está valendo R$ 1,96 kg para
operações de AGF (Aquisição do Governo Federal). A prensada tá valendo R$ 2,17 kg.
Esses valores sinalizam ao mercado a possibilidade de intervenção do governo
federal, por meio da Conab, caso os juticultores passem a receber preço
inferior ao mínimo fixado por meio da PGPM (Política de Garantia de Preços
Mínimos). Contudo, caso exista a necessidade de realizar a compra, via AGF, é
indispensável a existência de armazéns privados credenciados junto ao
Ministério da Agricultura para receber a produção, uma vez que os armazéns
públicos do Amazonas já estão comprometidos com a estocagem de cestas básicas
para as populações indígenas, quilombolas e ao atendimento de comunidades
atingidas por adversidades climáticas, bem como para a estocagem de milho em
grãos do Programa de “Vendas em Balcão” da Conab. Quem acompanha o assunto sabe
que, na safra passada, não foi possível a compra da malva pela Conab em razão
do Amazonas não possuir armazéns privados aptos para a estocagem.
O estado deve investir em armazéns
Nova safra está chegando e a situação é quase a
mesma. Os armazéns públicos estão comprometidos; os privados ainda não estão
aptos junto ao MAPA (mesmo sem a exigência da certificação) e o governo
estadual, apesar dos alertas, não tem investido na construção de armazéns no
interior, prioritariamente em Manacapuru e Itacoatiara para atender a cadeia
produtiva de malva e juta, além de servir de polos para a venda de milho do
estoque público para pequenos e médios criadores rurais. O estado precisa
demonstrar que, de fato, tem interesse no aumento da produção de fibras para
atender, no mínimo, a demanda nacional. No meu ponto de vista, o estado só tem
demonstrado interesse na defesa do Polo Industrial de Manaus. A construção de
dois armazéns no interior ou na capital é uma ação prioritária e urgente. No
passado, o Governo Federal já fez sua parte investindo na construção de uma
rede de armazéns da Cibrazem, entretanto, por absoluta falta de política local de
incentivo ao setor primário do Amazonas toda essa rede ficou ociosa e foi
desmontada. Agora é a vez de o estado fazer sua parte e sinalizar
definitivamente que tem interesse em melhorar a vida do homem rural amazonense
com ações concretas. Visitei recentemente Manacapuru colhendo informações de
que a safra deve ser pequena e que o preço ofertado aos juticultores é o novo
mínimo fixado pelo governo federal. Não tenho informações sobre a atual
situação das indústrias compradoras dessas fibras, mas não deve ser boa em
razão da concorrência de outros países.
Sacaria biodegradável
Em 2013, durante evento realizado no Centro Cultural
dos Povos da Amazônia foi anunciada a compra de sacaria biodegradável para
utilização no estoque público de milho do Programa de Vendas em Balcão em
substituição à sacaria de polipropileno que comprovadamente causa dano ao meio
ambiente. Entendo que foi uma medida extremamente acertada da diretoria da
Conab, e que atende às atuais exigências de “compras sustentáveis” recomendadas
pelo próprio governo, mas que infelizmente ainda não foi colocada em prática
pelo Ministério da Agricultura. A parte técnica dessa conquista sustentável é
impecável, fundamentada na legalidade e amplamente divulgada na imprensa
nacional. Só não consigo entender a falta de cobrança de ambientalistas e dos
governos da Região Norte, prioritariamente do Amazonas, para que essa medida
seja colocada em prática o mais breve possível.
Satélite e Novos Mercados
Não poderia deixar de registrar a necessidade de que
sejam feitos estudos para verificar a possibilidade de ser efetuado o
levantamento de safra das fibras no Amazonas utilizando tecnologias já
existentes (Geosafras) e os inúmeros satélites que estão rastreando esta região.
Também não poderia deixar de recomendar a realização de estudo para saber se os
atuais instrumentos de apoio à comercialização da agricultura familiar não
estão fazendo com que os juticultores passem a trabalhar com outras culturas certamente
de melhor remuneração e com menos sacrifício. Estou falando do PAA, PNAE,
COMPRAS INSTITUICIONAIS e PREME. Este último operado pelo Estado/ADS e que vem
movimentando milhões para a compra de alimentos exclusivamente para a merenda
escolar do estado e do município. O PREME paga pela produção de determinados
produtos regionais valores superiores aos pagos para cultivar a fibra. É
natural que o agricultor procure o melhor preço com menor esforço. É avaliar,
posso estar errado! Até a próxima!
07.01.2014
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Thomaz Antonio Perez da Silva Meirelles,
servidor público federal, administrador, especialização na gestão da informação
ao agronegócio. E-mail: thomaz.meirelles@hotmail.com
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