quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

"MALVA: Novos preços e Velhos problemas" - Artigo JC/THOMAZ

AGRONEGÓCIOS


MALVA
Novos preços e Velhos problemas

O Plano Safra 2013/2014 traz novos preços mínimos para as fibras de malva e juta. A fibra embonecada está valendo R$ 1,96 kg para operações de AGF (Aquisição do Governo Federal). A prensada tá valendo R$ 2,17 kg. Esses valores sinalizam ao mercado a possibilidade de intervenção do governo federal, por meio da Conab, caso os juticultores passem a receber preço inferior ao mínimo fixado por meio da PGPM (Política de Garantia de Preços Mínimos). Contudo, caso exista a necessidade de realizar a compra, via AGF, é indispensável a existência de armazéns privados credenciados junto ao Ministério da Agricultura para receber a produção, uma vez que os armazéns públicos do Amazonas já estão comprometidos com a estocagem de cestas básicas para as populações indígenas, quilombolas e ao atendimento de comunidades atingidas por adversidades climáticas, bem como para a estocagem de milho em grãos do Programa de “Vendas em Balcão” da Conab. Quem acompanha o assunto sabe que, na safra passada, não foi possível a compra da malva pela Conab em razão do Amazonas não possuir armazéns privados aptos para a estocagem.

O estado deve investir em armazéns

Nova safra está chegando e a situação é quase a mesma. Os armazéns públicos estão comprometidos; os privados ainda não estão aptos junto ao MAPA (mesmo sem a exigência da certificação) e o governo estadual, apesar dos alertas, não tem investido na construção de armazéns no interior, prioritariamente em Manacapuru e Itacoatiara para atender a cadeia produtiva de malva e juta, além de servir de polos para a venda de milho do estoque público para pequenos e médios criadores rurais. O estado precisa demonstrar que, de fato, tem interesse no aumento da produção de fibras para atender, no mínimo, a demanda nacional. No meu ponto de vista, o estado só tem demonstrado interesse na defesa do Polo Industrial de Manaus. A construção de dois armazéns no interior ou na capital é uma ação prioritária e urgente. No passado, o Governo Federal já fez sua parte investindo na construção de uma rede de armazéns da Cibrazem, entretanto, por absoluta falta de política local de incentivo ao setor primário do Amazonas toda essa rede ficou ociosa e foi desmontada. Agora é a vez de o estado fazer sua parte e sinalizar definitivamente que tem interesse em melhorar a vida do homem rural amazonense com ações concretas. Visitei recentemente Manacapuru colhendo informações de que a safra deve ser pequena e que o preço ofertado aos juticultores é o novo mínimo fixado pelo governo federal. Não tenho informações sobre a atual situação das indústrias compradoras dessas fibras, mas não deve ser boa em razão da concorrência de outros países.

Sacaria biodegradável

Em 2013, durante evento realizado no Centro Cultural dos Povos da Amazônia foi anunciada a compra de sacaria biodegradável para utilização no estoque público de milho do Programa de Vendas em Balcão em substituição à sacaria de polipropileno que comprovadamente causa dano ao meio ambiente. Entendo que foi uma medida extremamente acertada da diretoria da Conab, e que atende às atuais exigências de “compras sustentáveis” recomendadas pelo próprio governo, mas que infelizmente ainda não foi colocada em prática pelo Ministério da Agricultura. A parte técnica dessa conquista sustentável é impecável, fundamentada na legalidade e amplamente divulgada na imprensa nacional. Só não consigo entender a falta de cobrança de ambientalistas e dos governos da Região Norte, prioritariamente do Amazonas, para que essa medida seja colocada em prática o mais breve possível.

Satélite e Novos Mercados

Não poderia deixar de registrar a necessidade de que sejam feitos estudos para verificar a possibilidade de ser efetuado o levantamento de safra das fibras no Amazonas utilizando tecnologias já existentes (Geosafras) e os inúmeros satélites que estão rastreando esta região. Também não poderia deixar de recomendar a realização de estudo para saber se os atuais instrumentos de apoio à comercialização da agricultura familiar não estão fazendo com que os juticultores passem a trabalhar com outras culturas certamente de melhor remuneração e com menos sacrifício. Estou falando do PAA, PNAE, COMPRAS INSTITUICIONAIS e PREME. Este último operado pelo Estado/ADS e que vem movimentando milhões para a compra de alimentos exclusivamente para a merenda escolar do estado e do município. O PREME paga pela produção de determinados produtos regionais valores superiores aos pagos para cultivar a fibra. É natural que o agricultor procure o melhor preço com menor esforço. É avaliar, posso estar errado! Até a próxima!


07.01.2014 .
Thomaz Antonio Perez da Silva Meirelles, servidor público federal, administrador, especialização na gestão da informação ao agronegócio. E-mail: thomaz.meirelles@hotmail.com


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